terça-feira, 24 de abril de 2012

Aventura 28: Avalon, Ano 500



AS MASMORRAS DA LUA CHEIA:
O som do mar e o canto das gaivotas ecoam pelas paredes de pedra úmida. O  cheiro do mar misturado ao forte odor de dejetos humanos diminuiu um pouco com a chegada do outono. Nos primeiros dias os ferros pesados, prendendo os pulsos, os deixavam em carne viva. Depois se formou uma crosta da ferida dolorida amarela que os impedia de fazerem muito movimentos. Por fim um calo de pele grossa e cicatrizada, embaixo dos grilhões, trouxe algum alívio a dor. Imundos, Enrick, Algar e Bag, com as barbas longas e Arina e Marion, com pêlos crescidos nas pernas e embaixo do braço, fedendo como um bando de cães selvagens, estão imersos na escuridão das masmorras de Wight. Eles estão fracos e magros.  
Sir Bag: “Ah! Eu não aguento mais! Quanto tempo estamos aqui. Um mês, um ano! Droga de pão bichado. Não aguento mais tomar água desse chão nojento! Estamos esquecidos. Me matem seus filhos da puta! Me matem!”
Arina: “Estou muito fraca. Odim por favor nos liberte! Por favor!” 
Então o ecoar do som da porta de ferro da masmorra é ouvida ao longe. Eles escutam os passos de alguém se aproximando. Uma tocha os ilumina sentados no chão. Um anão ruivo, usando um corselete de couro com um porrete nas mãos entra. A chama da tocha ilumina esqueletos e restos mumificados de homens que foram acorrentados em uma parede mais ao fundo.
Carcereiro: “Está gritando de novo gordo? Cala a boca (ele bate), fique quieto (ele bate mais uma vez). Se o Príncipe me deixasse eu mesmo dava um jeito em vocês, celtas nojentos. Dizem que o Rei sem joelhos vai cortar os dedos que você puxa a corda do arco Sir Enrick. Ahahahah! Que vil destino! Adeus Flecha Ligeira e bem vindo Flecha Quebrada! Divirtam-se e boa sorte, vocês vão precisar! Na masmorra da Lua Cheia quem manda é Njord. Muitos desses esqueletos aí de tão cansados por não dormirem por causa da água gelada um dia cochilaram, logo estavam com os pulmões cheios do mar salgado. Mas o melhor é quando chega a lua cheia.”
Então o anão vai embora e eles escutam o som da porta de ferro fechar e mais uma vez a escuridão os envolve. 
Após algum tempo ela se abre novamente. Somente uma fresta.
Carcereiro: “Ah, esqueci de avisar! Hoje teremos uma bela Lua Cheia no céu! Vejo vocês no inferno desgraçados.”
O som do mar pode ser ouvido ali embaixo. A medida que o tempo passa ele vai ficando mais alto.
Sir Bag: “Isso é uma tortura maldita. Ontem pensei ter visto Madoc, acho que estou enlouquecendo.”
Sir Enrick: “Calma Bag! Todos me ajudem. Contem comigo os elos das correntes. Vamos!  1, sua vez Algar. Isso, agora você Bag...”
E assim Sir Enrick ajuda a manter a sanidade de seus amigos. Então aos poucos o mar vai cobrindo o chão. Não é possível ver que altura a água salgada está. Eles sentem que com o passar das semanas a maré foi ficando mais alta. O máximo que já chegou de altura foi a metade do tronco dos prisioneiros. O problema é que quando o mar chega eles precisam ficar de pé para não serem cobertos e se afogarem. Como estão cada vez mais fracos essa tarefa se torna cada vez mais difícil.
Então a água começa a subir. Eles sentem até a altura dos joelhos . Está gelada. Algumas algas enrolam em suas pernas. Eles tremem enquanto Sir Enrick os incentiva, perguntando os seus nomes. Depois de duas horas a água sobe mais um pouco, dessa vez, até a cintura. O frio e a hipotermia começa a afetar os seus músculos e eles começam a tremer.  Agora a água continua subindo até o queixo deles. Está muito frio e escuro. É preciso ficar na ponta dos pés para conseguir respirar. Instintivamente eles puxam os grilhões mas as correntes se esticam os puxando para trás. 
Eles estão com frio encharcados quando o mar recua e o frio faz eles baterem os dentes e os músculos se contraírem incontrolavelmente. A porta se abre e no escuro eles ouvem passos ecoando nas paredes. A tocha é acesa e um homem com cabelos pretos longos e traços forte, com  uns vinte verões, se aproxima tentando enxergar os heróis presos. É o Príncipe Cynric que eles tentaram sequestrar.
Príncipe Cynric: “Ah, estão vivos? Sobreviveram a primeira noite de Lua cheia. Vamos ver se aguentam mais seis dias. Pensaram que poderiam me sequestrar, não é? Sofrerão as consequências por isso. Meu pai marchará sobre Sarum e vocês desaparecerão da história. Mas ainda não é hora de morrer... Ainda não. Antes disso quero que sofram.”
Cynric cospe no chão e se retira. Então um rapaz entra carregando um barril. Tem os cabelos longos e uma barba rala. Veste uma túnica com uma corda como cinto e botas de pelo de urso. O rapaz fixa a tocha em uma das paredes acima de um cadáver apodrecido, inchado pela água do mar. Os prisioneiros ficam na penumbra. Ele, a distância, os atira uns pães pretos e duros. 
Lloyd: “Se querem um conselho. Molhem o pão na água do chão para amolecê-lo. É mais fácil assim... E comam os carunchos, é a única carne que comerão aqui embaixo.”
Algo no rosto do rapaz chama a atenção de Sir Enrick. Traços conhecidos. E aí ele fica chocado. A última vez que ele o tinha visto o garoto tinha quinze verões. É o irmão do Cavaleiro: Lloyd, sequestrado pelos saxões, o último irmão de Sir Enrick desaparecido. Agora ele tem 22 verões.   
Lloyd: “Enrick? Pela Deusa! Já se foram sete anos irmão!”
Ele vai até Sir Enrick e o abraça. Ele pega no seu rosto, com a barba cheia, enquanto chora. Então eles ouvem a voz do Carcereiro.
Carcereiro: “Que barulho maldito é esse? Lhe arrancarei os bagos se estiver falando com os prisioneiros seu escravo de merda.”
Ele chega ali e com o bastão de madeira bate em Lloyd várias vezes. O rapaz se encolhe e se protege com o ante braço enquanto é golpeado.
Carcereiro: “Vagabundo! Vagabundo! Sai cachorro! Filhote de Gamo! E leve essa porra desse Barril daqui!”
E o irmão de Enrick sai aos tropeços carregando o Barril cheio de pães. Logo eles estão imersos na escuridão novamente e a maré vem os visitar mais uma vez. Eles estão lutando para se manterem acordados em pé com água na cintura enquanto o tempo vai passando. Sir Enrick percebe Sir Bag dormindo enquanto a água sobe até o seu peito.
Sir Enrick: “Acorde Bag! Vamos seu idiota! Quer morrer aqui embaixo. Vamos filhinho da mamãe! Abra os olhos.”
Bag acorda assustado. Se afogando com a água que já entrava em seus pulmões. Então todos escutam algo se mexendo na água. 
Lloyd: “Calma! Sou eu! Lloyd! Quando a maré sobe ninguém se arrisca a descer para as masmorras da lua. Estou amarrado em uma corda e chegarei até vocês. Onde você está irmão?”
Sir Enrick: “Siga a minha voz irmão!”
Loyd chapinha pela masmorra já cheia de água. Se agarra em uma coluna e consegue chegar até Sir Enrick.
Lloyd: “Trouxe esses tocos de madeira para não afundarem... E esse martelo. Roubei da estrebaria. Isso vai custar os dedos do escravo irlandês. ” 
Sir Enrick sente que eles estão dentro de um saco de couro de foca e esconde o martelo embaixo de uma pilha de ossos debaixo da água. Loyd entrega à todos essas madeiras que os ajudam a flutuar. Então Lloyd se afasta com água pela cintura e some pela escuridão. Mais uma vez o mar começa a recuar. Todos estão exaustos, encharcados e com muito frio. Bag é o que mais sofre batendo o queixo. Perdeu quase cinquenta quilos lá embaixo.
Após uma hora ela é aberta novamente. O Carcereiro anão chega acompanhado de um guerreiro saxão. Eles vestem cotas de malha e se cobrem com peles de urso negro. O guarda está armado com um machado pequeno pendurado na cintura e o anão com um bastão de tília. Eles fixam duas tochas nas paredes.
Carcereiro: “Solte o Flecha Ligeira e vamos levá-lo rápido para o porto! O Príncipe não o quer morto. Ninguém passa do terceiro dia aqui embaixo na lua cheia. Deixem esses outros merdas morrerem aqui embaixo. Vamos rápido homem, temos invasores!” 
Sir Enrick se levanta. Enquanto o carcereiro abre os grilhões. Enquanto as correntes são removidas Sir Enrick olha seus amigos e a sua esposa. Suas mãos começam a tremer. E lágrimas caem de seus olhos. Ele olha o guarda nos olhos e enfurecido usa o ombro acertando o peito do guarda que se desequilibra e derruba o machado. Sir Enrick pega o bárbaro e o levanta no ar virando o seu corpo ao contrário e chocando a sua cabeça contra o piso de pedra. O pescoço do homem se quebra instantaneamente e ele emite um grunhido abafado. 
Sir Bag: “Pegue eles Guri! Cuidado atrás de você!”
O anão apavorado golpeia Sir Enrick nas costas mas ele rola pelo chão e pega o seu martelo que estava escondido. O carcereiro arregala os olhos de desespero. Sir Enrick o empurra contra a parede. O pequeno homem se choca e tonteia. Então Sir Enrick desce o martelo quebrando o peito do carcereiro que se ajoelha de dor. Enquanto parte do seu crânio afunda e ele cai em convulsões vomitando e morrendo logo em seguida. 
Sir Bag: “Muito bem Flechinha! Vamos cair fora dessa merda!”
Sir Enrick pega as chaves do carcereiro e liberta seus amigos.
Arina: “Obrigado Sir Enrick! Obrigado Odim! Sacrificarei uma cabra em nome dos dois!”
Eles seguem, levando as tochas, pelas escadas desgastadas até uma porta na parte superior. Sir Enrick retira um cinto para Marion lutar e estrangular, o escudo dá para Arina, o machado para Algar e o martelo para Sir Bag. Ele partiu de mãos vazias mas vestiu a cota de malha do saxão com o escudo de Cerdic no peito.
CORREDORES INFERIORES: 
Na porta da masmorra, que é um portão gradeado, existe um corredor sem portas. Dali  eles escutam um som baixo de gritos e aço contra o aço. No final desse corredor existe uma escada em Caracol iluminada por archotes. O som vai ficando mais alto. Eles também escutam passos na escada. Escondido ali eles encontraram Lloyd.
Lloyd: “Graças a deus vocês estão vivos! Irmão... Eu sabia que conseguiria. Vamos sair daqui! O castelo está uma confusão. Eu sei de uma saída. Sigam-me!” 
CORREDORES SUPERIORES:
Eles sobem e chegam no nível superior. A luta parece se aproximar. Existe uma sala à direita. Sir Enrick gruda os seus ouvidos na porta. Parece nem ter ninguém. Eles entram. Ali existem espadas, lanças, martelos de guerra, machados, corseletes de couro, escudos e elmos.
Saindo dessa sala após vestirem as armaduras de couro e se armarem eles seguem em frente. No fundo do corredor existe uma porta. 
Lloyd: “Venham! Só existe uma forma de saírmos daqui.”
Eles se aproximam dela. Ao abrir existe uma escada, agora os sons estão bem próximos. Eles escutam um som contínuo de pancada nas escadas. Um corpo de um saxão rola sem a cabeça até ali embaixo deixando um rastro de sangue na escada de pedra. Eles se assustam. Mas precisam seguir em frente. Então eles chegam no topo e reconhecem esse andar. Eles saem na porta de entrada do salão de banquetes que está aberta e cheia de corpos de saxões e cavaleiros Gewessi espalhados pelo chão. 
Lloyd: “Por aqui! Venham!”
Um grande salão de banquetes decorados com esculturas de pedra de cavalos marinhos e conchas do tamanho de escudos adornando as paredes se abre novamente à frente. Quando eles entram ali as portas opostas do salão se arrebentam, uma delas voa do caixilho. Rolando sobre ela um cavaleiro. Ele se levanta com a espada em punho e o escudo na outra.
Sir Amig: “Ah, aí estão vocês! O paizão sabia que ia achá-los.” 
Atrás dele entram Wistan, Hagen, Caulas, Carmelo, Tegfryn, Sir Dalan, Sir Léo, Caulas, e por último Oswalt puxando um homem por uma corda no pescoço com um saco de couro em cima de sua cabeça e com os pulsos amarrados. Eles notam que, com a exceção de Sir Amig e Padre Carmelo, eles estão todos com os cabelos longos, com barbas por fazer e muito magros. 
Sir Dalan: “Vocês estão mais sujos e feios do que antes!”
Sir Bag: “Bom ver você também Dalan!”
Hagen: “Viver um mês na floresta bebendo água da chuva e comendo lebres não nos fez muito bem. Que diabos é esse brasão?”
Sir Enrick: “É uma longa história. Mas tem a ver com crânios quebrados e um anão.”
Oswalt: “Irmão esse é o Lloyd? Muito bom te ver! Vivo! Não acredito!” (Então os dois se abraçam) Acho que isso é seu Enrick. Estava com o guarda costas do Príncipe, irmão. É o príncipe saxão que está embaixo desse capuz. Agora precisamos sair daqui com esse escroto e rápido.”
E Oswalt com um saco de couro de foca nas costas retira os martelos de guerra de Sir Enrick. 
Berethor: “Oswalt! Rápido a Sanctu Gladius! Lá vem eles!”
Então do lado de onde eles vieram surge uma torrente de escudos e espadas. São Cavaleiros Gewessi. Eles usam o brasão do Rei Cerdic e atacam com tudo. Um deles grita. 
Comandante inimigo: “Salvem o Príncipe! Salvem o Príncipe! Matem todos!” 
Sir Enrick encosta Lady Marion em um canto da parede enquanto protege a guerreira que está enfraquecida. Os Cavaleiros caem em cima do Cavaleiro usando espadas. Sir Enrick os ataca com um martelo e seu escudo. Quebra o rosto de um com a boça do escudo. Estoura a cabeça de um outro inimigo que cai com a força do impacto no chão. E o terceiro abre um corte no ombro do guerreiro. Sir Enrick enfurecido se inclina e acerta de baixo para cima voando dentes e destruindo o maxilar de seu adversário. Mais uma torrente de guerreiros inimigos, agora saxões entram no salão de banquetes. Eles vão ficando cercados novamente. A luta está intensa. Hagen acerta uma cabeçada no rosto de um deles. Um homem na sua costas acerta uma machadada, mas a sua cota de malha absorve o golpe. Mesmo assim ele cai sobe um dos joelhos. Arina com um machado ataca o homem com um golpe de cima para baixo rachando o seu crânio. Arina vira para o lado e rasga o ventre de mais um saxão que cai com metade do tronco aberto. Sir Bag leva um golpe nas costas e dá um gemido e vira enterrando sua espada na barriga do homem. Bag vai torcendo lentamente escutando o homem chiar com o pulmão furado enquanto se afoga em sangue e morre. 
Por um instante eles olham e vêem Sir Amig se apoiar em uma parede. Algo parece errado. Do peitoral, na junção das correias, o seu sangue é bombeado jorrando a cada batida do seu coração. O salão ainda está lotado de inimigos e nesse momento seis saxões atacam cada guerreiro do salão. Eles cospem e urram usando seus saxs curtos e machados pequenos enquanto Sir Amig desaparece no caos da luta. Eles caem em cima de Sir Enrick que golpeia de um lado quebrando ossos, do outro rachando um crânio e do outro quebrando as costelas de seu adversário. Marion usa a espada, rasgando a carne de seus adversários. Mas no final um golpe certeiro em sua barriga lhe rasga o ventre. O sangue corre e ela desmaia. Sir Enrick tomado pelo frenesi da batalha arranca o machado da mão de seu inimigo e dilacera o seu rosto a dentadas. O saxão cai desfigurado até o osso estremecendo de dor até que o martelo o cala. Sir Enrick grita com o rosto cheio de sangue.
Oswalt está num canto com o Príncipe em uma mão e golpeando com a Sanctu Gladius com a outra. Um saxão é transpassado com a espada sagrada do maxilar até sair pelo topo da cabeça. Na sequência o irmão de Enrick usa o próprio Príncipe, puxando a corda, para golpear outro homem que cai quebrando a mesa de banquetes. Dalan salta nele o estrangulando com o cabo da sua espada enquanto o homem sufoca até morrer. 
Wistan: “Fechem as portas!”
Tegfryn e Hagen trancam-nas por onde Sir Enrick, Lady Marion, o Barão Algar, Sir Bag e Arina entraram. Sir Amig está branco e ferido caído ao redor dos corpos dos inimigos. Alguns estão vivos e agonizam. Sir Amig retira o seu elmo de chifres. Ele se arrasta e se senta encostado na parede. Ao seu redor o sangue negro forma uma poça. Ele limpa o suor com o antebraço sujando a sua testa de vermelho. Logo eles começam a escutar a porta sendo atacada pelo lado de fora. Uma, duas três batidas...
Lloyd: “Se seguirmos pelo próximo corredor temos uma saída que vai dar na praia. Temos que ir agora.”
Então eles escutam passos pesados e o som de espadas sendo desembaiadas vindo agora do outro lado. 

Lloyd: “Eles virão do fundo do próximo corredor e a nossa saída é para o outro lado se formos agora teremos alguma chance.”
Sir Amig: “Eu vou ficar! Se for com vocês quando eu chegar lá fora já estarei morto. ” 
Sir Enrick: “Não! Vamos, eu te carrego!
Sir Amig: “Corram! Não há tempo! Levem esse Príncipe escroto daqui! Alguém precisa atrasar esses malditos. Hoje é um belo dia pra morrer e do jeito que sempre imaginei. Lutando até o fim!” 
Neste momento a porta se curva. Depois o batente racha e aí ela se abre. Dezenas de guerreiros e cavaleiros surgem.  Sir Amig fica apoiado no joelho, fazendo uma careta de dor e não pensa duas vezes, se joga contra eles usando sua espada e escudo. Ele grita empurrando os três bárbaros que tentam entrar no salão. Sir Enrick carrega Marion, sangrando no colo, após o Padre Carmelo tentar fazer com que a guerreira parece de sangrar.
Sir Amig: “Sumam seus desgraçados! É o último pedido de um velho! Vão!” 
Então eles correm pelo salão. Quando olham para trás, atravessando o grande salão cheio de corpos, eles vêem Sir Amig contendo o inimigo na porta. Ele transpassa a garganta de um, golpeia em arco de cima para baixo abrindo a cabeça de um deles. Então correm mais um pouco e olham novamente. O veterano começa a ficar cansado e um saxão acerta com o machado curto em suas costelas rasgando a túnica com o escudo do cabrito costurado por cima. Ele se ajoelha olha para cima e aí neutraliza seu inimigo cortando seu antebraço golpeando de baixo para cima. É incrível como Sir Amig se mantém de pé. O seu estado é terrível e o seu sangue cobre de vermelho as suas proteções da cintura para baixo. O guerreiro está totalmente pálido. 
Sir Amig: “Adeus filha, foi uma honra garotos!”
Então ele grita: “ AAAAAA!”
Neste momento o som de tropas vindo do outro lado vai ficando cada vez mais forte enquanto Lloyd vira a direita e eles vêem o Cavaleiro em ação pela última vez. Sir Amig em frenesi empurra estoca e eles vem os saxões e cavaleiros caindo formando um monte de corpos na porta. Mais inimigos chegam, eles vêem a perna do cavaleiro ceder. O suor escorrer do seu rosto. Então uma lâmina corta o rosto do veterano. Ele dá um passo para trás enquanto o inimigo avança e ele some no meio deles. Lâminas, martelos e machados golpeiam. Ainda eles vêem um, dois, três, seis, dez inimigos tombando. 
Lloyd: “Vamos! Vamos!” 
Correndo pelo corredor eles não vêem mais a sala. Então eles escutam: 
Sir Amig: “Anne eu estou indo! Eu estou prontooooo!” seguido do  silêncio bafado pelo som de guerreiros gritando. 
Então Lloyd parte na frente correndo enquanto eles o seguem descendo uma escada,  com uma boa dianteira. Eles viram à direita em uma porta e entram em uma sala escura cheias de barris e sacos de grãos. Parece ser um depósito. Eles atravessam correndo o lugar. Lloyd acha a porta com facilidade. Eles entram em um túnel para baixo. Sentem um córrego passar pelos seus pés.  Seguem em frente. Começam a escutar o som do mar. Continuam a andar até que chegam em uma caverna no alto de um monte de pedra. Lá embaixo o mar verde. O som do inimigo se aproxima.
Lloyd: “Temos que pular!”   
Todos vão tirando as suas proteções. Os peitorais e suas cotas de malha. 
Arina: “Droga eu não sei nadar! Por Odim! E agora?”
Um por um todos pulam. Oswalt leva o Príncipe Cynric, com o saco de couro na cabeça, pela corda no pescoço. 
Oswalt: “Vai ter que me ajudar Príncipe ou você morrerá comigo. No três...Um, dois, três! Cernunnos!”
E os dois saltam para a água. Arina olha assustada e salta de mãos dadas com Bag. Sir Enrick leva Marion apoiada em seu peito e nadando com uma só mão. Eles sentem o mar gelado lá embaixo. Todos estão ali menos Algar. Quando olham para cima do rochedo vêem o Barão ainda lá em cima. Ele grita para eles.
Algar: “Vou atrás de Gungnir e de Sir Amig, se ele estiver vivo o trarei para casa. A lança é um dos 12 tesouros. Procurem Adwen nas Brumas! Que Thor esteja comigo e com vocês! Adeus!” 
Então ele some pela saída escavada na pedra. Oswalt não desgruda do Príncipe Cynric o segurando pelas costas. As ondas vão empurrando até a areia da praia até que sentem o chão de areia e saem do mar. O sol esquenta o rosto de todos.
Hagen: “O Barco de Sir Amig deve estar atracado ao longo da praia. Depois da curva daquela enseada. Onde ele tinha nos dito que estava.”
Eles caminham pela areia, estão cansados e exaustos. Após andarem uns trinta minutos  os heróis avistam o barco de Algar, o Heiling. Quando se aproximam eles vêem 15 remadores. Por sorte a maré está alta e o barco flutua no raso. 
Capitão: “Que bom que voltaram Cavaleiros! Sou Johnny. Fui contratado por Sir Amig para trazê-lo. Vejo que pegaram o verme. Subam a bordo rápido. Mas... onde está Sir Amig?”
Sir Enrick: “Infelizmente ele caiu em batalha.”
Capitão: “Sinto muito senhor. O corpo sombra de Sir Amig deve ter sido recebido por uma multidão de guerreiros e amigos. O mundo dos mortos deve estar em festa hoje. O comando é todo seu.”
Então Sir Enrick vê ao longe cavalos descendo a falésia e se aproximando. 
Sir Enrick: “Vamos rápido! São cavaleiro de Cerdic.”
Então eles embarcam e o Heiling salta contra as ondas negras enquanto todos se agarram nos bancos. Ele se move deixando a arrebentação e atinge as ondas altas e suaves do alto mar. As velas se abrem e os remos são recolhidos. Todos podem ver a Britânia no horizonte. Sir Enrick fica pensativo contemplando da proa e bem longe vê um grande barco no lado direito da embarcação. A sua vela está cheia de vento e chegando em Wight. Desenhando nela o brasão do Lobo com o sangue respingado. O estandarte de Beorthric, o sem joelhos. 
Todos estão jogados por entre os bancos olhando para o nada chocados e tristes enquanto alguns golfinhos saltam ao lado do barco. Lady Marion vai abrindo os olhos lentamente. Padre Carmelo verifica os ferimentos da guerreira. Ele não parece tão grave. Ela tem dores mas parece que vai sobreviver. Então ela tem a notícia da morte de seu pai e fica em choque.
Sir Bag: “Ele era um verdadeiro herói! Devemos a vida ao grande cavaleiro! Sinto muito menina de ouro.”
Caulas: “O Barão é o meu Senhor mas por hora deixe-me servi-la Senhora. Será uma honra.”
Sir Dalan: “Ele deve estar feliz. Está com Lady Anne em algum lugar cheio de barris de hidromel, contando histórias para Madoc, Uther, Elad e Roderick.”
Lady Marion sorri com pesar em seu coração lembrando do bravo guerreiro Amig, seu querido pai.
Caulas: “Há dois dias, ao anoitecer, vimos um barco encalhar na praia. Era a nossa chance de roubarmos e conseguirmos sair daqui. Quando me aproximei com Dwyfor e Oswalt, Sir Amig conversava na praia com o capitão. Esperamos amanhecer e seguimos o plano de Sir Amig que era raptar o Príncipe. Ele disse que era a única maneira de Salisbury continuar a existir. Parece que deu certo apesar de tudo.”
Tegfryn: “Naquele dia que nosso ataque falhou. Quando a enxurrada nos jogou para fora. Nos reunimos e passamos a nos esconder na mata. Foi um jogo de gato e rato. Fazíamos buracos no chão e cobríamos com folhas e só saíamos à noite. Os homens de Cynric nunca desconfiaram. Esperávamos invadir o castelo, raptarmos Cynric e roubarmos um barco. Achávamos que vocês tinham batido as botas.” 
As ondas do mar encrespado com o vento forte dificultam a navegação. Todos ficam  muito preocupados. O tempo de travessia parece muito maior que eless esperavam. Já fazem umas cinco horas que estão tentando chegar na Britânia. As velas são recolidas e os remos postos na água. O vento vai aumentando com a chegada do final da tarde até que quando o sol está caindo no oeste, pintando de dourado o céu, o barco encalha na praia de cascalhos brancos. Eles não acham o rio Avon por onde os barcos vieram meses atrás. Ali a enorme falésia branca encontra o céu dourado.
Sir Enrick: “Droga, aqui é Sussex.”
Capitão Johnny: “Teremos que esperar uma mudança de vento Senhor. Pode levar horas ou a noite inteira.”
Eles ficam próximos ao barco se protegendo do vento. Estão todos em silêncio. Oswalt retira o capuz do Príncipe. Ele está com o rosto cheio de hematomas com um dos olhos fechados e roxo.
Príncipe Cynric: “Água por favor.”
Sir Enrick pula na água, pela cintura, e afunda a cabeça do saxão no mar.
Sir Enrick: “Desgraçado!  Olha o que vocês estão fazendo. Vivíamos em paz antes de vocês, malditos.”
Príncipe Cynric: “Vocês acham que meu pai não vai tentar me resgatar? Nenhum lugar na Britânia irá impedir o meu Rei de me salvar. Vocês começaram algo que não conseguirão acabar. O velho já está morto. Os próximos serão vocês.”
Sir Enrick desfere um soco no rosto de Cynric que desmaia e é jogado no barco novamente. Anoitece e eles tem frio e sono. Todos se revezam de sentinelas, mas a escuridão não permite que consigam ver muita coisa. Eles somente ouvem o mar e alguns uivos de lobos esporadicamente. Então começa a amanhecer. A maré recuou e o barco está encalhado no raso. O céu está cinzento. O vento continua a soprar forte para sudeste. Sir Enrick desce do barco e olha para a deserta praia de Sussex. Lágrimas enchem os seus olhos.
Sir Enrick: “Atenção todos! Não é hora de fraquejarmos. Precisamos lutar, reagir! Temos que fazer de tudo pra nos libertarmos. Chega disso! É hora do levante. Temos que lutar sujo como eles, pelas matas, pelas estradas pelas montanhas. Não podemos deixá-los respirar, não podemos deixá-los se moverem. Temos que confundi-los e mandá-los para a morte sem piedade! Força! Força! Força!”
Todos os cavaleiros começam a gritar juntos: “Força! Força! Força!”
Então eles ouvem um som de cavalos e quando olham por cima da murada vêem uns cem saxões se aproximando pela praia. Na vanguarda uns dez cavaleiros com escudos, machados e martelos em guarda. Eles montam animais lindos e imponentes. Cavalos perfeitos. Atrás lanceiros com seus escudos redondos. Lobos cinzas, uma dezena deles, os acompanham correndo na frente. Eles carregam o estandarte vermelho com um lobo desenhado. Muitos lanceiros carregam tochas. O líder, que vem à frente, está coberto com a pele de um lobo branco e com o rosto pintado com riscos de tinta negra. No pescoço um colar cheio de dentes de javali. Sir Enrick fica de pé na praia os encarando.
Ifa: “Burn them all!”
Eles se aproximam cercando o barco e atirando as tochas para o convés. Os lobos uivam enquanto os saxões esperam. Eles gritam e batem nos escudos com os machados e espadas curtas. Os cavaleiros circulam Sir Enrick os olhando nos olhos enquanto os guerreiros se aproximam para atacar o barco. Então o líder saxão grita.
 Ifa: “Atention Wulfs! Stop!”
Então o guerreiro, ao seu lado, toca um chifre de guerra. Todos os cem guerreiros param imediatamente. Oswalt, Padre Carmelo e Lloyd aproveitam para jogar as tochas para fora no mar raso ao redor do barco, enquanto Hagen e Wistan apagam focos de incêndio. O líder saxão fala com sotaque carregado.
Ifa: “Você, guerreiro celta! Sabe o que significa este martelo de Thunor ao redor de seu pescoço? Com que direito usa o símbolo sagrado de meu clã?” 
Sir Enrick: “Com o direito de ter lutado ao lado dele!”
Ifa: “Sou Ifa filho de Edwin do Clã dos Wulf! Há onze anos, quando eu era uma criança, meu pai, Edwin dos Wulf, lutou ombro a ombro com esse celta. Eles o chamavam de Flecha Ligeira. Eles derrotaram os Jutos. Depois vingaram a morte de meu pai matando Odirsen II. Guardem suas armas! É uma honra conhecê-lo, apesar de ser um celta.”
Ifa e outros dois guerreiros saxões desmontam de seus cavalos. O resto da força dos Wulf se senta em grupos para descansar da marcha.
Ifa: “Esse é Cnneba e outro Pusa. Estavam de olhos em vocês desde que encalharam em nossa costa. Tiveram muita sorte. Somos vassalos do Rei Ælle, Senhor de Sussex e vocês, prestaram juramento a quem nesses tempos de guerra?”
Sir Enrick: “Estamos juramentados à Condessa Ellen de Sarum. Me diga Ifa, como é Ælle?”
Ifa: “O Rei é um grande guerreiro, um homem direto, sem rodeios. Cheios de filhos e bastardos. Mas é um homem justo. Esse aí no barco é quem estou pensando? Ele vale muito ouro ou uma guerra! Vocês agiram certo. Fizeram muito bem de capturar o desgraçado. Os Reis saxões estão em pé de guerra! Dá para sentir o cheiro de sangue no ar se aproximando a cada dia.”
Carmelo: “Sir Enrick, temos que partir imediatamente. Temos que proteger Sarum e evitarmos uma guerra. Se Salisbury cair, os bárbaros passarão à espada todos os herdeiros do reino.”
Capitão Johnny: “Desculpe cavaleiros. Os ventos contrários continuam fortes. Impossível irmos pelo mar.” 
Sir Enrick: “Teremos que partir Ifa! Nossos filhos nos aguardam.”
Capitão Johnny: “Ficaremos para levar o seu barco quando os ventos mudarem Senhor! Boa sorte!”
Na despedida Ifa lhes cumprimenta na tradição dos saxões, pelo antebraço .
Ifa: “Boa sorte! Se nos encontrarmos em campo de batalha que Wotan dê a vitória ao mais bravo guerreiro. Cnneba irá junto com vocês. Será uma salva guarda até saírem de Sussex. Sem saber o caminho até Salisbury vocês nunca chegariam vivos sem um guia.”
Sir Enrick: “Diga ao seu Rei que quero falar com ele. Fale que tenho uma proposta de aliança em nome da Condessa Ellen de Logres.”
1 Dia:
Então o grupo segue viagem por terra. Depois de um tempo, à leste, eles vêem uma colina no horizonte contra o céu azul. É o forte Magouns, o qual Sir Enrick e o Barão Algar enfrentaram os jutos para salvar a Baronesa Adwen. Depois surge à direita, no horizonte, a floresta Perdue. Eles atravessam os campos, algumas colinas e logo avistam as paliçadas dos pequenos assentamentos saxões. Os sentinelas os olham com desconfiança mas quando avistam o estandarte dos Wulf carregado por Cnneba eles se acalmam. A noite vai chegando. 
Cnneba: “Minha missão está cumprida Celtas! Estão na fronteira. Margeiem a floresta meio dia e depois virem para o lado oposto. Isso os levará para Camelot e dali saberão chegar em Sarum. Cuidem de seus traseiros azuis daqui pra frente. Que Wotan esteja com vocês!”
Anoitece e eles cansados montam um acampamento. Carregado pelo vento, da noite clara e de céu estrelado, os sons da floresta Perdue chegam onde os heróis estão. Sons de tambores e cantos saxões. Depois tudo fica em silêncio. Eles vêem luzes de milhares de tochas iluminando o horizonte. Mais gritos. Aí um som crescente e uníssono ecoa por todo o campo e aí o estrondo como se fosse o de uma centena de raios caindo vem carregado pelo vento. Logo depois sons de aço contra aço. Gritos de dor e pavor. Isso dura quase três horas. Então o som diminui e desaparece. Depois de algum tempo gemidos de dor e choros enchem a noite por horas como um lamento vindo do inferno. Depois, silêncio total. Ninguém dorme após o acontecido, 
A manhã vem e revela a verdade. Quase um milhar de cadáveres jazem cobrindo o descampado e adentram a floresta no horizonte. Centenas de corvos se banqueteiem. Estandartes de galhos e crânios estão caídos de ambos os lados. Alguns lobos se banqueteiam com os mortos. Um bando de vasculhadores de corpos caminham por entre os cadáveres.  Um deles passa por Lady Marion e Sir Enrick com dois dedos decepados de alguém com anéis e um punhado de dentes de ouro arrancados de algum morto ou ferido. Banguela, sujo e cego de um dos olho, ele sorri com a boca faltando quase todos os dentes.
 Vasculhador: “Os saxões são muito burros. Os idiotas de Kent e os escrotos de Sussex lutaram até que dos dois lados morreram tantos homens que ninguém venceu. Pelo menos conseguirei comer alguma coisa nas próximas luas.”
Existem muito cadáveres espalhados em meio a lanças fincadas no chão, machados, martelos de guerra e estandartes caídos. Cheiro de sangue e merda. Eles andam em meio aos corvos que se banqueteiam com os intestinos de um bárbaro. Do outro lado um homem tem seu olho devorado. Eles acham o corpo de Pusa e alguns lobos mortos. Sir Amig encontra estandartes igual ao de seus cavaleiros negros, feitos com o crânio de cavalo chamuscados de fogo. Sir Enrick pega um deles.
2 Dia:
Então o grupo segue em frente para o norte. Eles chegam no rio Itchen que delimita a fronteira entre Logres e Sussex próximo a Floresta de Camelot. Ali eles vêem uma centena de pessoas caminhando juntas. Estão magras, esfarrapadas e sujas. Mulheres, crianças e homens caminham carregando sacos pendurados em pedaços de galhos finos de azevinho. Eles vem caminhando e passam pelos heróis sem ao menos olhá-los. Eles caminham em choque em direção a fronteira de logres. Sir Enrick vai até um deles.
Sir Enrick: “O que está acontecendo homem?”
O homem simples se assusta com a cota de malha de Sir Enrick com o brasão de Cerdic e o estandarte de crânio de cavalo.
Aldeão: “Meu deus! O Senhor é um saxão? Por favor, deixem-nos viver.” 
Sir Enrick: “Calma! Sou um celta. Somos Britânicos como vocês.”
Aldeão: “Graças ao Cristo! Estamos vindo da Anglia Oriental senhor, fugindo! Uma frota enorme, colossal, surgiu na costa de Caercolun e subiram o rio Yar. Desembarcaram em Yarmouth saqueando e matando. Depois os bárbaros partiram para Norwich onde fizeram o mesmo. O Duque de Caercolun atacou-os com o seu exército mas em menor número foi massacrado. Então os saxões foram para Buckenham e Thetford, invadiram essas cidades grandes e bandos deles partiram para os campos matando e roubando. Eles são Anglos meu senhor, da Germânia, e seguem o Rei Cwichelm que diz ter vindo tomar a Britânia para si. São sanguinários, violentos e mais primitivos que os que já estão na ilha.”  
Sir Enrick: “Se precisarem de abrigo nos sigam. Poderemos lhes dar o que comer e muros para lhes protegerem em troca de trabalho.”
Os aldeões se abraçam felizes e aí se ajoelham. 120 novas mãos para trabalharem nos feudos seguem os Cavaleiros. O dia passa lentamente até que o sol se esconde no oeste. A noite passa silenciosa à beira do Rio. O som da água correndo e de alguns animais saciando a sede trás um ar de tranquilidade aparente. Um acampamento é armado com todas aquelas pessoas se aquecendo ao redor de dezenas de fogueiras. 
3 Dia: 
Ao amanhecer, após comerem algumas trutas pescadas por Carmelo, eles seguem pela ponte de pedra e finalmente entram em Logres. Vila após vila, que passam, estão queimadas e há morte por todos os lados. Os corpos dos aldeões estão espalhados pelas plantações destruídas. Mais ao norte eles podem ver Camelot e notam que o coliseu ao lado da cidade desabou por completo. O dia vai passando enquanto cavalgam pelas colinas amareladas. Vem a noite e a lua cheia entra por entre as copas dos salgueiros e as brumas da umidade permeiam a escuridão. Faz muito frio durante a madrugada.
4 Dia:
Pela manhã uma fina garoa cai, trazendo a primeira geada que anuncia a chegada do inverno. O som de cavalos pisando as folhas molhadas desperta a todos. Surgindo por entre as árvores uma mulher, com umas trinta e cinco primaveras, está montada em uma égua vermelha. Ela tem cabelos ruivos e veste um manto azul. Na testa tatuada em azul a meia lua da antiga religião. Ao seu redor quatro arqueiros da ilha sagrada a escoltam. Nínive, a Senhora de Avalon, sorri quando os vêem. Alguns aldeões cristãos se assustam. Os pagãos se ajoelham. E Nineve beija fraternalmente cada um na testa. 
Nínive: “Bom dia Cavaleiros! Como vai Lady Marion? Que a deusa que cruza os nossos destinos possam nos guiar. Vejo que tem companhia real com vocês. É bom saber que estão bem acompanhados. Fui chamada pelos auspícios antigos. Uma mulher sofre na floresta de Camelot e vim ajudá-la. Marion preciso que me acompanhe. Preciso da sua energia feminina. Sir Enrick, preciso de suas armas. Os outros podem esperar com os arqueiros da Deusa.”
Então ela faz um gesto com as mãos e a floresta parece ficar em silêncio por alguns instantes. 
 Nínive: “Todos estarão seguros enquanto aguardarem aqui.”
Os Arqueiros se aproximam e dão seus cavalos à Enrick e Marion. Então Nínive trota à frente e eles seguem-na. Por entre as árvores amareladas, no campo com as leves colinas, hora a trilha sobe, outra desce. Eles parecem escutar um choro carregado pelo vento. Então margeiam um rio de pedras com águas cristalinas e nesse bonito lugar, com um salgueiro com as folhas caindo sobre a correnteza, acham uma cabana humilde de parede de pedra, telhado de palha e com a chaminé fumegante. 
Nínive: “É aqui! Venham!”
Um menino de dez verões, com cabelos pretos compridos, está sentado com uma pequena espada de madeira em seu colo. Ele usa roupas pobres e amarra sua calça com uma corda. 
Nínive: “Olá Balin! Como está a sua mãe?”
Balin: “Mal Senhora! Vocês viram o meu irmão por aí?”
Nínive (ela pega no queixo do menino): “Não, mas fique calma criança. Logo isso vai acabar, ouviu?” 
Eles entram na cabana de uma só peça. A lareira está acesa. Uma mesa pequena de dois lugares existe no centro. A casa cheira doença e morte. No canto da casa existe um colchão de palha e nele uma mulher coberta com um cobertor de peles de raposa. Seu rosto é magro e envelhecido. Seus cabelos brancos e os olhos fundos fechados. Ela é só pele e osso. Nínive passa a mão na testa da mulher que abre os olhos.
Nínive: “Calma filha! A deusa está aqui.”
Nínive: “Precisamos fazer um ritual Marion e você vai me ajudar. Vá até lá fora e me traga ramos de quelidônia, um pedaço da casca do salgueiro e flor do inverno.”
Marion vai até o bosque próximo e retorna com os pedidos da Senhora de Avalon.
Nínive: “Muito bem filha, agora faça uma infusão no caldeirão ali na lareira.” 
Quando a água ferve o cheiro de plantas invade a cabana e a mulher começa a chorar de dor novamente. Então Nínive se ajoelha e retira de uma algibeira de couro um crânio de gato, um bico de corvo, um crânio humano e o couro de uma serpente. Ela coloca um cálice de prata com a representação da deusa e do deus. A mulher veste uma túnica branca. Ela é só pele e osso. Nínive retira a meia lua de prata e corta a palma de sua mão.
Nínive: “Faça o mesmo filha!” (Ela entrega a meia lua para Marion)
Elas começam a derramar o seu sangue em cima dos objetos mágicos. O choro da mulher para. Nínive fica com o seu olho vidrado e fixo olhando para ela. 
Nínive: “Não podemos fazer nada para salvá-la. Por piedade mandaremos-a de volta para o ventre da Deusa de onde viemos e para onde vamos. Temos que fazer direito para que seja indolor. Repita comigo Marion: ESPÍRITO DOS 4 ELEMENTOS, A GRANDE MÃE OS CONCLAMA. A ALMA DOS ANTIGOS ANTEPASSADOS, QUE ESSA ALMA DOENTE RECLAMA. VENHAM BUSCAR SUA FILHA QUE NESSE TEMPO SE VAI. GUIE PARA AS SOMBRAS DOS MORTOS O NÓ DA VIDA QUE SE DESFAZ!  
As sombras produzidas pelas chamas se refletem nas paredes. Marion tem a impressão que vê movimentos e algo se mexendo no escuro ao redor. A Senhora de Avalon pega o caldeirão com as ervas em infusão e mergulha a taça de prata. 
Nínive: “Segure a cabeça dela para cima filha.”
Então a mulher bebe aos poucos o conteúdo da taça ritualística até esvaziá-la. Nesse momento a mulher enche seu pulmão de ar enquanto Nínive pinta uma meia lua com o sangue em sua testa.
Mulher: “Eu tenho que ir com eles moça? Estou com medo.”
Lady Marion: “Vá em paz! Não tenha medo. A dor vai embora com o espírito.”
Então a mulher enferma expira todo o ar que estava em seus pulmões e o seu corpo relaxa por completo. 
Nínive: “Ela partiu. Abram as janelas para que encontre a luz.”
Neste momento Balin abre a porta. Ele estava brincando com Sir Enrick no jardim.
Balin: “O que fizeram com a minha mãe? O que fizeram? Não, não! Por favor!”
E o menino se desmancha em lágrimas em cima do corpo sem vida da mulher. 
Nínive: “Um dia nos encontraremos Balin. Um dia você poderá me cobrar ... Vamos!”
Então eles deixam a casa. Lá fora o vento gelado do outono balançando o salgueiro parece trazer a paz. Sir Enrick ainda tenta conversar com Balin que não lhe dá ouvidos e só chora.
Nínive: “Marion enterre a taça, o crânio de gato, o bico do corvo e o crânio humano.”
Então eles retornam ao acampamento. Na metade da tarde eles entram em Salisbury seguido pelos aldeões da estrada. As vilas queimadas e as árvores sagradas estão cheias de corpos de crianças e mulheres penduradas, com as línguas de fora... Uma visão aterradora. 
Por vezes eles passam por crianças abandonadas, escondidas na mata e assustadas, e Nínive os abençoa e conversa com eles. Ao cair da noite eles passam por Du Plain que também está totalmente queimada, atravessam um vau no rio Test e a noite, fria e limpa, no grande campo que leva a Sarum, congela os ossos. Há alguns quilômetros eles podem ver um exército com centenas de fogueiras e tochas acampados ao redor das muralhas Sarum. 
Sir Enrick: “Devem ser umas oitocentas lanças. As cabanas de couro de vaca e os estandartes de ossos e troncos, e a bandeira com o dragão branco e outro vermelho só levam a uma conclusão: É o exército de Cerdic que estabeleceu um cerco ao redor de Sarum.”
Nínive: “O inimigo está as sombras das muralhas de Sarum. Só existe um lugar seguro para mantermos o Cynric cativo. O local mais temido pelos saxões na Britânia: A ilha de Avalon... Eu vi seus filhos nas águas do poço sagrado e eles devem ser levados juntos para lá. Robert seguirá o mesmo destino. Lá deverão ser treinados na antiga religião. Cerdic cairá como uma ave de rapina em cima deles para vingar o sequestro de seu filho. Sarum está em perigo e irá precisar da vida do nosso inimigo, mas do que nunca. Com esse cerco ao redor da cidade. Todos os nobres se refugiaram dentro do seus muros. Inclusive os seus filhos. O seu futuro depende da vida desse bárbaro. Precisamos entrar na cidade e tirar as crianças de lá e acabar com esse cerco. Graças aos deuses temos o que o nosso inimigo tem de mais precioso.” 
Sir Enrick: “Eu irei até lá! Não sei o que pode acontecer. Posso não retornar. Marion e Cavaleiros da Cruz do Martelo, se demorar partam sem mim para Avalon com o prisioneiro. Os aldeões me escutem: Sigam para oeste. Evitem as estradas e procurem o meu estandarte nas paliçadas. Serão recebidos em minhas terras com comida quente e terão um teto sobre as suas cabeças.”
Sir Enrick enfaixa o seu rosto com um trapo negro, sobe em um dos cavalos dos arqueiros de Avalon e parte, vestindo uma cota de malha com o brasão de Cerdic e seu estandarte de crânio de cavalo em chamas.
CERCO: 
O herói segue em direção à Sarum ao anoitecer. Quando se aproxima do acampamento saxão do Rei Cerdic tudo parece calmo. Alguns homens caminham por entre as tendas de couro de vaca marrom. Os pequenos caldeirões estão pendentes em tripés de madeira acima das fogueiras. Alguns bárbaros estão sentados ao redor do acampamento em troncos comendo seu cozido. Em outras lebres assadas e javalis. Chifres cheios de Hidromel quente são consumidos para os homens se aquecerem e os guerreiros estão cobertos com peles de urso pardo. Existem também guerreiros Gewessi, usando seus brasões costuradas nas túnicas metade vermelha e branca por cima das cotas de malha. Na borda do acampamento existem lanceiros de sentinela. O brasão com os dragões vermelhos e brancos pintados em um fundo negro tremula acima das tendas.
Um bando de lanceiros sentinelas vêem a aproximação do cavaleiro. Apesar de ficarem assustados com a aparição eles permanecem firmes. Um deles soa o chifre de batalha. 
Lanceiro: “Parado cavaleiro ou ordenarei que meus homens o abatam como uma codorna.”
Sir Enrick: “Eu venho da ilha de Wight. O castelo de Cynric caiu e ele foi sequestrado. Me levem ao Rei imediatamente.”
Lanceiro: “Então mostre o seu rosto.”
Sir Enrick: “Não posso, homem! Meu rosto foi dilacerado por algum feitiço maldito. Tenho muita dor.”
Lanceiro: “Está certo. Deixe o seu cavalo aí e siga-me.”
Sir Enrick atravessa o acampamento bárbaro por caminhos estreitos por entre as tendas de couro de gado, seguindo o lanceiro. Então eles chegam em uma área onde existe uma tenda bem grande, cercada por Cavaleiros Gewessi. O bárbaro vai até o comandante e ele concorda positivamente. Dentro da grande tenda de couro de vaca, no centro, um boi inteiro está sendo assado. O chão é forrado por peles de ursos negros. Em uma mesa longa próxima está Cerdic, vestindo sua armadura de guerra, com o seu elmo na mesa, comendo com os seus principais comandantes. Sir Enrick vê o Arcebispo Dubricus sentado ao lado do Rei saxão. Cerdic espeta um pedaço de carne em uma adaga e a morde enquanto a gordura escorre pela sua barba.  
Willbeorth: “Deixe suas arma com o escravo e se aproxime!”
Sir Enrick se ajoelha aos pés de Cerdic e num ato de ódio, por tudo que passou, ele retira os panos negros que cobriam o seu rosto. O salão inteiro fica em silêncio enquanto vários saxões se levantam lentamente sacando as suas armas. 
Cerdic: “Aí está você. Primeiro eu lhe ofereci a minha hospitalidade. Depois uma proposta para que lutasse ao meu lado... Recusaram. Depois vocês atacam minhas terras e agora você vem até mim conversar seu bastardo? E acha que sairá vivo daqui ?(ele cospe no chão). Não estavam presos em Wight?”
Sir Enrick: “Estava preso. Mas o Castelo caiu. Aqueles malditos feiticeiros de Avalon invadiram a ilha com Merlim os liderando. Sequestraram Cynric como fez com o filho do falecido Rei Uther (mente Enrick). Nunca perdoarei isso. É hora de fazermos alianças. Estou aqui pelos meus filhos e tenho uma proposta para Vossa Majestade. Como sabe sou meio saxão e posso lhe servir aos seus propósitos.”
Então a tenda inteira fica em silêncio. Eles olham para Sir Enrick perplexos. O Arcebispo Dubricus se engasga com o hidromel.
Cerdic: “Então sente-se e desfrute de minha comida. Se tentar alguma coisa em meus salões será empalado com uma estaca e colocado em cima do fogo como esse boi.”
Enquanto isso esperando no descampado, observando na escuridão, Marion toma uma decisão.
Lady Marion: “Senhora de Avalon, está em boa mãos. Meus cavaleiros irão lhe escoltar. Partam agora! Eu ficarei. Por Enrick e meus filhos. Levem o Príncipe Saxão para longe daqui.”
Já faz horas que Sir Enrick partiu para o acampamento de Cerdic. A guerreira, movida pelo medo de perder os seus filhos, parte em uma missão mortal. Atravessar o acampamento inimigo e chegar às muralhas de Sarum. 
Enquanto isso Sir Enrick come um pedaço de carne e toma um caneco de hidromel na tenda do Rei inimigo. Então um comandante fala algo no ouvido de Cerdic.
Cerdic: “Levante-se Flecha Ligeira. Tenho uma proposta pra você. Entre em Sarum e abra os portões para o meu exército. Pouparei seus filhos.”
Sir Enrick: “Quantos homens me acompanharão?”
Cerdic: “Nenhum. Não desceriam a ponte levadiça se estivesse acompanhado. Se me trair lhe prometo a morte. Se não retornar é um problema a menos e morrerá de fome dentro das muralhas. Então, de qualquer maneira, lucrarei. Homens escoltem o Celta até a borda de nosso acampamento.”
Saxão: “Pode ir! Vá em direção à cidade. Aqui estão as suas armas.”
Então Sir Enrick retira a cota de malha com o brasão de Cerdic e caminha para Sarum.  Do outro lado Lady Marion se cobre de lama e faz uma oração à Deusa. Ele caminha na escuridão. Sem os sentinelas perceberem ela rola para debaixo de uma das carroças. Quando ela anda, Marion acompanha do outro lado e gira para trás de uma árvore. A guerreira usa as sombras e atravessa todo o acampamento sem ser notada.
SARUM
Tarde da noite Sir Enrick vê os archotes ardendo no passadiço. Os brasões tremulam nas torres quadradas de cada seção da construção. Ele escuta um dos arqueiros atrás das ameias falar.
Comandante da Muralha: “Pelos Deuses! Olhem quem está ali! Atenção Alan, descer a ponte levadiça. Um dos Cavaleiros da Cruz do Martelo retornou para casa.”
Então a ponte levadiça desce e Sir ENrick passa por ela. Rapidamente ela é fechada. O cheiro de decomposição é nauseante. Os olhos do guerreiro não podem acreditar quando entra em Sarum. Barricadas de sacos de terra foram colocadas para defender o portão ao lado da Catedral de Santa Maria. Uma milícia formada por aldeões e mendigos, magros e famintos só protegidos pelo escudo e por um elmo, empunhando lanças se levantam quando o vê. Eles estão todos com a runa celta da vitória pintada em seus escudos. Os arqueiros no passadiço também se levantam eles usam a máscara de Cernunnos. O nome Resistência Celta está pintado nas paredes das casas da cidade. Sir Enrick pensa: “São tão poucos.”
Aldeão: “Eles voltou! Pelos Deuses!”
Sir Enrick vê seus rostos famintos e humildes. A falta de dentes e as barbas por fazer. Mas todos sorriem com olhar de esperança e admiração como se a salvação tivesse chegado. 
Sir Enrick: “Se acalmem! São dias difíceis esses. Dias escuros e sombrios. Sir Amig e o Barão Algar estão lutando por nós (mente Sir Enrick para não deixar os homens da cidade em pânico). Não percam a esperança porque todos estamos preparando a nossa libertação. E ela chegará em breve.” 
Todos eles gritam e se abraçam com as lanças e foices para cima: “Britânia! Britânia!!”
Sir Enrick sabe  que vai ser quase impossível salvar a cidade. Ele segue as ruas enquanto os aldeões famintos e mal armados o saldam. Então sobe a rua de terra, na época dos romanos era toda calçada, até o castelo. As famílias dos nobres gritam o seu nome do alto muro. Filhos, irmãos, pais e parentes. Brian parece procurar o seu pai. Robert e Condessa Ellen acenam aliviados. Gondrik Stanpid, Pai de Sir Enrick, e todos os seus irmãos sorriem junto com Bernard e a menina Ellen. Sir Enrick entra no pátio e todos descem para o abraçar. É um momento muito emocionante. Hefesto, seu cavalo de batalha, está ali. 
Condessa Ellen: “Seja bem vindos herói! Vivo! É incrível! Uma pequena luz se acende no futuro da Britânia.”
Nínive agradece com um aceno de cabeça.
Condessa Ellen: “E Sir Amig e o Barão Algar? Onde estão?”
Sir Enrick: “Sir Amig, infelizmente, tombou Senhora. Algar ficou para trás. São dias difíceis.”
Condessa Ellen:  “Um dos maiores Heróis que esse país já teve nos deixou em um ato de sacrifício. Um ato que nos fez sobreviver mais um dia. Um ato que permitiu que nossos heróis e filhos regressassem para casa. Sir Amig nos deu exemplo de como devem ser os verdadeiros heróis. Valente, bondoso e autêntico. Um verdadeiro celta. Sentiremos falta dele.”
Nesse momento ouve-se uma confusão lá embaixo na cidade. Após algum tempo Lady Marion surge no portão gradeado. Sir Enrick abraça ela aliviado. Ellen e Bernard fecham o círculo da família. Hefesto foi o único cavalo poupado depois que os estoques de comida acabaram.
Sir Enrick: “Condessa! Permita-me lhe dar um conselho. Não temos força pra lutar. Abra os portões para Cerdic ou permita-me falar com o Rei Ælle, farei uma aliança com ele. Sarum já caiu e nós com ela.”
Condessa Ellen: “Cerdic nos passaria a espada. Ele não é um homem de palavra. Os bárbaros só se tornam Rei matando e pilhando. Mas, fale com Ælle. Ele era inimigo de Uther, mas talvez ele seja o saxão mais forte da ilha e era inimigo de Vortigan também. Por consequência é inimigo de Cerdic.” 
Lady Marion: “Preciso retirar meus filhos e o Conde Robert da cidade. Nínive ordenou que os levássemos para a ilha de Avalon. Todo o futuro da Britânia está aqui, dentro dessas muralhas.”
Sir Enrick: “Levarei Hefesto Robert e Brian comigo. Marion irá com Ellen e Bernard. Vamos atravessar o acampamento sem chamarmos a atenção.”
Eles partem encobertos pela madrugada e a fina bruma pelo portão das sombras ao norte da cidade. Ao Sul jogaram um cadáver de um homem com a roupa de Sir Enrick para confundir o inimigo. Eles atravessam a cidade sobe os aplausos do povo que os tocam desejando boa sorte. Na muralha um corredor de pedra, oculto, construído para a fuga dos nobres é aberta pela guarda da Condessa: O Portão das Sombras. Os irmãos de Sir Enrick e Gondrik Stanpid beijam Bernard e Ellen. A Condessa se despede de Robert dizendo: “Seja forte! Um dia o Reino dependerá de sua força.” 
Eles saem pelo campo, Sir Enrick por um lado e Lady Marion para o outro. Hefesto pisa tão suave no gramado que nenhum sentinela inimigo o escuta. Sir Enrick é quase visto, mas ele e as crianças se misturaram com hefesto aos cavalos, no cercado da pequena cavalaria inimiga, e os sentinelas saxões passaram reto por eles. Lady Marion, do outro lado, se esgueira com Ellen e Bernard também camuflados de lama. Marion joga uma pedra num arbusto e atrai o inimigo para o outro lado. Corre e usa a escuridão contra luz da fogueira. Quase uma hora depois os dois grupos se encontram ao Sul de Sarum na estrada do rei. Se abraçam e decidem caminhar em marcha forçada para oeste. 
Dia 1: Vagon
Os primeiros flocos de neve começam a cair do céu cinzento. Faz frio. O grupo viaja pela estrada de paralelepípedos escorregadias por causa do gelo que começa a se formar. Passam por um feudo. Suas muralhas romanas estão fechadas e não parece ter nenhum sentinela nas torres. Eles seguem em frente, hora à estrada vira a direita outra à esquerda. Mais um feudo. Os portões foram abertos. Na verdade derrubados. O Lorde está enforcado no carvalho na entrada do lugar, bem como sua mulher e três filhos. A distância eles vêem escombros e fumaça em uma colina onde deveria existir um Motte and Bailey. As montanhas surgem com os seus picos verdejantes. Eles passam pelas ruínas de Grovely que ficam à direita da estrada. Logo passam por uma série de colinas. Do outro lado do rio Wylie ao norte os heróis vêem a sua casa: Dinton. As bandeiras com o brasão dos Stanpid tremulam no alto da muralha de pedra antiga. Eles chegam no feudo. Se banham. Pegam as suas armas e armaduras. Sir Enrick faz questão de deixar sua longa barba para recordar o que passou. Os aldeões resgatados na estrada ainda não chegaram. Loyd é apresentado ao seu novo lar. No meio do dia Sir Enrick, Lady Marion, o pequeno Conde Robert, Brian, Bernard e Ellen partem para Oeste, onde os braços da Deusa estarão sobre eles. 
O grupo viaja o dia inteiro ao cair da noite eles chegam no forte Vagon. O lugar que foi um dia a barreira de proteção de Salisbury está abandonado com os portões abertos. As estrebarias, os alojamentos, o pátio estão tomados pela terra. O forte é circular e feito de madeira. Então Tegfryn surge pelo portão.
Tegfryn: “Seja bem vindos Senhor. Já ia fechar os portões, está ficando tarde.”
Hagen: “Estávamos os esperando. Sozinhos seria impossível chegarem em Glastonbury.”
Caulas e Oswalt acendem o fogo no centro de Vagon e depois vão retirando os entulhos trazidos pela chuva. E depois preparam um assado de codorna. O céu abre e as estrelas cobrem a escuridão da noite.
Arina: “Eu vou fazer a vigia no passadiço.”
 Então todos sentam ao redor da fogueira para se aquecerem.
Nineve: “Sabem que dia é hoje? Samhain. Hoje a roda do ano completa o seu ciclo. Hoje é a noite ancestral. Onde os antigos cruzam a ponte de espadas e celebram conosco mais um ano. Amanhã se inicia o ano 500, apesar de achar estranho marcar os anos e datas com números como os romanos. Sir Enrick, soube que você está de posse da Ferrão de Prata? Vocês souberam o que aconteceu com o filho de Madoc? O pobre garoto foi sequestrado da Floresta de Sauvage enquanto vocês estavam presos nas masmorras de Wight. Viviane, A Sacerdotisa de Avalon. Aquela com o título de Dama do Lago, mergulhou nas brumas sedenta por poder. Desde pequena ela era ambiciosa quando Merlim lhe ensinou os auspícios da Magia Druida. Pois bem, ela passou a viver no mundo das fadas, do outro lado do véu. Ficou dependente da energia que reina do outro lado. Sabendo que o menino tem o poder de manter o mundo das fadas e dos mortais perto um do outro, Viviane entrou nos domínios do Rei Oberon das Fadas e enganou-os, dizendo ser enviada de Merlim e que os presságios diziam que ela deveria conhecer o menino. Num momento de distração ela aprisionou a corte do Rei com uma magia de sacrifício, matando uma das fadas da primavera e levou o garoto embora. Não se sabe o paradeiro de Viviane nem do Menino. Só se sabe que Lady Silmara e o Vô do garoto, Oberon, revelaram aos homens o nome do menino perdido com a esperança de que alguém o encontre. Seu nome é Galahad.”  
A noite avança com o som da floresta próxima. Todos dormem nas tendas armadas no pátio. Os homens se alternam em sentinelas pelo passadiço. A noite é iluminada pela lua cheia. No meio da madrugada eles acordam com os gritos de Dalan seguido pelo chifre de batalha soando.
Dalan: “Estamos sendo atacados! Homens ao muro! Rápido! Rápido!”
Nínive pega as crianças pelas mãos e corre para dentro de um dos alojamentos abandonados mais distantes dos portões principais. A neve cai forte cobrindo o pátio de branco. 
Caulas: “Ordens senhor?”
Sir Enrick: “Para o passadiço! Rápido!”
PRIMEIRA HORA DE COMBATE: 
FRENTE DO FORTE:
Lá de cima eles vêem na escuridão da noite, elmos e lâminas de machados. Então flechas começam a voar em direção vindas da escuridão se chocando contra as ameias do forte Vagon. Bag vem correndo lá de baixo com a túnica cheia de pedras. Arina faz o mesmo. 
Bag: “Se essa delicadeza usasse saia dava para ter trazido mais.”
A noite e a nevasca dificultam a visão, mas eles vêem os guerreiros inimigos carregando escadas tentam se aproximar da muralha. São pelo menos 27 fazendo um ataque frontal. Quando os inimigos se aproximam eles começam a lançar pedras lá para baixo. Sir Enrick e Lady Marion atiram sem parar com os seus arcos. Enquanto as flechas inimigas voavam sobe suas cabeças ou cravavam nos troncos do forte circular. Ao pé da paliçada muito inimigos, que agora claramente podem ser vistos, são feridos ou mortos com as pedras lançadas lá para baixo. São os saxões do Rei Cerdic. As pedras acabam e os inimigos que sobraram colocam várias escadas e começam a subí-la. 
Marion e Enrick, por causa da chuva de flechas inimigas se refugiam atrás das ameias e aguardam o inimigo subir. E é aí que o combate corpo a corpo se inicia. Marion saca a espada e racha o crânio de um saxão que surge pela escada o lançando lá pra baixo. Sir Enrick golpeia um bárbaro com o martelo, quebrando o braço do inimigo, que com uma fratura exposta fica pendurado pela pele. Outro salta pelo passadiço, Sir Enrick trava uma luta com ele. Os dois medem forças até que o Flecha ligeira lhe golpeia no meio do rosto e com o inimigo em choque o atira lá embaixo derrubando dois outros saxões que subiam. Marion rasga a costela de um saxão que tenta acertar o seu ombro, mas ela salta para trás e abre a sua garganta sem piedade. 
SEGUNDA HORA DE COMBATE:
Então eles começam a ouvir um barulho e o portão do forte começa a ser golpeado com muita força. De cima do passadiço Arina grita.
Arina: “Eles estão tentando por abaixo o portão com um aríete.”
Nesse momento o portão se arrebenta e pedaços de madeira voam para todos os lados.  Flocos de neve caem em círculo com o fluxo de ar. Dez guerreiros saxões entram no pátio acompanhados de seus cachorros de guerra. Rotwaillers com caninos de aço deixados famintos por dias para batalhar.
Chefe Saxão: “Eu quero Robert e as outras crianças vivas!” 
Sir Enrick corre pelo passadiço até a escada e salta por entre o inimigo seguido por Bag, Oswalt, Carmelo e Caulas. Marion fica na parte superior disparando alucinadamente seu arco matando os cachorros e guerreiros inimigos. Sir Enrick duela com o chefe saxão. Eles trocam golpes mas se bloqueiam e ficam medindo forças. O Flecha Ligeira cede e o saxão se desequilibra e cai prostrado. Sir Enrick desfere uma martelada rachando a coluna do inimigo que libera o seu intestino e sua bexiga. Em algumas batidas do coração ele está morto.
Enquanto isso Arina atira um saxão do alto do passadiço lá pra baixo. Carmelo dá um golpe lateral forte em arco com a Sanctu Gladius degolando dois Cavaleiros Gewessi ao mesmo tempo. Eles caem segurando seus pescoços tentando reter o sangramento das jugulares que pulsam lançando sangue. Bag está com uma massa enorme de duas mãos e corre lá pra fora no meio dos arqueiros  Duas flechas o acerta. Mas todos vêem ele quebrando cabeças, moendo ossos das mãos dos inimigos e destruindo costelas. Mais da metade deles sobrevivem ao ataque do grande cavaleiro e correm desesperados para o sul. Todos os outros inimigos estão mortos ou feridos. A batalha cessa. Existem corpos espalhados por todo o forte.
Oswalt: “O que fazemos com os feridos Enrick?”
Sir Enrick: “Passem todos à espada. Sem clemência.”
Hagen vem com metade do rosto cheio de sangue. 
Hagen: “Filhos de uma cadela, acho que perdi um olho.” 
Bag e Arina sentam sujos de sangue e suados enquanto a neve cai flutuando. 
Sir Bag: “Lutou bem para uma...mulher!”
Arina: “E você lutou bem pra um... magro!”
Então Marion percebe que a Senhora de Avalon e as crianças não apareceram ainda. 
Lady Marion: “Ninive? Crianças? Enrick vamos revirar o forte atrás delas. Será que as levaram?”
Sir Enrick: “Atenção homens! Vasculhem o forte atrás deles.” 
Quando Sir Enrick e Marion entram nos alojamento do forte eles congelam de medo. O corpo de um saxão está com o pescoço totalmente aberto, morto, afogado no próprio sangue. Bernard treme com a faca ritualística da Senhora de Avalon cheia de sangue enquanto um grande cão baba e se aproxima lentamente dos quatro mostrando os dentes de aço. Nineve está com a mão em riste apontada para o cão. Ela sua, exausta, com as mãos tremendo. 
Nínive: “Não aguentarei por muito tempo.” 
O cão se vira rosnando e mostrando os dentes. Então ele avança pulando no pescoço de Sir Enrick. As crianças gritam assustadas ao mesmo tempo que Nínive cai desmaiada com as forças exauridas. Sir Enrick em um segundo dispara a sua flecha dentro da boca do cachorro que cai rosnando e babando. Rapidamente ele morre. Nineve está desmaiada. As crianças correm para Sir Enrick e Marion e lhes abraçam. Eles ficam em silêncio por alguns minutos. Amanhece com todos sentados no pátio feridos e cansados. Os corpos dos homens de Cerdic estão espalhado pelo forte. Alguns corvos já se aproximam para comê-los. Hagen está de partida de volta a Logres. 
Hagen: “Desculpe senhor! Não valho a comida que nos põe a mesa!”
Sir Enrick: “Deixe disso homem. Vai cuidar das suas feridas. Vá até as minhas terras.”
Dia 2: Floresta Selwood 
Eles seguem pela estrada romana cheia de gelo saindo dos paralelepípedos antigos. Nínive exausta não fala nada. Está completamente sem forças. Eles adentram a floresta de Selwood. As árvores não tem folhas e a neve cobre a trilha. O dia é cinzento. O grupo atravessa alguns vaus congelados. A montaria de Lady Marion escorrega no gelo e se machuca. Então eles soltam o cavalo na mata sem possibilidade de levá-lo. 
Eles continuam a viajar até que cai a noite mais uma vez. Oswalt e Tegfryn armam o pavilhão de Algar para os nobres e uma menor para os comuns. Tegfryn volta com duas lebres e uma codorna para a janta. As crianças preparam o jantar com a ajuda de Oswalt. O cheiro de carne assada abre o apetite. Eles sentam ao redor da fogueira. A lua entra por entre as copas das árvores. Robert depois de ter matado pela primeira vez está em silêncio o dia inteiro. Faz em torno de cinco graus. Estão todos usando peles para se protegerem. 
Nínive, ainda muito cansada, sentada, encostada em uma rocha, parece preocupada.
Nínive: “Vocês ouviram alguma coisa? Ellen minha querida. Traga os ossinhos que você estava brincando durante a viajem.”
Ellen traz a sua bolsinha de couro cheia de ossos de porco com runas inscritas. Ela se senta em meio aos carvalhos na neve coberta pelo manto da Senhora de Avalon. A menina joga os ossinhos que caem em posições variadas. Eles parecem transmitir a filha de Marion uma sensação estranha. 
Nínive: “Está com medo não é? Calma criança! Marion, pegue uma agulha e linha marrom e verde que estão nas minhas coisas. E sente junto de nós filha.”
Nineve traça um círculo imaginário com a sua adaga de prata em forma de meia lua ao redor dos carvalhos. 
Nínive:  “Todos vocês. Eu a Filha de Avalon e Ellen devemos ficar no centro. Ellen preste atenção. Você tem a visão e um dia saberá usá-la. Enrick, nos proteja se algo ocorrer.”
A sacerdotisa rasga um pedaço de seu manto sagrado e entrega a Ellen. 
Nínive: “Você terá que fazer o meu trabalho. Minha energia foi toda consumida para afastar o cachorro. Agora, se acalme e respire devagar. Você vai usar a sua visão e o seu pensamento. Ninguém deve sair do círculo. Preciso da visão e da energia vital de cada um de vocês. Pegue a agulha e coloque as duas linhas juntas. A marrom e verde, filha. Agora diminua os seus batimentos e sinta a sua respiração. Limpe a mente.”  
Eles escutam o som se aproximando do acampamento. Um farfalhar de folhas. Mas não consegue identificar de onde vem. 
Nínive: “Calma! Esqueçam os sons. Comece a costurar filha, verde, marrom, verde, marrom, verde, marrom. Repita comigo: verde, marrom, verde, marrom, verde, marrom... Imagine essas cores costurando a paisagem. Raios do sol caindo sobre as folhas verdes na terra marrom; onde as brisas primaveris sopram. Verde, marrom, verde, marrom, verde, marrom...” 
Ninive: “Deusa! Deusa! Senhora da Floresta! Mãe, Velha Ceifadeira, Grande Corvo, Senhora da Vida e da Morte liberte a essência de Ellen. Grande Caçador eu o invoco!”
Então a mente da criança parece percorrer um túnel de energia em alta velocidade por algum tempo. Derrepente Ellen se vê em meio a floresta. Os sentidos estão amplificados. Ela sente o cheiro de terra, escuta o som das asas de um beija flor. Ela funga, farejando com as suas longas presas as trufas enterradas iluminada pela luz da lua. Ela sente cheiro de urina, de mato e de outros seres. Ellen pode sentir as suas quatro patas lhe obedecerem. Os pequenos filhotes lhe cheiram e pulam ao seu redor. Um outro grande Javali está perto: seu companheiro de uma encarnação. 
Em um ponto na mente da criança ela sente a agulha, cada vez mais rápida, tecendo com precisão verde, marrom, verde, verde marrom. Mas está com os olhos fechados e não percebe nada que ocorre ao redor. Mas em sua visão ocular ela vê lama, um córrego, as árvores verdes, as folhas marrons e o mantra se repete incessante em sua mente: verde, marrom, verde, marrom. Marion também está de olho fechado com a mão no ombro esquerdo de sua filha e Nínive com a sua no ombro direito de Marion repetindo as palavras em sincronia. Ellen ouve guinchos de porquinhos, as presas vasculhando a terra em busca de raízes escondidas e aí ouve o som de passos na floresta e cheira o ar. 
Ela caminha seguindo o cheiro de suor. Até que por entre as folhagens verdes ela vê um homem de costas espiando uma clareira com uma fogueira com vários duas pernas conversando. Ao fundo três mulheres sentadas de olhos fechados e um homem com um martelo, vestindo uma pele negra e um escudo. O duas pernas que espiona o acampamento usa um capuz e tem uma espada longa levada nas costas. Está oculto pela noite. Então um som alto chega em seus ouvidos e um guincho agudo deixa seu ouvido apitando. Um odor ferroso chega em seu nariz. Cheiro de sangue. Ela olha para trás e vê o seu companheiro se debatendo no chão enquanto a cólera lhe toma a alma. Ellen escuta o guincho dos filhotes que correm em círculo assustados. Ela quase perde a consciência de medo. Por um momento ela retorna a sua mente de menina e abre os olhos. Ellen vê sua mãe, Marion e o seu pai Enrick. Ela se sente segura e é lançada novamente no corpo da grande javali.
O seu coração disparara, diante de um homem que se aproxima por trás. Ele está vestido como o outro. Ellen sente cheiro de sangue, de aço e de morte, o coração do duas pernas parece como um tambor disparado. Ele está diante dela e seus filhotes e ergue uma espada! Ela vê um rosto barbudo. Então ela morde a perna do homem e sente a sua boca se encher de sangue. Ele golpeia a sua cabeça. Sua visão escurece, mas Ellen está enfurecida. Então ela alivia a pressão da mordida e sua cabeça golpeia. As presas pontiagudas entram no estômago dele e quando ela recua deixa dois buracos. O sangue se esvai pelos ferimentos e pela boca do homem. Ele tenta correr para longe do perigo mas cai alguns metros à frente morto. Então Ellen sente uma dor lancinante nas costas. Sua visão turva. Os gritos dos filhotes faz ela se manter consciente. Então Ellen, enfurecida, parte para o ataque quebrando a lança que transpassa a suas costas. Um outro ser de duas pernas lhe golpeia com uma lança.
Ela, totalmente em frenesi. Com um salto no peito, com mais de 150 quilos, derruba o duas pernas. Seu rosto está ao alcance de suas presas e o homem, depois de ter seus dedos devorado e ter o seu rosto dilacerado até o osso, ainda respira. Por alguns segundos Ellen escuta o coração dele parar. Ellen tenta inspirar mas não consegue. Dor, verde e marrom, ar, verde e marrom, escuridão, verde e marrom. Morte, verde e marrom...
 Sir Enrick e Lady Marion vêem Ellen cair exausta com as mãozinhas cheia de sangue furadas pela agulha. Marion coloca a cabeça da sua filha no colo.
Nínive: “Isso filha, cuide dela! Ela nos salvou. É muito para uma criança de seis anos mas Ellen é a única de nós que tem o dom de ser... uma troca pele.”
Sir Enrick e Lady Marion deixam a menina aos cuidados da Senhora de Avalon e vasculham a mata ao redor. Eles encontram um corpo de um homem e há uns 20 metros um outro. O primeiro rasgado de baixo para cima. O segundo com dois furos na barriga e totalmente desfigurado. Um javali fêmea está morta, em cima dele, com uma lança quebrada atravessando suas costas. Atrás, mais distante, um javali macho de 200 quilos está decapitado. Os filhotes andam perdidos por ali. Os homens usam broches de prata em formato de rosas. Na bainha de suas espadas o desenho do crânio e as duas manoplas cruzadas embaixo. O símbolo da guilda de assassinos: A Mão Negra.
Então Lady Marion percebe alguém em choque encolhido aos pés de uma árvore. Está vestido como os homens e chora. Sir Enrick parte pra cima dele e o ergue pelo pescoço enfurecido. Quando ele arranca o capuz, encontra o rosto de uma mulher de meia idade. Ela tem os olhos azuis e o cabelo negro acinzentado.
Lourie: “Meu marido! Está morto. Tenha piedade, não me matem deixe me falar com Nínive que lhes contarei tudo. Eu conheço o Barão Algar de quando ele esteve em Londres. Por favor?” 
Então eles retornam ao acampamento com a prisioneira.
Arina: “Quem é essa aí?”
Lady Marion: “Uma assassina!”
Sir Enrick leva a mulher até a fogueira e a jura de morte. Então ela começa a falar.
Lourie: “Depois que deixei Londres foi para Constantinopla. Fiquei onze anos por lá. Até que...O Rei Idres e seu filho Príncipe Mark me chamaram novamente. Me apaixonei pelo homem que morreu atacado pelo javali, o novo líder da mão negra, quando foi me buscar no oriente e voltei para a ilha para realizar o trabalho. Seria o meu último antes de largar tudo: Matar o Conde Robert. Já que matamos o Rei Uther e praticamente todos os nobres de Logres depois da Batalha de Saint Albans. Idres queria conquistar o Reino sem guerra. Agora, só me resta aguardar o meu destino seja ele qual for.”
A madrugada vem e a maioria se deita para descansar um pouco. Os sentinelas se revezam. Nas primeiras luzes do dia os heróis seguem viagem pela floresta Selwood. O dia está encoberto. 
Dia 3: Wells 
Cavalgando o dia inteiro, eles não vêem ninguém na estrada dentro da mata. O dia abafado trás uma chuva grossa e as montarias lutam para vencer a lama e o gelo que cobre a estrada real. 
Oswalt: “Droga de chuva! Ela torna os arcos inúteis! Me sinto desprotegido sem esses dois poderem usá-los”
O dia vai passando. Saindo da floresta, uma cidade surge à frente com um Motte and Baile na colina de terra marrom. A paliçada de madeira cerca o lugar. É a cidade de Wells. Tudo está branco e muito frio. É uma cidade fantasma. Tudo está abandonado. As flâmulas estão rasgadas. A neve cobrindo o foço. Tudo parece ter sido abandonado as pressas. A guerra do Rei Idres está assolando a região. 
Glastonbury
O grupo segue a trilha que leva a estrada real e seguem para o sul até avistar a cidade sagrada de Glastonbury. Em marcha forçada eles conseguem chegar a antiga muralha romana, que já não existe mais, no mesmo dia. Os pendões, de fundo verde com  um rato de pé com a língua de fora, estão rasgados e descorados nos poucos trechos que sobraram de pé da muralha que se abria em formato de meia lua até o grande lago sagrado de Avalon. Em cima de uma alta colina, ao fundo da cidade, à margem do lago, eles vêem a Abadia de José de Arimateia. A cidade medieval, pequena, com as suas casas de pedra com telhado de palha estão vazias. A medida que se aproximam do Tor, com a Abadia no topo, os heróis podem ver o lago de águas escuras e uma bruma perpétua que está ali à qualquer hora do dia ou época do ano. 
Ninive: “Houve um tempo em que um viajante, se tivesse disposição e conhecesse apenas uns poucos segredos, poderia levar a sua barca para fora e chegar à ilha sagrada de Avalon. Naquela época os portões entre os mundos vagavam nas brumas e estavam abertos, um após outro.”
Então eles contornam a trilha do Tor e chegam na margem do lago. As brumas os impedem de enxergar do outro lado. O poço sagrado que sempre esteve em meio à um lindo jardim está coberto de neve. O bosque sagrado está à esquerda. E acima, na encosta do monte, está o espinheiro sagrado de José de Arimateia. em cima cinco freiras os observam. Elas fazem o sinal da cruz e somem.  
    
Carmelo: “O jardim do cálice! Sempre quis conhecê-lo!”
Robert: “Tia Marion. Eu não tenho certeza se quero ir. O Padre Tewi sempre falou tão mal da ilha sagrada.” 
Ellen: “Deixa de bobagem! Eu quero ir! Não vejo a hora!” 
Ninive: “As crianças, Marion e Enrick poderão vir. Os outros deverão aguadá-los aqui. Lembrem-se de quem são, pois títulos não valem nada depois que atravessamos as brumas.” 
Léo, Tegfryn, Oswalt, Carmelo, Arina e Bag montam um acampamento próximo a margem do lago e à frente do jardim do cálice. Então os sinos da Abadia começam a soar. Nineve só move a cabeça negativamente.
Ninive: “As pobres esposas do Cristo acham que usamos magias satânicas para evocarmos o povo do pântano para fazermos a travessia. Na verdade as coisas são mais simples que parecem. Quando José de Arimateia chegou aqui e mergulhou o cálice de cristo nas águas do poço vivíamos pacificamente com os cristãos. Até que os romanos estragaram tudo oficializando a religião e começaram a perseguir os pagãos. Quem tem o direito de oficializar algo que provêm dos Deuses, não é? E desde aquela época, quando  a ilha sagrada se afastou para dentro do véu se protegendo nas Brumas, eles tocam os sinos para espantar o mal quando os filhos da terra sagrada querem atravessar. Na verdade nos fazem um favor: Avisam o povo do pântano do outro lado que estamos aguardando para cruzar o véu.”  
Então todos escutam um som na água do lago e dê dentro da Brumas emergem dois pequenos barco a remo. Em cada um deles dois homens de pele mais escura com os cabelos crespos longos, sem camisa e usando calças de couro de enguia até os joelhos. Eles remam até a margem.Os remadores se inclinam para a Senhora de Avalon. 
Ninive: “Venham! Subam a bordo! As crianças comigo e vocês no outro barco.
Sir Enrick venda o Príncipe saxão que permaneceu em silêncio desde que Sir Enrick o afogou na costa de Sussex.
BRUMAS:
Com todos sentados nos pequenos barcos os homens do Pântano começam a remar.  A margem de Glastonbury vai ficando para trás, encoberta pelas brumas. O som dos sinos vão ficando cada vez mais baixos até que desaparecem quando eles mergulham na bruma espessa. De todos os lados só se vê uma névoa branca os cercando. As crianças vêem as costas de um grande animal aquático sumir no lago escuro ao lado do barco e se assustam. 
Ninive: “Calma. Essas criaturas vivem entre os portões dos dois mundos. São dóceis desde que respeitadas. Chegamos em um dos portões. Levante-se Marion, lhe ensinarei a abrir as Brumas! Olhe bem Ellen.”  
Ninive se levanta e coloca Ellen à sua frente. Ela pega os bracinhos da menina e o coloca  com as mãos unidas esticadas para frente horizontalmente.
Ninive: “Faça o mesmo filha!”
Ninive: “Respire lentamente. Baixe os batimentos do seu coração. Pense na natureza, sinta o vento. Você é o vento. Sua alma é éter e o vento é sua essência. Abram os braços!” 
Então uma leve brisa sopra levemente e a pesada bruma começa a se mover diante dos olhos dos heróis. Aos poucos a névoa se dissipa. Atrás ela se mantém como uma muralha de fumaça branca. À frente um imenso pântano se revela. O Príncipe saxão treme apavorado só de sentir a vibração da magia. A bruma baixa permeia as plantas e os pássaros pousados procurando comida na lama negra. Dezenas de canais atravessam o terreno. 
Ninive: “Agora é com o povo do pântano. Só eles conhecem os caminhos.”
Então os barqueiros manobram as canoas paralelamente ao pântano e depois de passarem por vários canais, entram em um deles. As paisagens ao redor são todas iguais. 
Ninive: “Sabem meus filhos, todas as deusas são uma deusa e há apenas um iniciador.  E cada homem à sua verdade e Deus com ela. Não é a toa que os cristãos vestem a Senhora de Nazaré, que verdadeiramente foi poderosa a seu modo, com o manto azul. Talvez a verdade se situe em algum ponto entre o caminho para Glastonbury, a terra dos padres e o caminho de Avalon, perdido para sempre nas brumas do lago sagrado.”
Após algum tempo os barcos passam por mais de uma dezenas de bifurcações. Então o canal fica mais largo até que desemboca em outro lago. Do outro lado surge um lugar maravilhoso. Uma ilha com uma montanha de rocha enorme. Um paredão que se ergue contra o céu azul cercado por uma linda floresta permeada por uma fina bruma. Bando de pássaros coloridos voam no alto das copas verdejantes. Eles notam no paredão uma grande escada que leva para dentro da rocha. 
Ninive: “Atalaia! O portão de entrada de Avalon. A ilha das maçãs.”
Os barcos encostam em um pequeno trapiche. Um grupo de mais de dez noviças, com tranças e touceiras estão ali. Algumas usando vestidos alaranjados, outras roxos. Ninive sai antes  e todas elas se curvam com as mãos postas sobre o lado esquerdo do peito. 
Nínive: “Venham!”
Eles andam até o pé da trilha de terra, margeada pela relva baixa, que conduz para o alto até uma grande escadaria. Na entrada da trilha uma estátua de pedra da deusa e em seus pés maçãs, jarros de mel e cálices de leite. 
Ninive: “Levem esse homem para o Povo do Pântano e deixem-no na ilha do deus alado em meio as Brumas. Se tentar fugir enlouquecerá e nunca voltará. É impossível achar a saída se não for um iniciado.”
O grupo sobe a trilha, depois a desgastada e larga escada que leva as colunas esculpidas com o deus e a deusa. As três entradas em formato ogival tem três metros de altura. Tochas iluminam os salões escavados na pedra pitados com deus a deusa. E algumas representando os Sabbaths de Imbolc, Ostara, Beltane, Litha, Lammas,  Mabon, Samain.  A medida que caminham as sacerdotisas se curvam à Senhora de Avalon. Eles vêem mesas onde elas trabalham, com livros, ervas e frascos com substâncias das mais variadas cores. Algumas ensinam e outras escutam atentamente.
Então eles entram em um salão onde existe uma grande mesa longa e cadeiras finamente esculpidas com motivos celtas. É servido pelas noviças sidra, frutas e castanhas.   
Ninive: “Sirvam-se por favor. É bom retornar ao lar depois de muito tempo. É hora de darem adeus as suas antigas vidas crianças. Um novo mundo se abrirá diante de seus olhos. Despeçam-se de seus pais e protetores.”
Robert: “Enrick e Tia Marion. Obrigado por nos protegerem. Eu quero que Ellen e Brian sejam meus amigos pra sempre. Minha mãe sempre diz que se eu for parecido com vocês, nem que seja um pouquinho, ela já seria muito feliz.”
Ellen corre e se joga nos braços de Marion e Enrick.
Ellen: “Pai, mãe. Eu não quero ficar sozinha.” 
Lady Marion: “Não vai ficar sozinha. O seu irmão estará aqui e tudo que precisar peça à ele”
Ela enxuga as lagriminhas do rosto.  
Ellen: “Não vão deixar de me amar?”
Sir Enrick: “É claro que não!”
Brian (Algar): “Padrinho e Madrinha, sempre estive no meio dos soldados mas agora estou com medo. O Senhor acha que eu conseguirei ser tão corajoso como vocês?”
Sir Enrick: “Não tenha medo! Seu pai é um grande guerreiro e você precisa ser um também!”
Com lágrimas nos olhos ele os abraça por longos minutos: “Salve a mãe, por favor? É a única pessoa que me restou.”
Bernard (Enrick): “Pai, eu já sou quase um homem. O Senhor me acolheu, me criou com amor e carinho. Eu nunca esquecerei do dia em que a mãe me falou que eu era filho de um herói e que  eu seria tão bom e corajoso quanto ele. (Ele toca na fita desbotada e velha em seu pulso). Prometo honrar o nosso nome, meu pai. Eu nem me lembro direito do rosto dela. O Senhor sempre me tratou como um filho.”  
Ele abraça Enrick. Então um grupo de homens, jovens guerreiros vestindo cotas de malha com o símbolo da deusa tatuado na testa e espirais celtas nos braços, entram e levam os meninos por uma porta do outro lado do salão que desce em uma escada igual a da entrada para um jardim. Duas noviças pegam Ellen pelas mãos e saem pela mesma passagem. Ela olha pra eles e acena.
Ninive: “Está feito. Irei com vocês aos caminhos dos pântanos. Vamos tentar achar Lady Adwen e Sir Dylan. Mas antes venham comigo.”
Eles seguem Nineve pela passagem por onde saíram as crianças. Descem uma escada esculpida na rocha até um bonito jardim com flores coloridas e macieiras. Ao redor carvalhos e salgueiros fazem um círculo. Seguem em frente por uma passagem. Dos dois lados a rocha forma um corredor colossal de pedra sólida de granito subindo para o céu azul. Lá embaixo, eles chegam em um salão a céu aberto circular. Depois dele o corredor se estreita novamente saindo em um bosque. No centro desse salão existe um poço. 
Ninive: “Venha Marion.”
A guerreira se apoia no poço e vê a água pura refletindo o céu sem nuvens.
Ninive: “Se concentre olhando fixamente para a água cristalina. Permita que seus pensamentos desapareçam. Se procura por uma resposta a uma questão em especial, quando tiver atingido este estado de torpor formule a questão enquanto contempla a água. Se nenhuma resposta surgir imediatamente em sua mente, tomem cuidado com os truques da mente consciente, que pode enviar respostas que atendam a nossa expectativa.” 
Então algo parece surgir diante de seus olhos. Como se passasse um filme. A imagem pulsa e primeiro ela parece congelada. Então ela se move. Marion vê um cavaleiro com a cota de malha quebrada, de costas, em meio a lama negra, comendo um braço humano. No fundo uma árvore com vários corvos pousados em seus galhos e uma dezena de pedras grandes penduradas nela.
Então a cena chocante a traz a consciência novamente. Marion respira aceleradamente.
Ninive: “Já basta! Se acalme e diga o que viu.”
Marion explica a Senhora de Avalon a sua visão.
Ninive: “Já temos como procurá-los eu sei onde estão. Vamos até a árvore sagrada!”
PERDIDOS NAS BRUMAS:
Então eles refazem o caminho e sobem em um barco. Os dois homens do Pântano os aguardam nos remos. Os barcos seguem em frente contornando a grande ilha de Avalon. O paredão formado por pedras é magnífico. Eles vêem do outro lado, da fina bruma, distante no grande lago, outra ilha. Esta tem um Tor, como o da Abadia de Glastonbury, mas com uma grande torre de pedra larga no topo. Ao redor a luz parece bater no fundo do lago e o sol se reflete como cristal.
Ninive: “Inis Witrin, a ilha de vidro! Aquela torre, no monte sagrado, pertence a Merlim. Está fechada depois de sua partida.”
O barco segue em frente contornando a ilha de Avalon, pouca coisa dá para se ver, protegido pela montanha rochosa de Atalaia imersa nas brumas. O barquinho vira a proa para a direita e entra em um canal. Aqui um pântano de lama negra e árvores com troncos retorcidos preenchem a paisagem. Eles vêem um lagarto se arrastando para dentro da água escura. Por horas percorrem dezenas de outros canais. Marion vê uma coruja sentada em um galho. Ela levanta vôo em direção a ilha de vidro. Eles já não sabem ao certo onde estão. O homem do pântano fala algo em uma língua estranha.
Ninive: “Sim, para a quinta ilha, Lugh.”
Então saem no grande lago novamente. Num momento parecem não haver nada, somente água. Então uma outra ilha surge à frente. Ela não é bonita. Parece ser formada somente por lama negra do pântano cercado de árvores e raízes negras e capim fino alto. Uma baixa e fina bruma permeia tudo. O barco encosta na margem. Eles pisam na terra barrenta e caminham com dificuldade. Nesse lugar as nuvens estão baixas e cinzas. O tempo vai passando e eles andam por mais de duas horas. 
Então no horizonte vêem um carvalho. A medida que se aproximam vêem que a árvore está em cima de uma área verde, coberta de relva, existe um pequeno jardim com uma fonte de água jorrando banhando as raízes do carvalho. A água forma um pequeno córrego que brota de um monte pequeno de pedras marrons arredondadas.
A árvore é igual a da visão que Marion teve. Mas pendurados na árvore tem mais de uma dezena, não de pedras, mas de cadáveres putrefatos. Erguidos por cipós debaixo dos braços e sem as cabeças. A Senhora de Avalon chocada leva as mãos a boca.
Ninive: “A árvore sagrada foi profanada.”
Nos pés do Carvalho na frente do córrego existe uma fogueira apagada saindo fumaça. Na área de relva, no meio do pântano, existem ossos humanos espalhados pelo chão próximo a fogueira. E no pé das raízes do carvalho uma pilha de cabeças putrefatas. Alguns com a língua de fora. Então eles escutam um som na direita. Quando olham para lá vêem um crânio caindo na lama. Do outro lado um som de água e algo pula nas costas de Sir Enrick. Algo mal cheiroso e coberto de lama negra o agarra no pescoço. Ele tenta estrangula-lo. Marion vê o homem de cabelos longos e cheio de barro da cabeça aos pés. Os dois pulam em cima do homem e o contém. Eles reconhecem-no: É Dylan que cai de joelhos no barro com cortes nas mãos e braços. Suas unhas estão grandes e imundas. Seus cabelos, duros de barro, vão até a cintura e sua barba está grande ocupando o rosto inteiro descendo até o peito. O Cavaleiro está com os olhos cheio de lágrimas, com os olhos fixos. Ele aponta os corpos nas árvores. Muitos sem braços ou pernas. No pé do carvalho existe uma pilha de cabeças. 
Dylan: “Eles vieram. Matei um a um. Quase que um por dia. Primeiro os enterravam no lodo. Queriam me matar nessa terra onde só o povo antigo pode caminhar. Depois as cabeças me disseram para oferecê-los aos Deuses na árvore sagrada. Lutava com eles,  comia a carne deles e bebia de seu sangue. Alguns viraram meus amigos. As cabeças conversavam sobre a vida e a morte, sobre a vida e a morte, sobre a vid...”  
Por uma batida de coração seus olhos parecem ter recobrado a consciência. 
Dylan: “Adwen ficou aqui por um tempo. Sumiu nas Brumas procurando uma saída. Voltou... mas  foi levada pelo povo antigo. Eu não consegui impedi-los.”
Então sua cabeça pende para frente e ele fica em movimentos repetitivos olhando fixo para as cabeças em decomposição sorrindo e fazendo carinho nelas. Nineve ordena que queimem os cadáveres e a árvore profanada. Dylan grita de desespero vendo a cena. Ele é levado junto com Sir Enrick, Lady Marion e Nineve.
O POVO ANTIGO:
Nineve caminha no barro negro apoiada em um cajado de salgueiro.
Nineve: “Vamos até a vila do povo antigo. Sigam-me.”
Eles partem dali pelo vale pantanoso. Passam pela paisagem lúgubre. As árvores retorcidas preenchem toda a paisagem. Eles vêem bonecos de palha, deixados em estacas pela paisagem, representando a Deusa. Uma vila aparece no horizonte. São palafitas de madeira. Casas toscas feitas de galhos de árvore e telhados de palha trançada. Um bando de homens, aproximadamente 15, caminham com lanças. Eles andam nus, todos pintados de azul. A maioria deles tem cabelos e barbas longas negras. Quando vêem a Senhora de Avalon eles se curvam. Os heróis sobem por uma pequena escada de troncos que leva a pranchas mal cortadas ligando as casas. Há mulheres, velhos e crianças e todos se ajoelham e abaixam a cabeça. Nineve afaga a cabeça de cada um e beija a testa de todos. Ela fala em uma língua desconhecida. Uma mulher se levanta e aponta para uma das cabanas. Ela parece vazia dali. Quando Marion e Enrick se aproximam escutam uma canção. A voz de Adwen. Eles caminham e da porta da cabana vêem alguém sentado nas sombras. Ela parece estar trançando feixes de palha espalhados pelo chão da cabana. Ela está de costas e parece sentir a presença deles. Ela fala como uma voz rouca.
Adwen: “Algar? É você?  Veio me buscar amado marido?”
Lady Marion: “Não Baronesa! Seu marido está lutando na ilha Wight contra o Rei Cerdic.”
Adwen: “Que pena! Não se aproximem … Ainda não. Sabe, eu não lembro como vim parar aqui. As Brumas! Os mundos! Vi coisas lindas do outro lado do véu e outras terríveis. Corri pelos campos perdida. Vivi uma vida em um dia, e um dia de vida que levou anos, talvez séculos. Minha mente vagou pelo véu, perdida até que um dia voltei. Cheguei fraca, louca até que eles me acharam e foram bons para mim. Recuperei aos poucos minha sanidade. Mas nem tudo parece ter se recuperado.” 
Quando os olhos de Sir Enrick e Lady Marion se acostumam com a penumbra distinguem a mulher que conversava com eles. Ela está curvada usando o vestido vermelho de Adwen. A roupa está rasgada e descorada. Olhando melhor eles percebem seus cabelos cinzas. Dando a volta eles vêem uma velhinha de uns oitenta anos, os observando, com os olhos marejados. Lágrimas descem de seus olhos. 
Adwen: “Eu só queira salvá-los! O que farei? O que será de mim?” 
FIM