segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aventura 15: A Batalha de Lindsey , Ano 490


Na primavera do ano 490, os heróis enfrentaram os bandos de saxões no norte e retornaram para Salisbury no primeiro dia de Litha, no solstício de verão. Após quinze dias, debaixo de chuva e se alimentando com pequenos animais caçados ao longo do caminho ou contando com a hospitalidade dos aldeões, os heróis finalmente chegam em casa. Algar vai ver seu filho e esposa em Winterburne Gunnet e Sir Enrick vai para as suas terras em Dinton. Lady Marion recuperada dos ferimentos da Batalha de Figsbury já retornou ao castelo de Sir Amig, seu pai,em Tishead.

Winterburne Gunnet

O forte, nas terras de Algar está sendo construído, a altura do morro foi duplicada, e a paliçada já está sendo levantada no topo. A ponte de arco de pedra já está pronta. Muitas famílias de servos de vilas que não estão sobe o domínio de nenhum senhor e também alguns que costumavam trabalhar para Odirsen II e Sir Edgar chegam e tomam posse das cabanas que outros servos, mortos em Salisbury, moravam. Em uma casa improvisada perto da vila, Lady Adwen, suas quatro pagens, Björk o servo da casa e o arauto Danton estão instalados.

Algar para o cavalo na frente da casa e apeia. Seus cavalariços levam o animal. Ele tira o elmo, tem várias novas cicatrizes. Está vestido com a sua armadura e entra na casa. Baronesa Adwen está com Brian no colo, enrolado em um pequeno cobertor marrom, ele já tem um mês de vida. As pagens penteiam os cabelos de sua mulher. Quando ele entra todas se ajoelham.

Lady Adwen: “Algar você voltou! Estava preocupada, há luas não manda notícias. Temia pelo pior.”

Ela diz o abraçando e dando um beijo.

Barão Algar: “Desculpe querida! Foi uma campanha longa. Fomos até a Cornualha atrás de Gorlois. Depois até o norte em Lindsey caçar saxões para o Rei.”

Baronesa Adwen: “Você soube? Lembra de Lady Gwiona? Aquela Lady que iria casar com Edgar antes dele desaparecer há três anos? Pois é, ela foi morar em um convento e se suicidou há duas semanas. Pobre criatura. Estão dizendo também que o feudo abandonado do Cavaleiro é assombrado.”

Barão Algar: “Não estou gostando disso! Qualquer hora tenho que ir até lá! Nunca se sabe.”

Dinton

Nas terras de Sir Enrick as obras também estão avançando. E a colheita indica ser próspera. Os campos já estão todos cobertos pelas plantas que formam um tapete de cores variadas. Os Homens do Pântano estão trabalhando e nas horas vagas recebem treinamento militar. São rápidos e resistentes. E demonstram aptidão para serem lanceiros. Já as crianças estão há um ano praticando com o arco diariamente e estão melhorando. O Padre Carmelo estabeleceu um regime de disciplina, tornando os homens cada vez mais habilidosos e obedientes.

Padre Carmelo: “Sir Enrick! Meu senhor, estive conversando com os engenheiros que contratou. Depois de muita briga os convenci de que dá para desmontar o Fazedor de Viúvas e montá-lo onde o senhor quiser. Outra coisa meu senhor, nós precisamos de uma recompensa para os homens. Eles trabalham o dia inteiro e treinam nas horas vagas. O ritmo é puxado. Eles não reclamam, mas acho que seria muito bom deixá-los felizes às vezes.”

Sir Enrick: “Então faça o seguinte. Organize um banquete para eles. Com muita comida e música. Nada de álcool! Vocês sabem como eles ficam quando bebem.”

Padre Carmelo: “Senhor! Tem outra coisa! Uma mulher com uma criança de um ano de idade mais ou menos veio lhe procurar. Era uma plebeia. Não a deixamos entrar e ela não quis dizer o que queria. Ela se chama Irwen e falou que o Senhor não deve lembrar dela. O neném se chama Uren. Ela veio de Hantonne só para lhe ver. Disse também que um dia volta, mas os homens da guarda a mandaram embora e disseram para não mais retornar.”

Sir Enrick: “Bom, vamos esperar então! Droga...”

Nos feudos, dos nobres de Salisbury, todos recebem os mensageiros do Conde Roderick:

“Nobres de Logres. Na primavera vocês fizeram um grande esforço em nome de nosso Rei. Arriscaram as suas vidas em Lindsey e salvaram vidas. Mas infelizmente não foi suficiente. Como Vossa Majestade prometeu iremos partir em uma campanha para o norte. O Rei saxão Octa e Eosa reuniram uma força enorme nessa região vindo de todos os cantos da Germânia. Muitos saxões desembarcaram em navios com cabeças de Dragão nas praias do norte da Britânia e se movimentam próximo a Lincoln. A cidade prepara-se para ser sitiada e os seus moradores temem por sua segurança. Com as plantações destruídas, para não fornecer alimentação para o inimigo, eles possuem pouca comida e estimo que Lincoln cairá em menos de um mês. A região de Lindsey está sendo pilhada e todos os feudos destruídos e sendo anexados. Muitos assentamentos inimigos já foram estabelecidos. O grande exército Saxão deve ser derrotado a qualquer custo. Se não os neutralizarmos agora, Logres também será invadida e saqueada. Isso uniria nossa boa terra com Sussex e metade da Britânia cairia em mãos saxônicas. Nossas famílias seriam escravizadas e as nossa cultura destruída. Nos reuniremos nas muralhas de Sarum em dois dias para impedirmos essa tragédia que paira sobe nossas cabeças.”

Cidade de Lincoln, Lindsey.

Após dois dias todo exército do Conde Roderick se reúnem do lado de fora das muralhas de Sarum e partem para o norte. Aproximadamente sessenta e cinco cavaleiros e cento e quarenta soldados formam a guarda pessoal do Conde Roderick. Mais os soldados e arqueiros de cada cavaleiro totalizam uma força com dois mil homens. Fora os escudeiros, cavalos de carga, carroças com alimentação, armas, bebidas, engenheiros, mulheres e vasculhadores de corpos. Os heróis e suas milícias comparecem cumprindo o seu dever de vassalagem. O encontro entre Sir Enrick e Lady Marion é emocionante mas ao mesmo tempo discreto por estarem em um exército, mas os dois estão bastante apaixonados.

A estrada romana fica lotada com a passagem de vocês. O dias estão ensolarados. Os aldeões abrem caminho para passarem. As crianças correm ao redor. Sir Enrick, Lady Marion e o Barão Algar seguem na vanguarda com os Cavaleiros da Cruz do Martelo, Sir Amig, Sir Elad e Conde Roderick. Os dias são quentes e a noite o exército monta acampamento ao longo da estrada com milhares de fogueiras acesas. Ao amanhecer inicia-se novamente marcha. Os dias passam lentos e tediosos. Muitas pessoas e animais são vistos sendo trazidos de Lindsey. Os moradores da região começam a fugir dali. A alimentação trazida é relativamente suficiente e os escudeiros também caçam pra reforçar as refeições.

Depois de dez dias eles chegam na região de Lindsey nas muralhas de Lincoln. A cidade tem aproximadamente cinco mil habitantes, uma das maiores de Logres. Por fora das muralhas podem se ver as torres da catedral local. Também se vê do lado de fora o famoso portão em arco em formato de ogiva gótica com duas torres de vigia de cada lado com arqueiros prontos a atacar qualquer um que tente cruzar as muralhas sem permissão. O castelo no alto da colina em meio a neblina do amanhecer projeta a sobras nas tropas estacionadas e acampadas na parte sul das muralhas. A cena é impressionante. Milhares de barracas das mais variadas cores com igual quantidade de cota de armas. Cavalos, lacaios, mulheres, soldados e cavaleiros estão por todos os lados. O cheiro de comida, esgoto, fedido por causa do calor, e bosta de cavalo, preenche o ar.

A cidade está um caos com os soldados bêbados e entediados andando pra cima e pra baixo. O romano, Duque Ulfius, já está presente com seu exército. A tenda real ocupa o centro do lugar cercada por sua guarda pessoal. Eles entram no acampamento pelo corredor central os homens os saúdam. Logo que as suas tendas estão prontas Príncipe Madoc vem os receber.

Príncipe Madoc: “Olá amigos! Como foram de viagem?”

Barão Algar: “Você sabe Alteza! Chuva, dias longos! Conversas intermináveis! Enfim, um pé no saco mesmo.”

Madoc: “O meu Pai está preocupado. Parece que o inimigo está se movendo mais ao norte. Em breve nossa força terá que se movimentar para não ser atacada de surpresa e temos metade dos homens que precisamos. Dizem que Gorlois virá. Muitos duvidam! O que vocês acharam dele?”

Sir Enrick: “Um Arrogante!”

Barão Algar: “Um idiota!”

Depois do almoço todos vêem o brasão do Duque Gorlois entrando pelo corredor central formado pelas tendas. Ele vem na frente seguido por milhares de soldados. Ao lado dele sua esposa vem junto, cavalgando. Todos ficam impressionados com a beleza da mulher.

Sir Dalan: “Dizem que ela é descendente direta da Dama do Lago. Por isso é tão bonita!”

Ele acena com cara de bobo para a mulher. Ela só inclina a cabeça com um leve sorriso quando passa.

Sir Jakin: “Não sei, dizem também que o duque a escolheu só por causa de sua beleza. Dizem que na verdade ela era camponesa.”

Sir Enrick: “E daí? Eu também era!”

Sir Jakin: “Ops!”
E todos disfarçam e cada Cavaleiro sai para um lado.

Um nobre vestindo armadura de couro com cabelos curtos negros e cavanhaque da mesma cor caminha com ar preocupado por entre as barracas procurando algo. Quando vê Sir Enrick e Sir Algar se aproxima fazendo uma reverência:

Sir Ynir: “Como vão senhores? Sir Ynir ao seu serviço, sou o xerife de Lincoln. Espero que estejam sendo bem tratados aqui. Como sabem preciso manter a lei e a ordem dentro da cidade. Fora destes muros é problema de vocês. O total de pessoas quase dobrou na cidade e tudo está de perna para o ar. Com a chegada do Conde Gorlois são 2.000 cavaleiros e 5.000 soldados de infantaria. O poços não estão dando conta do consumo de água. A cidade está uma sujeira. Algumas brigas e furtos ainda são toleráveis meus senhores mas o que aconteceu eu não posso permitir. Estou indo em cada lorde, devolvendo os problemas para eles. São mais de cem ocorrências senhores.”

Ele bate as mãos e seis soldados com o brasão da cidade no peito, uma águia verde de asas abertas no fundo amarelo. Carregam quatro homens com o brasão de Sir Enrick. Cabisbaixos e trazidos pelos dois braços eles jogam os homens de joelho na frente dos Cavaleiros.

Sir Ynir: “Peguei os seus soldados com objetos roubados da igreja. Além do mais foram acusados pela família do comerciante de tecidos, Wes Kirten, de terem abusado de sua filha. Espero que os senhores façam a justiça e que sirvam de exemplo para todos os seus homens. Afinal os senhores estão aqui para nos protegerem ou para nos trazerem mais dor de cabeça?”

Sir Enrick: “Vagabundos! Fanfarrões! O que é que estão pensando! Vocês são os meus soldados. Não são iguais aos outros arruaceiros. Levam o meu brasão no peito. Tenham honra! Eu lhes dei tudo e retribuem assim? Se acontecer de novo e eu vir vocês bebendo novamente e aprontando barbaridades arrancarei pessoalmente suas cabeças! Agora vão seus vagabundos!”

Sir Ynir: “Achei a pena muito branda meu senhor. Mas por hora estou satisfeito! Vamos homens!”

E o xerife e seus soldados se retiram.

Após ao almoço os Cavaleiros estão sentados do lado de fora da tenda quando Sir Amig chega acompanhado de três aldeões. Eles estão muito assustados.

Aldeões: “Meus senhores (se ajoelha) Meu nome é John Silverstone. Trabalhava nas terras do Conde Lindsey, morto na última primavera. Desde então ficamos nos escondendo dos saxões e andando a esmo pelos campos. Nossas famílias foram mortas ou levadas como escravos. Foi uma tragédia. Quando os senhores estiveram aqui e atacaram alguns bandos desses bárbaros, mês passado, ficamos seguros por um tempo, mas há semanas vêem chegando barcos cheios deles e formaram um exército. Eles estão próximos a Abadia de Beale. Mataram todos os monges, os crucificaram e depois os empalaram. Roubaram todo o ouro e prata dos religiosos. É o maior exército que já vi, estão deixando um rastro de destruição e morte. Pelo menos dez mil saxões devem estar ali.”

Sir Amig: “Marion, Enrick e Algar. Avisem o Conde Roderick imediatamente. Avisarei o Rei.”

Área de Comando

Próximo a tenda real existem mais duas um pouco menores. Uma do Conde Roderick e outra do Conde Ulfius. Toda área é cercada por Cavaleiros destes lordes e do rei para garantir a segurança.

Sir Brastias: “Barão, Enrick, Lady Marion! O que querem?”

Sir Enrick: “Temos que ver o conde. É urgente!”

Sir Brastias: “Certo! Mas terão que deixar as suas armas aqui!”

Barão Algar: “Fiquem com elas!”

No interior da tenda do Conde Roderick seus arautos tomam nota das suas unidades. Ele está sentado em um trono de madeira tomando, em uma taça cravejada de pedras preciosas, vinho. Um pagem do Conde anuncia as suas presenças.

Conde Roderick: “Por favor podem entrar Cavaleiros! Mi Lady, como está? O que traz os senhores aqui?”

Então eles contam o que os aldeões disseram.

Conde Roderick: “Dez mil lanças? Droga! Perderemos muitas vidas para defender nossas fronteiras! Tempos difíceis. Sentem-se por favor. Sir Enrick, eu preciso de todos os meus cavaleiros na primeira carga. Você estará lá. Nas unidades de arqueiro gostaria que Marion as comanda-se. Os homens a respeitam muito Mi Lady, dizem nas fileiras que és descendente das Valquírias.”

Marion agradece fazendo um gesto com a cabeça.

Marion: “Ficaria honrada de comandar os arqueiros Conde!”

Eles estão aguardando na tenda quando Sir Amig entra.

Sir Amig: “Cavaleiros! O rei solicita sua presença no conselho de guerra. É pra hoje! Mexam-se!”

No interior da tenda real do acampamento, a maior, cercada pelos guarda costas do rei ricamente decorada com estátuas de dragões, tapetes, velas, trono de madeira de carvalho trabalhada, o rei os aguarda. À sua frente um grande mapa das cidades da região. O Conde Roderick, Sir Elad, Príncipe Madoc, Duque Ulfius, Sir Amig, Duque Gorlois e Merlim estão presentes bem como outros vários cavaleiros que eles ainda não tiveram a oportunidade de conhecer. Quando entram todos olham para os Heróis. O Rei Uther diz:

Rei Uther: “Senhores, aproximem-se. Nos ajudem a banir estes malditos Saxões para o inferno. O ataque contará comigo no centro do exército, Duque Ulfius comandará o flanco direito e o esquerdo o Duque Gorlois. Estimamos muitos saxões. Nosso exército tem 7.000 soldados. O Conde Roderick comandará o batalhão de Salisbury e vocês irão ao centro na unidade de Sir Elad.”

Príncipe Madoc: “Pai, meus espiões dizem que o filho de Hengest, Octa, é um grande herói. Disseram que seu primo Eosa é tão grande que ele não consegue montar um cavalo sem encostar o pé no chão.

Sir Dalan: “Quanto maior o homem, maior o tombo.”

Sir Bag olha feio para Sir Dalan que o aponta com o polegar para baixo desdenhando do cavaleiro. Todos riem.

Príncipe Madoc: “Além disso, eu ouvi os comerciantes dizendo que exército saxão só dobrou em números no outono passado, quando toda uma nova frota de navios chegou da Germânia.”

Merlim: “Vossa majestade me permite dizer que soube por fontes seguras que os dois reis Saxões vieram por causa da Excalibur. Um deles já tem uma espada encantada mas quer capturá-la como presente para o seu irmão. Se Excalibur cair em mãos erradas será o fim de tudo senhores. Acredito que essa ambição poderá ser o ponto fraco deles. Os bárbaros fariam de tudo pra ter Excalibur em suas mãos. Sir Enrick, preciso de seus engenheiros e de um tribuchet. Mande-os me encontrar na floresta próximo a praia.”

Sir Enrick: “Sim Merlim! É todo seu!”

Ninguém entende nada. Rei Uther dá de ombros, Sir Amig faz um gesto para os Cavaleiros mostrando que Merlim é louco. O druida olha para o Veterano, que acha que o Druida não o observava e que tenta disfarçar rapidamente.

Sir Amig: “Poderíamos ir rolando até o inimigo patrão. Quer dizer, Majestade.”

Todos sacodem a cabeça negativamente.

Sir Elad: “Amig! É sério! Então, vamos a estratégia do ataque que realizaremos. Como sabemos os saxões não possuem arqueiros e combatem a pé. A região de Lindsey é pantanosa e cheia de lodo. Isso dificultará um pouco a carga. Por isso temos que tomar cuidado para que não sejamos atraídos para lutar na lama.”

Conde Roderick: “Mas é inevitável daqui até as montanhas Pennine no norte, tudo é um grande charco Majestade. Para mim o problema maior é se esses filhos de uma cadela se embrenharem na floresta. Dez mil bárbaros nos atacando em guerrilha no mato tornando inúteis nossas flechas e a cavalaria seria fatal. Precisamos impedir isso.”

Todos concordam

Duque Gorlois: “Gostaria de ouvir vocês. Dizem por aí que andaram fazendo amizades com saxões. Falem um pouco como eles são, talvez isso nos ajude em batalha.”

Sir Luc, comandante de Gorlois, olha com ironia para Algar

Sir Enrick: “Eles não são muito disciplinados! Mas são rápidos para marchar e corajosos.”

Sir Amig: “Esses guris! Eu não disse Majestade que eles fazem amizade com tudo que caminha e respira! Saxões! Amigo de bárbaros! Conversam com Cavalos. Só faltam me dizer que são amigões de Odin gurizada, daí eu me aposento. E se o atrairmos para a praia? Formamos nosso exército lá e esperamos. Os saxões estariam presos entre as falésias e o mar. Arqueiros lá em cima. E no final podemos subir alguns quilômetros para o norte e meter fogo em seus navios. É melhor lutar na areia do que em um pântano. O que acham?”

Rei Uther: “Gostei da idéia! Como atraí-los para a praia é problema de vocês. Cavaleiros da Cruz do Martelo. Estão encarregados dessa missão! Movimentaremos nosso exército até a praia. Ao amanhecer estaremos lá. Não falhem ou o inimigo pode vir pela mata, ou contornar Lincoln e aí seríamos trucidados. Se os saxões morderem a isca teremos uma boa chance de vencê-los. Façam os desgraçados seguirem o rio Humber até a sua foz, contornarem a floresta e descerem em direção ao sul, onde os aguardaremos e os esmagaremos. Posicionarei os arqueiros nas falésias para terem uma vantagem de altura. É arriscado mas vale a pena tentar! É isso homens estão dispensados! Partam imediatamente!”

A noite de verão na ilha é abafada e úmida, especialmente onde Lincoln está situada, perto do mar. A noite é de céu claro e a lua ilumina as terras de Lindsey. Os heróis se reúnem com os seus Cavaleiros na área central de suas tendas. Todos ali estão com cara de preocupação.

Sir Jakin: “Atrair dez mil saxões para onde o Rei quer não vai ser fácil. E então, como vai ser? ”

Sir Bag: “Temos que enganá-los, deixarem pensar que estão indo para um local seguro, com vitória fácil. Mas precisa ser algo que atraia a força inteira e não somente um destacamento bárbaro. Algo tão cobiçado que os dez mil homens correrão atrás como animais famintos. Atrairemos essa idiotas com algo que eles queiram muito.”

Sir Enrick: “Poderíamos pedir o estandarte para o rei. E disfarçarmos alguém de Vossa Majestade. Eles acharão que Excalibur está ali.”

Sir Amig está atrás com outros cavaleiros mais velhos escutando eles falarem.

Sir Jakin: “Alto, forte e mais velho. Acho que já sei quem será disfarçado de Rei.”

Sir Amig: “Não olhem pra mim! T

todos sacodem a cabeça lentamente com um riso irônico.

Sir Amig: “Droga! Vamos lá! Esses garotos um dia vão conseguir me matar!”

O Barão Algar e Sir Enrick vão até a Tenda real para pedir permissão para fazerem isso.

Rei Uther: “Só se for com uma condição. Tirem sarro de Sir Amig daqui até o acampamento saxão!”

Barão Algar: “Com muito prazer Vossa Majestade!”

Conde Roderick se aproxima com um garoto: “Leve esse garoto com vocês, chegou com os Aldeões, é filho de um deles, ele conhece bem a região!”
Então Barão Algar, Sir Enrick e os Cavaleiros da Cruz do Martelo partem em direção a praia iluminados pela lua cheia. Quando estão saindo vêem Merlim e os engenheiros entrando na floresta próxima a praia. Atravessam a pequena faixa de mata e atingem a nascente de um pequeno rio e descem por uma trilha as falésias até a praia. O grupo segue contornando a floresta à esquerda que não pode ser vista por causa das falésias de dez metros de altura. E o mar escuro surge à direita, enquanto escutam o som das ondas trazido pelo vento. Gaivotas voam por sobe as suas cabeças e a areia fofa dificulta um pouco a viagem. Depois de três horas, na direita eles vêem a cidade portuária de Red City com as tochas acesas. Alguns pescadores estão ali pescando a luz da lua e se ajoelham quando eles passam em velocidade. Os heróis cavalgam horas e horas sem paradas para descanso.

As duas da manhã eles chegam em um pântano. Mesmo montados, estão com a água barrenta até a cintura. O garoto na garupa de Hefesto conduzido por Sir Enrick guia o cavaleiro pelo pântano mal cheiroso e eles conseguem chegar do outro lado com segurança. Da margem o garoto guia Cavaleiro por Cavaleiro até que todos conseguem passar. Logo à frente eles vêem a muralha da cidade de Winteringham, à beira do rio Humber. O lugar está todo escuro. Logo à frente várias colunas de fumaça saem da cidade. Dezenas de corpos estão caídos ali na entrada do lugar. Mulheres, crianças, velhos e adultos.

Sir Amig: “Os saxões estão saqueando e queimando tudo pelo caminho. Esses pobres coitados foram atacados pelas costas em fuga. Estão cheio de ferimentos nas mãos. Tentavam se defender.”

Garoto: “Estamos há cinco quilômetros da Abadia de Beale meu senhor! Vamos subir em uma colina para observar melhor, sigam-me.”

Lá de cima eles podem ver a distância a Abadia de Beale e um gigantesco acampamento. Milhares de tendas, fogueiras e homens andando por entre os corredores. A Abadia está no centro ainda fumegante. O acampamento é tão grande que parece ser uma pequena cidade de tendas. Parece um formigueiro de homens andando pelos corredores formados pelas barracas.

Sir Amig diz retirando sua armadura: “Me ajudem a tirar essa porcaria. Vou rastejar para tentar observar, precisamos ver a situação pra ver o que faremos. Não sejam cagões. Quem vem comigo?”

Barão Algar: “Eu e Enrick!”

Usando a noite e os arbustos eles rastejam sem armaduras. Os sentinelas estão espalhados ao redor do acampamento e conversam tranquilamente ao redor de fogueiras e não os vêem. Eles observam um estandarte com a figura no centro de um lobo e sangue pingando desenhado. A abatia, de pedras sólidas, está com os vidros e paredes avariados. Uma pilha de corpos fumegantes pode ser vista fora do acampamento. A tenda maior, do líder saxão está no centro e ao redor dezenas de guerreiros. Esses usam cota de malha. Portam lanças e espadas. São maiores e mais fortes que os outros.

Sir Amig: “São os heorthgeneats! Nobres! Guerreiros selvagens. O orgulho do povo saxão. Combatem e assassinam em um piscar de olhos. Tiram vidas aos montes. São a elite dos guerreiros bárbaros.”

Então eles vêem saindo da tenda principal primeiro um homem forte e alto. Com cabelos longos ruivos crespos e barba cobrindo todo o rosto. Usa cota de malha e neste momento ele coloca seu elmo, em formato de um rosto frio e assustador, cobrindo toda a sua face. Leva um machado de duas faces com o cabo todo esculpido.

Sir Amig: “Esse é o Rei Octa!”

Depois surge um homem. O mais alto que eles já viram em toda as suas vida. Ele tem cabelos negros longos e grossos e sua barba comprida vai até o peito e os olhos da mesma cor, dão uma aparência agressiva. Seu rosto emana crueldade. Ele é bem mais alto que Sir Bag. Leva um martelo de guerra quase do tamanho dele com o qual nenhum deles conseguiria combater. Ele gira a arma que assobia no ar. Não usa nenhum elmo e veste uma pele de urso por cima de sua loriga de couro.

Sir Amig: “Eosa! Não precisa falar nada respeito dele, não é?”

Um último homem sai da tenda. Ele é do tamanho normal. Leva uma espada e seu escudo redondo. É bem loiro e pele clara. Parece ser bem musculoso. Veste um elmo em forma de cabeça de Javali. Leva em suas mãos uma clava longa cheia de espinhos pontiagudos feitos de metal.

Sir Amig: “Eomund, o Germano! É filho de Odda, como cresceu. Eu matei seu pai na batalha da Frisia. Dez anos atrás. Se herdou a habilidade paterna estamos encrencados. Foi ele que trouxe os reforços da Germania. Vamos voltar, logo vai amanhecer e está na hora de prepararmos a armadilha.”

Então os três cavaleiros retornam a colina onde os outros aguardam. Vestem as suas armaduras novamente e preparam as suas armas. Sir Amig veste por cima de sua proteção, o brasão do Rei Uther.

Sir Amig: “Um toque pessoal. Empréstimo do patrão, que dizer do rei!”

O veterano retira a coroa com o dragão de dentro de sua algibeira pendurada no cavalo e a coloca na cabeça.

Sir Bag e Sir Dalan se ajoelham.

Barão Algar: “Vossa Majestade! Quanta realeza! Uma terra, Um Rei e um barril cheio de Hidromel!”

Sir Dylan: “Temos uma bela isca!”

Sir Dalan: “Você quer dizer uma bela bisca!”

Sir Amig: “Quietos seus idiotas. Isca ou bisca é o caralho! Vida longa a mim! Vamos fazer essa loucura ou não?”

Eles esperam amanhecer e então os Cavaleiros da Cruz do Martelo descem pela colina em alta velocidade com seus cavalos. Sir Amig cavalga na frente disfarçado de Rei Uther levando o brasão dos Pendragon. Algar e Enrick vem logo atrás. Eles gritam e fazem barulho. Eles vem contornando a borda do acampamento e Sir Enrick começa a disparar o seu arco. Os saxões um a um vão caindo flechados estrebuchando de dor. Até que como formigas, quando um formigueiro é pisado, os guerreiros começam a correr de um lado para o outro. Várias unidades bárbaras começam a se formar. Os homens de Octa e Eosa começam a afrouxar as tiras de couro de seus escudos de tília e encaixá-los no braço. Pegam seus machados, martelos e espadas. Vestem seus elmos. As vozes do inimigo ficam altas. Os Cavaleiros de Sarum podem escutar: “Excalibur, Excalibur!”

Os comandantes começam a correr pelas fileiras dando ordens para os seus homens. Em menos de uma hora os bárbaros estão armados e o grande exército começa a se movimentar e deixa para trás as fogueiras acessas e as tendas vazias.

Com o inimigo em seu encalço os Cavaleiros partem em direção a praia. Apesar dos bárbaros serem rápidos, são tantos homens e eles não conseguem manter uma unidade. Os mais rápidos, uns cinquenta, vão na frente com cavalos roubados nos saques que fizeram. Os outros chegam depois. São tantos saxões que o mar de pessoas ocupa toda a extensão de terra. A quantidade é tamanha que a multidão vai até o horizonte. A perseguição leva duas horas. Então os heróis chegam ao pântano novamente. O tempo que leva pra entrarem ali faz com que os saxões, em trote rápido com os seus cavalos em marcha forçada na dianteira, cheguem perto o suficiente para arremessarem lanças.

Sir Jakin: “Cuidado, chuva de lanças!”

As lanças caem sobe os Cavaleiros que atravessam o Pântano lentamente. Mas as armaduras resistentes e o escuro da noite faz com que os heróis recebam apenas cortes e arranhões. Logo eles deixam o pântano para trás. Os saxões correm desordenadamente, sedentos por uma vitória fácil, cobrindo uma área de oito quilômetros.

Sir Dalan: “Eles devem estar esperando nossos cavalos cansarem para nos alcançar. É impressionante a resistência desses bastardos.”

E o tempo vai passando. À frente eles olham toda a extensão vazia da praia. As ondas quebrando à esquerda. Olhando às vezes para atrás eles vêem aquela multidão correndo e os gritos os xingando. Os heróis cuidam para mantê-los em seu campo de visão e não perderem contato, já que com cavalos melhores deixariam os bárbaros comendo poeira. Depois de oito horas de perseguição eles podem ver o suor saindo das crinas e pescoços dos cavalos. Os animais estão com as línguas de fora.

Enquanto eles fogem pela areia branca com cascalhos da praia. No horizonte podem ver uma quantidade enorme de soldados e cavaleiros. Na praia com o sol forte, depois do almoço, o exército do Rei Uther prepara-se para o embate. Eles podem ver na vanguarda os principais estandartes. Do Conde Ulfius, De Gorlois e dos Pendragon. Os homens quando assistem os heróis chegando levantando poeira, formada por areia, e milhares de saxões os perseguindo ficam loucos e começam a gritar os incentivando. Estão boquiabertos com a coragem. A medida que se aproximam vêem algumas flechas com penas brancas no chão, fincadas, eles as deixam para trás. O rei grita levantando a mão. No momento que o inimigo passa pelas flechas.

Rei Uther: “Arqueiros! Atenção! Disparar!”

Centenas de flechas sobem zunindo pelo ar vindo do alto da falésias e passam por cima de suas cabeças e começam a cair. Muitos guerreiros inimigos não viram o exército ao fundo da praia e não estão preparados para serem atingidos. Eles caem flechados se afogando no sangue e gritando de dor. Aos berros os comandantes saxões conseguem parar a força inimiga há quatrocentos metros e iniciam um recuo desordenadamente. Eles estão assustados. O rei então manda disparar mais uma vez e mais alguns inimigos caem flechados nas costas tentando recuar no meio da confusão.

Rei Uther: “Sejam bem vindos Cavaleiros!”

“Parece que tem um pessoal atrás de vocês?”

Sir Enrick: “Nem me fale Majestade!”

Sir Amig se aproxima e entrega a coroa ao rei prestando uma reverência.

Sir Amig: “Foi muito bem cuidada Patrão! Quer dizer, Vossa Majestade!”

Rei Uther: “Cavaleiros da Cruz do Martelo! Tomem suas posições!”

Do lado dos homens de Logres uma onda de adrenalina e ansiedade se misturam. O medo sendo controlado para se transformar em bravura e o ódio pelas coisas más que o inimigo vem fazendo matando e pilhando o povo de Logres deixa todos furiosos. Todos viram muita morte e dor causada pelos bárbaros e sentem que é hora de mandá-los para o inferno dá onde nunca deveriam ter saído. Agora que os saxões estão há uma distância segura eles se organizam. Dá para ver o Rei Octa, o gigante Eosa, e Eomund no centro de sua força. Todos estão em silêncio porque é bem evidente que o exército inimigo está em vantagem. Os saxões começam a bater nos escudos. Se ouvem os sons das ondas quebrando na faixa de três quilômetro de areia que tem as falésias de dez metros servindo de muralha se misturando aos berros do inimigo. O tempo vai passando e depois de meia hora nenhuma das forças se move. A ansiedade e tensão é máxima. As bocas estão secas e o medo deixa todos ansiosos. O sol brilha forte no céu com poucas nuvens. Passa pela cabeça de muitos de que se for para morrer que seja rápido e sem muita dor. O Rei percebendo o medo manda os cavaleiros manterem posição na frente para impedir o avanço do inimigo. Então ele cavalga pela primeira fileira.

Rei Uther: “Guerreiros de Logres! Mais uma vez estamos na beira do abismo. Neste belo lugar. Na beira do mar. Em um dia ensolarado. Acho que é um bom dia para deixarmos esse mundo se for preciso. Não vou mentir para vocês meus súditos. Para alguns será o dia de sua morte. E esses saibam todos, os verdadeiros heróis, não serão esquecidos. Muito menos suas famílias. Quando se derrama sangue por uma boa causa e para proteger quem amamos, faz a selvageria e o caos de uma batalha valerem a pena. Não temam leais súditos. Todos que partirem serão recebidos no Paraíso ou abraçados pelos Deuses nos salões. Para outros, não tão afortunados, será o dia que não esquecerão e contarão para os seus filhos e netos sobre a heróica Batalha de Lindsey. Onde enfrentaram uma horda de Saxões em maioria e os vencemos. Onde combateram o rei Octa e o fizeram implorar por misericórdia. Onde lutaram ombro a ombro com o seu rei. Onde protegeram o seu irmão de armas ao seu lado dando a vida em troca. Se lembrarão do dia que mandaram uma multidão de saxões direto aos portões do inferno onde serão recebidos por uma horda que irá lhes perturbar pela eternidade! Conto com vocês. Com Cada homem, com cada Cavaleiro, com cada mulher de valor. Empunhando cada arma com tanta vontade como se fosse a última coisa que vocês pudessem fazer. Lutem como um verdadeiro filho do Dragão! Cheio de fúria! Cheio de força e poder. Porque a essência de um verdadeiro guerreiro está aqui, dentro de nossa alma. Sacrifício homens! Não existe paz sem isso! Pensem nos seus amigos perdidos! Pensem em suas famílias! Lutem por eles. Unidos! Logres!”

Derrepente rompendo a calmaria da batalha o grito de Octa, o Rei inimigo, enche a planície. E seus homens formam uma parede de escudo com pelo menos dois mil guerreiros perfilados. O som alto das madeiras sendo encaixadas uma nas outras os deixa em alerta. Eles se escondem atrás de seus escudos com as armas levantadas. Mais um grito e eles começam a avançar.


PRIMEIRA HORA DE COMBATE


Do alto da falésia Marion pode ver lá embaixo a horda de saxões. São pelo menos mil homens correndo na areia da praia em formação de paredes de escudos. Marion em seu cavalo cavalga de um lado ao outro incentivando seus arqueiros. Os mil arqueiros olham atentos e concentrados para Lady Marion. Ela usa toda a sua forte personalidade para os manter em alertar. Merlim está em seu cavalo branco parado ao lado da formação.

Merlim: “Marion, pegue essa flecha! Ela vai ser bem útil. Eu te avisarei a hora de usá-la.”

A flecha é vermelha, com uma fita amarela enrolada e com runas desenhadas nela. Ela é leve como uma pena.

Logo se ouve a voz de Marion enchendo a planície.

Marion: “Pensem em quem vocês amam. Em suas vidas. Imaginem a flecha como uma extensão do coração de cada homem que se sacrificará no solo sagrado da Britânia. Atenção! Preparar! Ao meu comando! Disparar!”

Então todos em um movimento puxam as cordas de canhamo e disparam. As flechas assobiam cortando o ar e cobrem com uma sombra mortal a areia branca. O inimigo olha assustado tentando levantar o escudo pesado feito de madeira de tília e a bossa de ferro. Os bárbaros atingidos pelas flechas rolam pelo chão formando uma esteira de corpos manchando a areia branca de sangue. O homem no centro com mais braceletes parece ser o comandante. Ele cospe, esbravejando com os seus homens. Mil homens caem flechados. A maioria grita estrebuchando de dor.

Mas os saxões são corajosos e não se deixam abater pelo ataque. A formação com um escudo encaixado no outro continua cerrada. Os guerreiros da retaguarda substituem os da vanguarda.

Rei Uther: “Preparem-se Cavaleiros de Logres. Quero o centro e os flancos em linha. Precisamos de espaço para pegar velocidade. Cavalaria, se apresentar para o combate!”

Então toda a linha com mil cavaleiros dá um passo à frente. Os heróis olham ao redor e Sir Amig, Sir Dylan, Sir Dalan, O Príncipe Madoc, Rei Uther, Sir Elad, Conde Roderick, Sir Bag e Sir Jakin estão prontos. Todos desejam boa sorte um ao outro.

Sir Dalan: “É a nossa hora senhores! Protejam-se da melhor forma! Aqueles que morrerem! Ficarei com as suas mulheres!”

Todos riem.

Rei Uther: “Cavaleiros do Rei apresentar armas!”

Então todos os cavaleiros fecham os seus elmos, ajustam as alças de seus escudos e dão golpes no ar testando as suas armas. Eles olham a infantaria saxônica se aproximando. Eles tem os olhos em fúria e correm muito rápido, mesmo em formação de combate. O coração dispara e uma leve tremedeira é sentida.

Rei Uther: “Cavalaria, avançar! Juntos!”

E os cavalos começam a trotar em velocidade média, todos juntos, o trote no chão macio de areia pode ser ouvido por toda a praia. Uma nuvem de poeira levanta enquanto mil cavaleiros se preparam para se chocarem com o inimigo. De um lado o mar escuro da Britânia e do outro as altas Falésias formando um amplo corredor.

Rei Uther: “Formação fechada! Cavalguem para o caos! Aumentar velocidade!”

A velocidade é tamanha, tudo estremece, eles vêem o rosto do inimigo se aproximar, notam as barbas e dentes amarelos, instintivamente começam a gritar, e a respiração acelerada dentro do elmo é ensurdecedora. E aí vem a explosão com os cavalos se chocando contra os escudos inimigos e o impacto sentido em cada junta de seus corpos.

O centro conseguiu uma boa investida contra os saxões. Furando a parede de escudos e matando ou ferindo gravemente o inimigo. Na direita parece que Duque Ulfius sofreu certa resistência e muitos Cavaleiros e montarias morreram. Mas Gorlois na esquerda também conseguiu realizar um ataque perfeito. Muitos bárbaros correm para o mar e outros tentam voltar para as suas fileiras assustados.

SEGUNDA HORA DE COMBATE

O som da batalha rompe pela praia abafado o som das ondas. No início da segunda hora Marion vê lá de cima os inimigos mortos na praia e uma massa formada de sangue e carne está espalha em uma linha onde o inimigo tentava formar uma parede de escudos mas foi atingido pela pesada carga da Cavalaria real. Merlim está ao seu lado.

Merlim: “Menina! Quando eles correrem para nos atacar atinja-os com as flechas e prepare-se, porque alguns deles tentarão chegar aqui em cima para nos matar.”

E é o que acontece, o Rei Octa, atrás no centro do seu exército aponta com o seu machado para Eosa à direita. O gigante, bem acima de seus homens grita algo e um grupo com pelo menos quinhentos homens saem do flanco direito com os escudos erguidos e marcham para onde começa a falésia. Por ali se tem acesso ao topo da formação através de uma rampa natural de terra e areia. Os arqueiros começam a tremer e a se olharem assustados.

Arqueiros: “Meu deus! Vamos morrer!”

Marion: “Não temam homens! Vivos ou mortos! A deusa estará do nosso lado! Não desperdicem a glória de matar ou morrer pelo aço! Vamos! Em linha, preparar!”

Então, Marion puxa o seu cavalo vigorosamente e o empina, chamando a atenção de seus arqueiros. Os mil arqueiros pegam suas flechas das alijavas e preparam-se. O vento que vêem no mar sopra forte dificultando os disparos. Toda a tropa se vira um pouco para a direita para compensar a trajetória, mirando o mar, que quebra em grandes ondas. A voz de Marion é ouvida por toda a unidade e juntos disparam novamente.

As flechas saem dos arcos e alçam vôo. Ela parecem sair muito para a direita. Na trajetória parabólica que fazem são carregadas pelo vento fazendo-as caírem da direita para a esquerda atingindo o inimigo. Mais gritos de dor, e homens em convulsões feridos em uma mistura de sangue e areia é visto no centro do campo de batalha. Todos os que subiam são mortos rapidamente.

No centro do combate a batalha está acirrada. A Cavalaria enfrenta os últimos sobreviventes da carga final. Logo mais saxões correm desordenadamente, mesmo sem nenhum comandante bárbaro dar ordens. Agora a luta vira um caos. Com homens se espalhando em direção a falésia e outro bando atacando a cavalaria. Neste momento a infantaria vem lhes apoiar. Como precisam chegar ao mesmo tempo que o inimigo também correm sem formação de combate. Milhares de homens lutam se trombando com os seus escudos. Os comandantes de cada flanco. Ulfius na direita e Gorlois na esquerda também avançam tentando manter seus homens sem perder a formação e deixar os homens lutarem à esmo sem comando o que levaria a derrota rapidamente.

Logo após a carga, Algar e Enrick, enfrentam os saxões que chegam correndo para apoiar a primeira linha que lhes atacava. Por entre os cavalos eles vêem os infantes de seu exército correrem com suas cotas de malha e capacetes pontudos. Logo quatro saxões surgem à frente. Eles tem lanças e espadas. Que já estão sujas de sangue. Eles não pensam duas vezes e atacam os cavalos tentando os derrubar.

Sir Enrick vai descendo seu martelo de batalha com golpes rápidos e vigorosos. Quebrando elmos e desfigurando rostos. Algar estoca com a sua lança sagrada, Gungnir. Ela vai penetrando escudos e corpos abrindo caminho por entre os saxões. Até que Algar é cercado por um bando deles e seu cavalo é atingido em meio o caos. O animal empina e o Barão cai de cima de sua montaria na areia. Um infante de Logres olha para ele enquanto Sir Enrick mata o saxão que tentava atingir Algar que se levanta rapidamente com alguns arranhões.

Infante: “Bem vindo a infantaria Barão!”

Barão Lagar: “Então vamos avançar!”

Os corpos dos inimigos somem em meio a multidão que luta ao redor deles. Os heróis conseguem ver Jakin quebrando crânios com seu mangual e Sir Amig girar o cavalo abrindo um perímetro de segurança ao redor dele e dar pequenos piques com o cavalo usando a força da montaria para arrancar cabeças e braços que se levantam tentando golpeá-lo. Vêem também um infante receber um golpe com uma clava cheia de espinhos nas costas, saindo pelo seu peito cada ponta da terrível arma, quando saem o homem cospe sangue e cai morto. Depois um outro bárbaro gira o machado acertando um homem de logres do seu lado esquerdo, lhe arrancando o braço na altura do ombro, e depois gira a arma pesada para o outro, com habilidade, entrando em diagonal no meio do rosto de um outro homem. Somente dentes quebrados e sangue sobram debaixo do elmo do infante de Uther.

TERCEIRA HORA DE COMBATE
Alguns saxões conseguem dar a volta por uma trilha que sai da praia e leva ao topo da falésia. Eles correm pela planície sem unidades e vão se espalhando em uma linha. O chão de areia e vegetação treme enquanto eles correm. Uns mil homens chegam ali em cima. Eles se lançam na direção dos arqueiros. Instintivamente as linhas da unidade de Marion se vira em direção a carga inimiga. Isso leva um tempo impedindo-os de dispararem. A distância diminui e o combate corpo a corpo se torna inevitável. Os saxões os encontram e golpeiam por cima, por baixo, abrindo barrigas, espalhando entranhas. Ossos, costelas quebradas e crânios abertos fazendo um som como se dezenas de melancias fossem abertas com uma martelada. Marion tenta, a todo custo, manter seus arqueiros lutando. Eles começam a entrar em pânico.

Marion: “Lutem pelas suas vidas! Agora vocês são infantes! Saquem as suas espadas por Avalon! Me sigam!”

Os Arqueiros apavorados sacam as suas espadas, mas sem escudos, eles confiam as suas vidas a apenas a lâmina de suas armas. Neste momento merlim saca uma espada longa de seu manto branco e empina o seu cavalo na frente da unidade dos arqueiros de Logres.

Então o sangue de Marion congela, quando vê um bando de Cavaleiros, pelo menos oitocentos saírem de dentro da floresta à sua esquerda. Eles surgem bem ao sul, dois homens os lideram. Um tem um cabelo espalhafatoso saindo do seu elmo fechado. Estão todos armados e usando armaduras prateadas. Eles cavalgam em direção ao mar e descem por uma trilha que leva da falésia até a praia.

Neste momento um saxão chega correndo e tenta acertar com a bossa do pesado escudo redondo o focinho do cavalo para deixá-lo assustado e arrancar Marion da sela de sua montaria.

O Cavalo empina suas patas. Marion com dificuldade tenta se equilibrar. Um dos saxões golpeia as patas do Cavalo. O animal ferido cai. Marion rola e levanta cheia de areia com seu punhal. O saxão dá um passo à frente com um machado de guerra curto e golpeia. Ela se abaixa. Ele acerta o rosto dela com o escudo. Ela cambaleia, com o nariz e o rosto pitado de azul, sangrando. Quando ele golpeia novamente ela retira um cordão duplo de um dos bolsos da calça de couro marrom. Em cada ponta existe uma bola de pedra e joga nas pernas do saxão. Elas vem girando pelo ar e se enrolam. Ele tenta andar e não consegue. Então Marion gira pelo lado onde está o escudo até as costas de seu inimigo. Com uma corda de cânhamo, que estava enrolada em sua cintura, ela enforca o bárbaro, pendurada em suas costas. O homem cambaleia. Fica com os olhos esbugalhados. Vai ficando com a língua de fora até que cai de joelhos e depois para trás morrendo com o rosto roxo por não respirar.

O Barão Algar e Sir Enrick estão no centro do combate. Olham para trás e vêem o Rei Uther cercado por sua guarda pessoal comandada por Sir Brastias. Nos flancos a luta continua agressiva já que a cada minuto chegam hordas de inimigo de sua retaguarda. O chão está coberto por cadáveres de infantes de Logres e de saxões. A luta torna-se difícil no chão de areia. Não se vê o chão branco por muitos quilômetros. Está tomado de homens lutando e corpos. A areia está vermelha e escorregadia, devido ao grande número de vísceras e partes humanas espalhadas pelo chão.

Então os heróis escutam uma gritaria atrás deles e o som abafado dos cascos de cavalos a toda velocidade na areia. Quando olham para trás vêem estandartes se aproximando. Eles descem vindo por atrás da retaguarda do exército de Logres em direção ao mar. Vêem em grande velocidade. São mil homens. Não mais que quatrocentos acompanham o Rei e o Príncipe. Eles usam um pendão com uma águia preta em um fundo vermelho e uma faixa dourada. Os homens se aproximam montados usando armaduras prateadas. São uns oitocentos Cavaleiros. Cavalgando à frente do grupo com a espada apontando para onde está o rei, surgem Sir Jaradan e seu pai Sir Lockian, o Espantalho. E eles caem como lobos famintos atacando em uma carga a tropa pessoal do Rei pela retaguarda. Rei Octa dá uma risada sinistra de cima de seu cavalo, reconhecendo seu aliado.

Eles podem ver Sir Brastias em meio aos seus Cavaleiros, mais da metade já mortos. Os Cavaleiros do Rei viram a carga se aproximar mas não conseguiram girar rápido o suficiente para se defenderem. O Rei está no centro vulnerável. Madoc está junto e começam a lutar pelas suas vidas sendo atacados por seis inimigos cada um. O Rei Uther é quase degolado e outro golpe de espada lhe acerta o elmo quase o levando a desmaiar. Os sobreviventes da carga tentam defendê-los mas estão em menor número. Sir Brastias toca seu chifre de alerta e grita.

Sir Brastias: “Ajudem! Salvem o rei! Deus tenha piedade de nossas almas!”

Sir Elad: “Vamos homens homens! Juntos!”

Os Cavaleiros da Cruz do Martelo, Sir Elad e Sir Amig cavalgam lado a lado. Sir Enrick em uma passagem rápida grita.

Sir Enrick: “A mão Algar!”

Algar estica seu braço e pega impulso subindo na garupa de Hefesto.

Sir Enrick: “Logres! Vida longa ao rei!”

Sir Bag: “Abram caminho soldados! Saiam da frente!”

Recuando da linha principal da batalha, há duzentos metros na retaguarda, aos berros mandando a infantaria abrir caminho, eles chegam a toda velocidade onde o rei e o príncipe estão. Rei Uther está com o rosto com um hematoma e metade da sua armadura quebrada. Um filete de sangue corre de dentro do elmo de Madoc que parece também ter recebido um ferimento por entre as placas da armadura debaixo da axila e não consegue levantar a espada para golpear direito. Sir Jaradan era considerado o melhor espadachim da corte de Roderick, ele desarma rapidamente quatro cavaleiros reais e os mata com estocadas rápidas. O Espantalho tira vidas usando a força bruta de sua espada e cavalo com eficiência.

Rei Uther: “Matem-os, estamos encurralados aqui!”

Primeiro eles tem que enfrentar os cavaleiros inimigos. Cada cavaleiro da Cruz do Martelo engaja em uma luta com os homens do espantalho.

Algar e Enrick na mesma montaria são atacados por dois cavaleiros do Espantalho. Eles golpeiam forte. E os cercam com suas montarias. Os dois heróis aparam os golpes com os escudos e contra atacam tentando achar uma brecha nas pesadas armaduras dos inimigos. Até que uma estocada da lança de Algar entra pela frente do elmo de seu oponente e o Barão sente o ferro ceder e depois a suave textura da carne humana sendo dilacerada. O sangue jorra pelo pescoço do adversário moribundo. Quando retira a arma o corpo do cavaleiro cai dependurado pelo estribo e seu cavalo fica andando a esmo por entre os homens lutando. Sir Enrick recebe um golpe de espada forte no ombro. Ele se curva dando involuntariamente o pescoço para ser atingido. O inimigo golpeia novamente mas no meio do movimento desfalece. A parte de cima do martelo do Flecha Ligeira, ponte aguda, já tinha penetrado no ventre de seu oponente.

No final da terceira hora a batalha o exército do Rei Uther está cercado. Milhares de saxões vem do norte e enquanto o centro e o flanco do Exército de Logres mata centenas de bárbaros. Logo surgem mais. Na retaguarda a cilada do espantalho tentando matar o rei leva os homens a lutar desesperados. São oitocentos cavaleiros atacando a posição de Uther e seus duzentos cavaleiros tentando protegê-lo. O Perigo é eminente. No alto da falésia os arqueiros estão sendo dizimados e Marion e Merlim lutam corajosamente.

QUARTA HORA DE COMBATE

Os arqueiros usam suas espadas e adagas contra saxões enfurecidos, que os odeiam mais que qualquer outra unidade. Bem armados e protegidos, peritos em luta corporal eles conseguem desfazer a linha e a cercar o inimigo. Os corpos dos arqueiros vão enchendo o solo e manchando de sangue a falésia. Provavelmente não sobreviverão a próxima hora de combate. Os bárbaros continuam a chegar em grupos lá em cima. Parece que o inferno nunca vai acabar.

Merlim manobra o seu corcel branco, eles não tentam o atacar, pois o temem mais que tudo. O Druida tenta proteger alguns arqueiros, se entrepondo entre o inimigo, mas é impossível. Enquanto salva alguns, outros morrem mais ao lado. A linha é muito grande.

Marion se levanta próximo ao seu cavalo morto. Ela olha e seu arco e a flecha dada por Merlim está no animal caído. Entre ela e o cavalo morto dois saxões se atiram contra a guerreira, eles usam martelos e machados para tentar abatê-la. Os dois homens golpeiam ao mesmo tempo. Marion pula para trás dando uma cambalhota no ar, algo sai da mão dela. As armas dos inimigos enterram na areia. Um deles, com o machado, cai morto segurando o punhal de Marion enterrado inteiro em sua na barriga. Ela aterriza abaixada em posição de ataque já com a sua gladius nas mãos. O saxão com o martelo joga a arma e seu escudo e corre para a mata próxima em pânico.

Consequência: Merlim se aproxima.

Merlim: “Agora menina! Atire a flecha!”

Marion retira a flecha vermelha, enrolada por uma fita amarela, dada por Merlim de sua alijava e a encaixa na corda do arco. Ela parece ser bem mais leve que o normal. Quando ela encaixa em seu arco longo Merlim passa a mão sem tocar na flecha. Ela se incendeia na ponta. Então a guerreira dispara para cima. A flecha vai ganhando altura bem rápida deixando um rastro de fumaça branca e zunindo com um som muito agudo. Todos no campo de batalha vêem aquilo sem entender direito o que é. O som diminui e quando chega lá em cima a flecha some em uma explosão branca e um estrondo. Todos se encolhem assustados.

Lá no meio da floresta escondidos os engenheiros vêem a flecha sinalizadora. Os heróis escutam o som do trebuchet de Sir Enrick, o Fazedor de Viúvas, sendo posto em ação. Eles escutam uma gritaria e olham para o alto e vêem uma bola de fogo surgindo, cortando o ar, vindo da mata. E o druida Merlim fazendo o movimento das mãos como se tivesse conjurando um feitiço. Os saxões olham tocando nos martelos de Thunor no pescoço. E a bola de fogo, feita com um barril cheio de azeite, irreconhecível pois está em chamas, cai no meio das tropas lá embaixo ateando fogo tanto em homens de Logres quanto nos bárbaros.

Os saxões ficam assustados não tira os olhos de Merlim que empina o seu cavalo balançando a sua espada que parece brilhar. Eles começam a recuar andando de costas. Merlim grita.

Merlim: “Agora vou transformá-los em pedra!”

Então eles viram e começam a correr dali. Alguns caem e tropeçam. Outros pulam da falésia lá embaixo totalmente aterrorizados, alguns quebram as pernas deixando para trás centenas de feridos e mortos espalhados ali no alto. Os arqueiros sobreviventes riem e se cumprimentam. Dos quinhentos arqueiros, somente uns cento e cinquenta estão vivos.

Ali embaixo na praia as linhas inimigas saxãs aliviam um pouco a pressão recuando assustados com a possibilidade de vir outra bola de fogo lá de cima conjurada por Merlim.
Sir Elad: “Temos espaço Cavaleiros do Rei! Me sigam! Avante!”
Então Sir Elad gira o cavalo dando as costas pra os homens do Espantalho e Cavalga rápido. Todos os Cavaleiros da Cruz do Martelo fazem o mesmo. Algar desce de Hefesto e monta em um outro que estava sem ninguém andando sem rumo por entre as linhas. Enquanto isso o Rei e o Príncipe tentam sobreviver com poucos homens formando um círculo. Já tem suas armaduras e armas bastante avariadas. Estão cercados.
O Barão Algar, Sir Enrick, Sir Amig, Sir Dylan, Sir Dalan, Sir Jakin, Sir Bag o seguem ombro a ombro. Atrás pelo menos quatrocentos cavaleiros de Logres deslocam-se para o mar. Eles podem ouvir o inimigo.
Inimigo: “Estão fugindo! Covardes! Abandonaram o seu rei!”
Então os cavaleiros do Espantalho os perseguem sem manter a unidade achando que os cavaleiros em fuga serão uma presa fácil. Então Sir Elad dá a ordem.
Sir Elad: “Curva para a direita homens, pelo mar!”
É aí que os Cavaleiros de Logres, bem treinados, conseguem fazer a diferença. Fazem uma curva, esporando e usando seus joelhos com a montaria uma ao lado da outra. Mantendo nem meio metro de distância um do outro, pegando o inimigo desprevenido, Sem nenhuma formação de ataque. Elad com sua espada cortando no ar grita:
Sir Elad: “Apresentar armas! Morte! Morte aos inimigos do Rei!”
Os heróis vêem o mundo tremendo e os inimigos se aproximando em suas armaduras reluzentes. A velocidade é tão grande que quase não podem ver quando se cruzam. Dando tempo apenas de dar um golpe no tempo de uma batida do coração. As armas cortam o ar e os homens contam com a sorte, naquela ínfima porção de tempo, para atingi-lo.

E a explosão entre as duas cavalarias acontece. De lado se vê os cavalos e cavaleiros passando. Muitos animais e homens caindo. Cavalos estrebuchando no chão com o ventre aberto. Corpos e mais corpos.
Enrick e Algar sentem suas armas acertarem algo. Não sabem se foi cavalo ou cavaleiro.

Todos estão estão suados, cheios de areia e sangue. Com a maioria dos Cavaleiros do Espantalho mortos ou feridos os que sobraram fogem pelo mesmo caminho que vieram. Sir Jaradan e Espantalho ficam próximos de Madoc e do Rei Uther. O alto e forte Rei joga a sua montaria contra o Espantalho e pula no homem. Os dois caem rolando pela a areia. Uther mancando se levanta. Já o Espantalho tenta, mas parece que quebrou a perna. Uther chuta o seu rosto. Ele cai com a cara no chão se afogando com a areia. Uther o pega pelos cabelos.

Rei Uther: “Você não serve nem para espantar corvos seu merda!”

Então com a Excalibur brilhando como prata ele corta o pescoço do homem como manteiga e fica com a cabeça pendurada pelos seus cabelos ruivos. O tronco sem vida, com a pesada armadura prateada, cai espirrando sangue na areia branca. O rei cospe na cabeça decapitada que está com os olhos virados e a língua de fora.

Madoc inicia uma luta com Jaradan, um espadachim muito superior à ele. O Príncipe tem seu braço muito ferido e não consegue levantar adequadamente o seu escudo. Sir Jaradan vê Uther matar o seu pai e diz.

Jaradan: “Ficarás sem herdeiro maldito!”

QUINTA HORA DE COMBATE

Rei Uther: “Formar parede de escudos infantaria! Avançar, os saxões estão voltando!”
No início da quinta hora de combate os saxões após o recuo decidem voltar. Eles formam uma grande linha com um escudo encaixado no outro. Ocupando toda a extensão da faixa de areia da praia. A luta na areia está equilibrada. A vantagem é que o exército de Logres conseguiu repelir os ataques pela retaguarda as custas da morte de muito dos seus homens. Pelo menos quatro mil homens de logres contra cinco mil saxões avançam em marcha lenta um em direção ao outro. Os dois lados batendo suas armas nos escudos trocam insultos. Os dois lados passam por homens mortos e feridos pisoteando-os. Na retaguarda Uther observa a certa distância a luta que irá começar entre Sir Enrick, Barão Algar, o Príncipe Madoc e Sir Jaradan. Como está montado em Hefesto, Sir Enrick chega antes dos trezentos cavaleiros sobreviventes da carga que também corre para socorrer o príncipe.
Jaradan e Madoc vão andando em circulo com os seus cavalos buscando uma brecha na defesa do outro. Jaradan um exímio espadachim espera pacientemente. Quando Madoc o ataca ele em movimento circular encaixa a lâmina de sua espada na do Príncipe e faz com que o pulso do Príncipe gire também. Logo a espada voa e Madoc fica desarmado. Jaradan abre seu Elmo.
Jaradan: “Bastardo! A morte é o que merece! E a terá em breve! Quando seus Cavaleiros chegarem, você já estará liquidado. E esses merdas aí não são páreo para mim.”
Madoc está de costas para o Flecha Ligeira e Jaradan de frente para os dois. Jaradan está pronto para matar o Príncipe ferido. Mas percebe que se fazê-lo não dará tempo de se defender. Ele vira o cavalo na direção de Enrick e diz antes de fechar o seu elmo.
Jaradan: “O Plebeu barra bosta e o assassino de padres! Vou palitar o dente com vocês seus filhos de uma cadela!”
E começa o combate. Jaradan muito rápido acerta Enrick. Sua armadura absorve o dano mas quase arremessa o Flecha Ligeira de cima de Hefesto. Ele contra ataca. Jaradan absorve o pesado golpe do martelo em seu escudo. Algar chega e entra no combate.

Barão Algar: “Agora o filho do Corvo matará o filho do Espantalho!”

Os dois dão um golpe ao mesmo tempo. Mas a lança sagrada do Demônio do Norte oferece tanta resistência e brilha em um dourado cegando e fazendo com que a espada do hábil espadachim voe de suas mãos. Jaradan olha assustado para Algar e não vê o pesado martelo de Sir Enrick se deslocar com um golpe na horizontal da direita para a esquerda que lhe acerta na têmpora, destroçando o seu elmo arrancando a viseira e causando fraturas em seu crânio. Jaradan está com o Elmo aberto, da para ver que de seu nariz verte muito sangue. Ele perde a consciência rapidamente e o seu cavalo, assustado com o impacto, sem controle, corre para o mar. O cavaleiros cai e é arrastado pelo estribo e mesmo no raso em meio a espuma do oceano ele se afoga. O Cavalo se assusta com algumas ondas que quebram e sai dali arrastando Jaradan por quilômetros, passando pelos homens feridos que buscaram refúgio na retaguarda e sumindo no horizonte com todos os ossos do corpo quebrados, espalhando pedaços de armadura e deixando um rastro vermelho de sangue. Dizem que acharam o corpo do Cavaleiro há duzentos quilômetros de Lincoln totalmente em carne viva. O filho do Espantalho passou a ser chamado, desde este dia, como Jaradan, o Sem Pele.

Madoc: “Obrigado amigos! Pensei que ia conhecer meus antepassados!”

O Rei Uther se aproxima a pé enquanto os Cavaleiros também chegam. Sir Amig, Sir Bag, Sir Dylan e Sir Dalan também estão com eles.

Rei Uther: “Deixe me adivinhar! Cavalos Stanpid, não é?”

Sir Enrick: “Isso mesmo Majestade!”

Sir Jakin desce do cavalo e o cede para o Rei Uther que o agradece.

SEXTA HORA DE COMBATE

Na sexta hora de combate os heróis e seus amigos estão na retaguarda. Eles observam as paredes de escudos se aproximando. Atrás vêem os comandantes de cada flanco. Quando estão à cinquenta metros começam a correr um em direção ao outro. Gorlois grita.

Gorlois: “Flanco esquerdo parar!”

A parede de escudos continua sem o flanco esquerdo Então o flanco direito do inimigo com Eosa entre as fileiras gritando para os seus homens avançarem se lançarem sobre o centro, agora desprotegido, preparando-se para fazer uma carnificina. Os homens de Gorlois só assistem a tragédia.

Rei Uther: “O que? Traidor! Maldito! Vamos Cavaleiros, rápido! Neste momento senhores, perdemos a batalha! Logres cairá em mãos saxônicas!”

Então o Rei Uther e seus cavaleiros saem em uma carga desordenada em desespero. Quando eles estão à meio caminho entre o flanco esquerdo de Gorlois e o direito de Eosa. Eles ouvem o estrondo das paredes de escudos se chocando mais uma vez, vêem o empurra empurra acontecendo. Alguns homens caem mortos substituídos por outro. E Eosa e seus homens se lançam ao centro e começam a chegar na parte de trás da parede do exército de Logres. Gorlois então grita apontando com a sua espada.

Gorlois: “Agora! Cornualhaaaaaaaaaa! Morteeeeee! Marchem para a guerra!

Então o flanco esquerdo corre. Antes os homens de Eosa matam. O gigante gira o seu martelo de guerra muito maior que um homem e ceifa vidas. Espalhando miolos, quebrando ossos aos montes. Pegando a unidade da ponta do flanco central de costas. Sentindo o frenesi da batalha eles vislumbram a vitória. Mas Gorlois vêem e inteligentemente ataca as costas do inimigo com seus Cavaleiros se lançando em uma carga forte e letal. Assim Gorlois consegue abrir um corredor enorme entre a falésia e eles para o Rei e seus cavaleiros chegarem na parte de trás do exército inimigo. Gorlois cumprimenta o Rei com um movimento da cabeça cheio de sangue inimigo em sua armadura quando eles passam em alta velocidade pelo Conde da Cornualha.

Uther: “Vamos! Gorlois é um gênio. É a nossa chance. Sigam a Excalibur! Um reino, uma terra e um Rei! Carga!”

A espada brilha iluminando o dia. Os heróis se sentem revigorados, parecem não sentir mais seus ferimentos. Entrando em frenesi. Mesmo suados e lutando à seis horas. O som parece sumir e tudo fica em câmera lenta. Eles vêem quando passam ao lado do centro homens sendo atingidos e o sangue sendo espirrado. Dentes voando e corpos caindo em um spray de suor e sangue misturado aos cabelos longos e elmos partidos. O Rei Uther, O Príncipe Madoc, os Heróis e os Cavaleiros da Cruz do Martelo passam muito rápido em formação entre a falésia e a linha de combate que se reduziu em central e flanco direito lutando próximo ao mar.

Uther: “Curva a direita! Não tenham misericórdia!”

Eles chegam na parte de trás da parede de escudos inimiga e olham os corpos caídos nas fileiras, atropelam mais um tanto que se arrasta com membros decepados e ferimentos graves e chegam no centro da batalha. Na parte de trás do inimigo. O cercando. Cada deles atacam os bárbaros de costas que nem os vêem se aproximarem em uma carga frenética e forte. Os cavalos saltam o pequeno monte de cadáveres e os Cavaleiros de Logres matam sem pensar. Com os olhos vidrados em frenesi. A canção da espada canta.

No final da sexta hora, bem no centro, atacando o inimigo de costas, eles podem ver o Conde Gorlois. Ele empina o Cavalo e derruba uns cinco homens, enquanto golpeia com a sua espada os homens que o tentam cercar. Então em um pequeno espaço ele consegue esporar o Cavalo e trotar rápido se chocando contra o cavalo de Eosa. Gorlois, muito menor, se agarra com o impacto na crina de sua montaria jogando seu escudo para usar sua mão esquerda como apoio e não cair. Eosa, tão grande não consegue se equilibrar e ele e o seu cavalo caem entre seus homens e os Cavaleiros de Gorlois. Sua montaria se levanta e ele também. Agora sem o seu escudo, ele gira desesperadamente seu martelo para todos os lados. Mata três cavalos, mais dez infantes. Leva uma estocada no ombro, continua a girar o longo martelo. Alguém lhe atira uma lança que sai pelas suas costas. Ele grita. Gira para o outro lado e mata mais dois homens lhes partindo o crânio. Gorlois salta do cavalo e lhe corta a panturrilha. Ele cai de joelhos. Então alguém o degola ele derruba o martelo. Sem arma se debate, puxa um Cavaleiro de cima de seu cavalo pela perna e lhe quebra o braço. Gorlois leva um soco de Eosa e cai para trás com o rosto ferido, cuspindo sangue e dentes. O gigante pula em cima dele para tentar sufocá-lo. Antes leva uma machada nas costas que não é o suficiente para neutralizá-lo. Quando pula em cima de Gorlois, o conde está com a sua espada levantada. Eosa é transpassado no estômago se debate gritando pegando Gorlois pelo pescoço, o esganando. O Conde está branco e vira os olhos. Até que a pressão alivia e Eosa cai morto se debatendo em espasmos. O Conde embaixo fica inconsciente.

O flanco esquerdo saxão sem liderança e assustado se desmancha e os poucos sobreviventes correm em debandada para todos os lados. Os soldados de Gorlois ajudam a levantar o conde.

Conde Gorlois: “Essa passou perto!”

SÉTIMA HORA DE COMBATE

Enrick e Algar estão lutando forte, ao lado do Rei, na parte central da batalha. O inimigo começa a não aguentar a pressão e ceder terreno. Derrepente a linha central desaba, logo a frente o rei inimigo Octa surge em seu cavalo.

O Rei Uther grita: “Capturem o desgraçado! Quero ele vivo!”

Vários heorthgeneats bem armados estão ao redor do seu rei, seu estandarte com uma cabeça de lobo pingando sangue, o acompanha levado por um deles. Sir Bag, Dalan, Amig, Jakin, Conde Roderick, Sir Elad engajam cada um com um homem da guarda pessoal do Rei Saxônico. Dois destes atacam os heróis liderados pelo Rei Octa. Eles urram e gritam palavras um para o outro. A única coisa que os Cavaleiros entendem é a palavra “Thunor!”

O inimigo está desmontado e tenta usar suas lanças. Mas a Cavalaria de Logres fecha o cerco e eles ficam em um espaço muito pequeno para manejá-las com habilidade. Logo um a um tombam mortos. Deixando o Rei Saxônico exposto. Algar o fere no ombro. Desviando dos golpes de machado do guerreiro. Octa mata um dos Cavaleiros da guarda do Rei. Agora é a vez de Sir Enrick que lhe acerta um golpe tão forte nas costelas que o homem abaixa sua guarda. Algar lhe acerta no meio do rosto com a bossa de ferro de seu escudo. O homem cospe seus dentes em meio a sangue e saliva. Até que uma machadada de baixo pra cima desferida por Sir Amig arranca parte de seu couro cabeludo e o Rei Saxão cai prostrado com os olhos virando e as armas dos Cavaleiros do Rei lhe apontando por todos os lados.

Pelo corredor aberto pelo conde Gorlois, a luta se mistura. Octa está bastante ferido. Seus braços estão cheios de lacerações. Um grande hematoma fecha um dos seus olhos. Seu braço direito está quebrado, totalmente fora de ângulo. A cota de malha em diversos pontos está toda rasgada e sangue escuro jorra. Ele urra como um animal selvagem, cheio de ódio. Um pedaço do escalpo que foi arrancado por um golpe de lâmina deixa a mostra um pedaço de osso. Com poucos dentes, devido a um golpe que deixou seu elmo em frangalhos ele fica ali cercado sem ter para onde ir. Agora o centro do exército inimigo desaba e só resta o flanco esquerdo com pouco mais de dois mil e trezentos homens. A praia está tomada de corpos que se estendem desde a falésia até a parte rasa do mar, com os cadáveres boiando.
OITAVA HORA DE COMBATE

O exército inimigo vendo que o seu Rei foi capturado e o seu estandarte nas mãos do Rei Uther Pendragon começa a recuar.

Rei Uther: “Fujam covardes! Os homens de Logres não se renderão jamais. Seus bostas!”

E cospe no chão empunhando a Excalibur com a outra mão. Merlim observa tudo lá de cima com o rosto satisfeito. Eomund grita para os Germânicos tentarem mais um último ataque desesperado. Mas sem o apoio do centro e do flanco direito os homens do Conde Ulfius começam o massacre. Um a um os saxões são mortos. O pânico invade as tropas inimigas e quando começam a correr para longe dali. O campo de batalha vira um abatedouro. As tropas do Rei Uther com carga total começa a perseguição do inimigo. Eomund, o Germano cavalga à frente tentando escapar.

Sir Amig: “Ouviram bem Cavaleiros do Rei! Começar a matança! Se banhe no sangue inimigo! Quero cabeças arrancadas, barrigas abertas e ossos quebrados. Ao caos senhores!”

Sir Enrick e o Barão Algar partem com os seus cavaleiros em perseguição. Eomund, o Germano, cavalga rápido, com vigor, parece em pânico e desesperado. Ele olha constantemente para trás misturado a quase mil bárbaros em fuga. Nenhum saxão o ajuda, cada um quer salvar a sua vida. Os homens de Ulfius, Roderick e Gorlois os matam sem misericórdia. Sir Enrick dispara uma flecha certeira nas costas do inimigo. Que não parece ter sido ferido gravemente. Até que alguns metros depois, cai de seu cavalo rolando na areia branca da praia.

Quando chegam nele o corpo do guerreiro loiro fica estendido de barriga para cima com o rosto virado em seu elmo em forma de javali. Seus cabelos vermelhos de sangue e os olhos azuis vidrados parecem olhar para o mar. Seu sangue vai tingindo a areia branca. Logo as gaivotas pousam em cima dele e começam a lhe bicar.

Lá a frente eles vêem dois navios saxões com a proa de dragão. Uns cem homens saltam para dentro deles. Os outros, uns quinhentos, tentam entrar mas são repelidos com espadas e machados por seus próprios irmãos de armas. E ficam na beira da praia onde são mortos por uns mil e quinhentos homens de Logres. Quando os heróis chegam ali o lugar virou um abatedouro. A água está vermelha de sangue e todos os outros saxões que ficaram na praia estão mortos. Os barcos zarpam e sua vela é aberta enquanto remam. Os homens do exército de Logres ficam os xingando e os bárbaros à bordo dando risadas e fazendo gestos ofensivos.

Sir Enrick pega a sua pederneira. Acende uma flecha e dispara. Depois outra. Mais outra.
Uma a uma os projéteis atingem uma das embarcações. A vela do navio começa a se incendiar. Rapidamente o fogo se espalha tomando conta do mastro. Os homens à bordo dos navio tentam se mexer para apagar o fogo mas está tão lotado que não tem muito espaço para se mexer. Logo o fogo desce e todo o navio vira um inferno. Os saxões começam a pular do barco e vestindo cota de malha afundam como uma pedra. A maioria deles se afogam e uns cinco são trazidos pelas ondas até aos pés dos Heróis, na água rasa do mar, ainda vivos. Somente um dos barcos escapa. Algar olha os homens molhados e tossindo água do mar salgada prostrados à sua frente. Pega o seu machado e os mata em um banho de sangue e ódio. Dá para ver o leve sorriso no canto da boca do Demônio da Britânia. Os outros soldados olham assustados com a fúria do Barão.
Finalmente depois de oito horas de combate as lutas cessam e só resta morte por todos os lados. O campo de combate está repleto de corpos, sangue e tripas que se misturam à cavalos e armas derrubadas. Os homens do rei Uther caminham pelo campo de batalha degolando os sobreviventes inimigos e acabando com o sofrimentos dos animais. Os vitoriosos se cumprimentam. Percorrendo o campo de batalha os soldados procuram itens de valor entre os corpos, armas, pedaços de armadura. Fumaça cobre o campo de batalha dos corpos que estão sendo empilhados e queimados. Centenas de aves pousam e se banqueteiam em meio aos cadáveres. O cheiro dos mortos enche o ar carregado do verão quente. Três mil homens de Logres sobrevivem. Quase mil inimigos conseguem fugir. Os que ficaram na praia feridos ou se entregaram foram executados.

Os heróis estão no alto da falésia. Sir Enrick abraça Marion com carinho, enquanto Algar observa o campo de batalha e o mar no final da tarde. Venta bastante no final do dia de verão. As armaduras e cotas de malhas estão quebras e as armas trincadas e sem fio. As ondas quebram forte na praia. Lá embaixo Madoc conversa com cada homem os parabenizando pela batalha e comandando a retirada dos feridos para a cidade de Lincoln. Sir Dalan, Sir Bag e Jakin estão sentados na areia lá embaixo bebendo juntos uma garrafa de hidromel cada um. Eles acenam para os seus amigos lá em cima. Sir Dylan distribui garrafas de hidromel trazidas em uma carroça pelos pagens do rei para cada um que está ali.

Sir Elad: “É garotos, vocês notaram? Os saxões estão cada vez mais duros de lutar. Estão aprendendo nossas táticas. Isso não é bom.”

Barão Algar: “Eu quem dia senhor! Não foi fácil! Pensei que ia morrer.”

Rei Uther: “Quando o desgraçado do Espantalho nos atacou eu também pensei que era o fim. Esses cavalos Enrick, são incríveis, vocês chegaram muito rápido. Como posso comprá-los?”

Sir Enrick: “Na fazenda Epona Majestade! Seria muito bom pois meu pai está passando por dificuldades. A guerra contra Odirsen II foi dura para todos nós.”

Rei Uther: “Ajudarei seu pai. Conte comigo para pagar metade da dívida que vocês tem com ele. Os Cavalos Stanpid são essenciais para mantermos a nossa superioridade em campo de batalha.”

Sir Enrick: “Fico muito grato Majestade!”

Gorlois com o rosto bastante machucado fala: “Quer dizer que os garotos acharam que eu ia trair o Rei? O que pensaram que eu ia fazer?”

Barão Algar: “Olha Conde! Quando o flanco esquerdo parou eu pensei: Estamos mortos!”

Gorlois: “Tática Cavaleiros! Isso é que faz diferença em uma batalha. Infelizmente tive que sacrificar vidas de nossos homens naquele momento. Mas, acima de tudo ser um comandante implica em dar ordens que ninguém gostaria de dar.”

Conde Ulfius: “A nossa sorte é que ainda esses bárbaros são fanáticos e quase não tem disciplina. Mas atacam rápidos como a língua afiada de uma mulher.”

Marion vai fazer um comentário mas Enrick a impede discretamente. Lá de cima eles escutam Sir Amig falar com um grupo de soldados sentados sem fazer nada.

Sir Amig: “Os senhores estão feridos?

Soldados: “Não senhor!”

Sir Amig: “Os senhores estão bem?

Soldados: “Sim senhor!”

Sir Amig: “Então hoje os senhores vão aprender a carregar corpos! Mexam-se vagabundos!”

O veterano Cavaleiros olha para todos lá em cima e ri enquanto os soldados saem se atropelando procurando corpos para carregar.

Em Lincon um grande banquete é oferecido aos vitoriosos. O exército acampado do lado de fora do castelo canta e bebe. No grande salão do Duque os nobres comemoram. Os heróis da batalha também estão presentes. Nas grandes mesas muita comida é servida. Vinho e cerveja são consumidos em barris que são repostos rapidamente a medida que esvaziam. O Rei Octa dos saxões está amarrado em uma coluna de madeira, sentado no chão no centro do salão. Veste só uma tanga. Está bastante ferido. De vez em quando alguns passam e cospem nele. Em um momento do banquete. Gorlois vai até ele.

Gorlois: “Por favor Dickson se aproxime e traduza! Há anos esses miseráveis, mortos de fome invadem nossas terras. Estupram nossas mulheres, roubam nosso gado e matam o nosso povo. Não existe um Britânico sequer que não tenha sofrido perdas por causa desses desgraçados. Eis aqui o que eles tem de melhor. Um rei! Então como um monarca merece lhe cobrirei de ouro.”

Gorlois tira as suas vergonhas de dentro de seu gibão de couro e mija em Octa que meio acordado e delirante por causa de seus ferimentos só geme e tosse. Todos riem com o que Gorlois faz. Sir Amig sentando com Sir Enrick, Algar, Marion e os Cavaleiros da Cruz do Martelo não parece muito feliz.

Sir Amig: “Idiota! Isso é desnecessário! O desgraçado quase nos venceu hoje! Honra meninos. É a maior qualidade de um homem. E o que viram aqui não é exemplo para ninguém.”

A certa altura do banquete uma fila de mulheres da nobreza entra no salão. Uma delas da um passo a frente. Sua beleza é de tirar o fôlego. Sua voz é como música e ela parece ter vindo de um sonho. Enquanto os bardos estão tocando, a mulher começa a dançar. Todos os nobres e cavaleiros ficam hipnotizados.

Sir Bag: “Essa é Igraine senhores.”

Então Igraine recita um poema de vitória que compôs para o Rei Uther Pendragon.

Em nossa boa ilha, Um grande homem nasceu
Nas sombras de um império que já morreu
Sua bravura é rubra como o sangue de um Dragão
Sua força na batalha mais forte que uma legião
Pendragon, Nosso bom Rei nos trouxe a vitória
Pendragon, O destino pelo aço, pelo sangue, pela glória

As fiandeiras traçaram o seu destino
Com fios de pura prata
Cavalgando pelas terras
Varrendo os bárbaros do mapa

Como um dragão feroz
Derrotou o Rei Saxão
Rei Uther de Logres és imortal e forte como o deus do trovão

O rei está fascinado, até mesmo enfeitiçado pela beleza de Igraine. Ela acaba o poema e todos aplaudem entusiasmados. Os bêbados, nobres e heróis presentes parecem estar apaixonados pela mulher. Igraine deixa o salão enquanto o Rei Uther encara corajosamente o duque Gorlois que devolve carrancudo o desafio. O dia vai amanhecendo e os presentes caem pela bebida e dormem no grande salão. O Rei saxão é levado para as masmorras da cidade.

Pela manhã Sir Elad entra no salão e diz:

“Acordem homens! Ordens do Rei. Marcharemos todos até as muralhas de Malahaut's mais ao norte. O rei tem negócios a resolver por lá. O Príncipe Madoc irá até os saxões que ainda sobreviveram para tentar matá-los. Como a escolta real acompanhará o príncipe, vocês serão responsáveis pela segurança do Rei. O exército está dispensado e os homens restantes estão voltando para as suas terras.”

A cidade é de domínio romano. E um exército comandado por um rei centurião, Petrônio Italicus, os aguarda do lado de fora, montado, com a sua guarda pessoal. A medida que vão se aproximando as fileiras do exército da cidade vão ficando em formação.

Sir Elad: “Atenção homens!”

O Rei Uther levanta sua mão e todos param. Os reis se encaram e não falam nada.

Sozinho o corajoso o rei cavalga em direção ao rei centurião que faz o mesmo. Eles param e se encaram. Tudo fica em silêncio. Descem dos seus cavalos e quando os dois se encontram no descampado, eles se cumprimentam como dois velhos amigos. Os dois lados respiram aliviados.

Sir Elad: “Ordens do rei senhores! É proibido pilhar, saquear ou agir com má intenção aqui. Quem o fizer pagará com a vida. Montem acampamento e esperem do lado de fora.”

Passam-se dois dias de visita naquela corte. Todos estão nas tendas esperando. Os dias parecem longos e chatos. Até que Sir Elad recebe ordens trazidas pelo arauto real.

Sir Elad: “Coloquem a sua melhor armadura, façam seus escudeiros as polirem. Estejam limpos e bem vestidos com as suas cores. Os cavalos escovados e as armas brilhando. Vamos para Catterick, uma cidade fortificada ao norte próximo as montanhas. O rei está fazendo alianças.”

Então os dois reis partem com a formidável escolta.

Conde Roderick: “Cavalguem ao redor dos reis, eu não quero nenhum acidente aqui.”

Pelo caminho pessoas se curvam diante da majestade da comitiva. Estandartes são levados, bem como todos os integrantes bem vestidos. Dos cavaleiros foi exigido comportamento nobre e armaduras polidas. A escolta do rei Petrônio usa uniformes e armaduras romanas. Durante alguns dias, próximo a cidade, o Rei Uther acampa, joga, pratica lutas, realiza cavalgadas. Depois de quatro dias passados com várias atividades, uma grande caçada está marcada para acontecer. Os cachorros foram trazidos e caçadores experientes irão participar. Uther leva seu falcão pousado em seu antebraço.

A caçada começa no bosque próximo. Buscando a trilha de pequenos animais, os cachorros levam o grupo à uma parte da mata cerrada de árvores. Mas eles não acham nada. Então o rei vê uma lebre cinza correr e libera o seu falcão. Ele bate as asas e chega lá no alto e depois desce como um projétil cortando o ar. Com as garras pontiagudas não leva mais que dez segundos para matá-la. Um dos cachorros traz a caça. Todos aplaudem o Rei. Ele sorri satisfeito.

Sir Enrick está em seu cavalo distraído. Mas algo lhe chama a atenção. Ele alerta Algar. Os dois notam quatro homens fechando um cerco ao redor da mata onde o rei está. Eles tem pequenos machados de arremesso e arcos em suas mãos, eles se aproximam de capuzes verdes da cor da mata. Quase não fazem barulho. O Barão faz sinais em silêncio posicionando os cavaleiros. Derrepente Algar dá um grito assustando todos, inclusive os homens. Enrick dispara suas flechas matando dois deles. Algar parte em disparada com o seu cavalo acertando o pescoço do homem que cai sangrando se debatendo e morrendo logo em seguida. Um outro escapa correndo pela mata. Mas saindo de um grande arbusto Sir Bag estica seu braço e o homem olhando para trás bate com o rosto na armadura do grande cavaleiro levando-o a desmaiar. Sir Bag olha e levanta o polegar em sinal positivo sorrindo para o Barão.

Rei Uther: “Obrigado Cavaleiros! Serão recompensados e não esquecerei jamais este grande ato que realizaram! Devo a vida a vocês duas vezes. Estão vendo? Com Cavaleiros assim, quem precisa tomar cuidado? “Sigamos então! A caçada está encerrada. Esperemos então a chegada dos outros reis.”

E todos riem. Interrogados, nas masmorras por Algar e Enrick, depois de atingirem a inconsciência várias vezes, os dois assassinos sobreviventes contam que um homem a serviço de um rei os contrataram, mas que eles nunca souberam seus nomes.

Novamente os Heróis e seus homens estão acampados do lado de fora das muralhas da cidade. Ao norte da cidade existe uma grande floresta e depois uma cadeia de montanhas enorme no horizonte. Alguns reis chegam no local. Eles vieram para conversar com Uther. Acompanhando-os chega uma imensa comitiva, com guarda costas, mulheres, músicos e sacerdotes. Dentro da cidade Uther os recebe: o Rei Eurain de Reged, o Duque de Cambenet e o Rei de Garloth. Eles estão no pátio do castelo e Sir Enrick e Algar e seus Cavaleiros formados atrás do rei. Enquanto eles se cumprimentam o Rei Uther mostra excalibur para os nobres que parecem ficarem fascinados com a arma. Ali no pátio em tronos de madeira ocorre uma audiência. Uther conta sua campanha militar. Os outros Reis parecem bastante receptivos.

Rei Uther: “Barão Algar, se aproxime! Conte a esses homens como foi que o velho Merlim e vocês receberam a Excalibur da Dama do Lago. ”

Barão Algar: “Estávamos servindo em um forte no extremo oeste de Logres. Na fronteira. Então encontramos um velho pastor, enquanto patrulhávamos. Ele tinha perdido sua cabra favorita. Quando fomos atrás do animal e a capturamos o velho se revelou. Era Merlim, o Druida. O escoltamos mata adentro. Uma criatura, um cavaleiro feito de água e algas nos atacou. Mas a enfrentamos e vencemos, apesar de recebermos ferimentos que podiam ter nos matado. Entramos no lago em um barco com o Druida. Merlim abriu as brumas que pairavam por lá. E a mão da Dama do lago surgiu empunhando a espada sagrada. Foi uma experiência memorável.”

Todos os presentes ficam impressionados com a estória.

Finalmente o frio chega e a primeira geada congela os campos. Após três meses os Heróis levantam acampamento e então inicia-se a marcha para o oeste. No caminho de volta encontram a guarda real comandada por Sir Brastias e o Príncipe Madoc em um entroncamento da antiga estarda romana.

Príncipe Madoc: “Amigos! E aí como foram no norte?”

Barão Algar: “Apesar de um incidente ou outro tudo certo!”

Príncipe Madoc: “Nós fomos bem. Caçamos todos que fugiram e matamos quase todos. E por um tempo esses desgraçados vão pensar duas vezes antes de invadir nossas terras novamente.”

Rei Uther: “Muito bom filho. Vocês sabem que o príncipe Madoc, lhes tem em grande estima! Acredito que são uma excelente companhia para meu filho e quando assumir o trono gostaria que estivessem ao seu lado. São homens de minha inteira confiança! Então, quero que passassem este inverno em minha corte. Tragam suas mulheres e filhos e os Cavaleiros da Cruz do Martelo. Vocês são o martelo dos deuses em combate e a proteção divina da cruz de seu Rei. Vamos para Warwick em Werensis.”

O príncipe olha satisfeito concordando com o pai. Os outros cavaleiros olham com satisfação.

A cidade murada recebe o Rei com grandes festividades. Uma grande festa e recepção oferecida pelo regente, Sir Henri , toma as ruas todas decoradas para o natal com runas da antiga religião e símbolos sagrados da nova. No grande salão da corte, todos os nobres se reúnem. O Castelo quase dez vezes maior que o do Conde Roderick deixa os Cavaleiros de Sarum boquiabertos. Só dentro do enorme pavilhão com os brasões do Rei cabe a Catedral de Santa Maria. Centenas de pessoas banqueteiam e bebem inclusive Gorlois e Igraine. Uther não tira os olhos dela. As famílias estão reunidas. As crianças correm por entre as mesas. Todos vestem peles de animais para se aquecer. E uma enorme lareira aquece o ambiente. Risadas e conversas preenchem o ambiente festivo.
Príncipe Madoc: “Estou muito feliz amigos. Fomos atrás dos saxões e matamos a maioria deles. Prendemos seus líderes e agora eles terão que se sujeitar a nós. Agora somente o Velho Rei Ælle que mais fala do que luta caminha por aquelas terras.”

Vestindo um manto azul de veludo, bordado com runas da velha religião. Uma mulher forte de meia idade, com cabelos ruivos e a tatuagem da meia lua na testa caminha por entre as mesas conversando com todos. Principalmente com Gorlois. Todos a conhecem é Nineve, a Senhora de Avalon. Ela se aproxima da mesa onde estão os Cavaleiros da Cruz do Martelo e suas famílias e outros Cavaleiros da Cidade acompanhados de suas donzelas.

Nineve: “Apesar de alguns de vocês serem adeptos da nova religião, agradeço-os por terem ajudado Merlim a combater aqueles que queriam banir a nossa religião. Porque alguns não acreditam na grande deusa? Toda a força de Uther emana dela. Infelizmente lhes adianto que tudo tem seu preço! O nosso rei está divido entre as duas religiões. A deusa cobrará um preço por ele empunhar a espada sagrada em nome de outra crença. Com licença!”

Ela sai dali séria e preocupada.

Padre John, sacerdote do castelo se aproxima: “Essa mulher trás o mal! Ela representa crendices que nos levam ao demônio. Rituais antigos de depravação! Deus nos proteja dessa danação. Abram seus olhos.”

E vai embora. Todos ficam sérios e pensativos. Seriam só um joguete nas mãos dos Deuses novos e antigos?

Com o passar dos dias, o frio e a neve se fazem presentes. Quase ninguém sai do castelo e no interior as mulheres ficam no tear, enquanto os homens conversam, jogam e trabalham ocasionalmente suas habilidades no pavilhão atrás, com chão de areia para treinamento no inverno. Vários Cavaleiros se exercitam ali.

Sir Bag: “Vamos treinar guri?”

Sir Enrick: “É pra já gordão!”

Sir Dalan: “Vamos Barão? Vocês estão ficando gordos e preguiçosos.”

Barão Algar: “Vamos poltrão dançarino!”

Enquanto os quatro treinam e trocam golpes. Hora um acertando, depois o outro contra atacando. Sir Amig, assistindo dá palpites.

Sir Amig: “Levante mais esse escudo Algar! Enrick, deixe o seu pé esquerdo à frente. Bag, você não luta, você espanca. Parece um Dragão bêbado no cio. Dalan, muita dança e pouca eficiência. Chega cansei. Venham, os quatro contra mim.”

Algar: “Tem certeza?”

Sir Amig: “Mas do que você pode imaginar meu rapaz!”

Então Sir Amig cercado, quase não faz movimentos. Enquanto os Cavaleiros mais novos, giram, golpeiam, levantam o escudo. O Cavaleiro só desvia dando um passo para frente. Depois um para trás. Defende enquanto dá uma rasteira em Dalan que cai de boca na areia.

Sir Amig: “Dançarino! Coma um pouco de areia!”

Depois leva um golpe certeiro de Sir Enrick sem efeito algum.
Sir Amig: “Para isso que serve a armadura rapaz!”

E por último arfando mas corajoso e com o peito estufado ele encerra.

Sir Amig: “Eu falei que vocês tinham que melhorar.”

Todos os presentes os aplaudem. Madoc vem até eles rindo. Os escudeiros trazem toalhas para enxugarem o rosto e tiram a areia das armaduras com escovas.

Madoc: “Vocês gostam de se exibir, né? Tem notado que quase não vemos o rei? O rei parece entediado e infeliz. Quase não sai de seus aposentos e quando sai participa dos banquetes e nunca conversa. Nem mesmo comigo. Desde a chegada de Gorlois e de Igraine ele está diferente. O Duque pediu para retornar para a Cornualha mas o rei não permitiu.”

Na janta, ninguém vê Madoc ou sabe onde o Príncipe foi. Cai a noite e lá fora uma grande nevasca se forma. Vento e neve forte caem com uma intensidade muito forte.

Nunca tinha ocorrido uma tempestade com tanta intensidade na cidade. Todos vão dormir. Cada quarto tem camas com toldos com o Brasão dos Pendragon. Cada um tem uma lareira e uma janela estreita em formato de ogiva. O vento assobia nas torres de pedra.

No meio da madrugada Sir Enrick acorda com o barulho de conversa e casco de cavalos no pátio principal do castelo. A corte do Conde, Igraine e Nineve estão partindo do castelo. Da janela do quarto Algar vê pouca coisa e decide voltar para a cama.

Sir Enrick sai para investigar. Ele chega no pátio vazio. Os portões do castelo estão abertos e a ponte levadiça cobrindo o fosso. Dá para se enxergar muito pouco. A neve cai e as brumas tomam tudo em volta. Fora dos portões o nevoeiro se fecha como uma cortina vindo dos dois lados. O pouco que Enrick consegue ver é a figura de Nineve a cinquenta metros, como um espectro em meio ao frio e a nevasca fazendo um gesto trazendo os seus braços esticados horizontalmente até se unirem e fecharem a cortina da tempestade branca. Não se consegue ver mais nada. Sir Enrick sai do castelo em direção a ela. Nineve desaparece. Derrepente o Cavaleiro se vê perdido. O frio é intenso e ele treme congelando.

Então, tentando resistir, com espasmos musculares de tanto frio, a tempestade diminui até que se transforma, no meio da madrugada, em uma nevasca suave. O Rei e o Príncipe chegam com suas roupas de dormir.

Príncipe Madoc: “O que Nineve estava tramando! Ela me mandou a cidade para encontrar com um druida que trazia uma profecia a mim. Nunca achei o homem. Quando voltei todos estavam dormindo. Você viu quem partiu pai. Gorlois e Igraine!”

Rei Uther: “Desgraçado! Gorlois sempre age por conta própria! Cuspiu em minha hospitalidade! Ofendeu minha honra! Não aguento mais a insolência desse vassalo imprestável. Não sei como Igraine pode estar ao seu lado quando quem protege todo o reino sou eu. Marcharemos homens, no início do verão, para a guerra e teremos vingança! Quero a cabeça desse maldito em uma bandeja de prata! ”

O rei se retira batendo a porta e xingando todos e empurrando um serviçal para longe.
Sir Amig abre a porta por onde o rei saiu: “Venham homens, hora de dormir! Guardem as suas energias. Teremos guerra na Cornualha!”

sábado, 4 de setembro de 2010

Aventura 14: A Paz de Excalibur, Ano 490


Após ao anoitecer no Campo de Batalha de Figsbury, são acesas centenas de fogueiras por todo o lugar. A cruz queimando com os ossos calcinados de Edwin e Wistan em sua base arde sem parar. E os servos dos Lordes, habitantes das vilas e de Sarum empilham os corpos. Os mortos cristãos são separados dos pagãos. Os primeiros são enterrados em uma cova coletiva no pé do morro das ruínas, onde, a luz de tochas, padres rezam por suas almas, junto de dezenas de familiares e os outros são queimados em uma grande pira funerária na face sul, também junto de seus familiares enquanto os arqueiros de Avalon cantam um suave mantra de despedida. O corpo de Sir Alein foi levado por seu pai e o corpo de Odirsen II foi recolhido por sua ex esposa e filhos. Sir Hervis e seu Arauto, bem como o batedor inimigo foram retirados do alto da paliçada e removidos das cruzes onde estavam amarrados com mais de cinquenta flechas pelo corpo, cada um, e enterrados como anônimos junto ao morro com os outros. Melion foi levado por noviços de Avalon para Glastonbury onde será colocado em um barco e levado pelas fadas, em uma cerimônia secreta, onde somente os druidas poderão participar. O rei e sua guarda pessoal já foram embora. Sir Warren também partiu com seus escudeiros e cavalariços. Sem dizer uma palavra ele abraçou Algar e deixou a planície desolada. Sir Bellias e Briant estão unidos novamente pela dor da perda Alein e foram montados ao lado da carroça que levou o corpo do Paladino, seus filhos e mulher. O Almirante Gwenwynwyn já zarpou com poucos homens para Hantonne. Na despedida ele deixou para Algar a estátua de madeira de Netuno que levava à frente de seu barco. Com um aperto de mão ele disse: “Foi uma honra Algar!”, subiu sério em seu barco e desceu o Bourne.

Perto das barricadas à oeste das ruínas

O Barão Algar, junto de Bruce, Madoc, Sir Bag, Sir Jakin, Sir Dalan estão sentados ao redor de uma das fogueiras tomando hidromel. Estão todos suados, cheirando mal, com sangue e terra nos cabelos e no rosto. O cheiro de morte está por todo o lugar.

Bruce: “Aos corajosos homens que tombaram em combate meus amigos! Que encontrem a paz e bebam tudo que puderem, lutem quanto aguentarem e tenham quantas mulheres quiserem nos salões do Vahalla!”

Sir Dalan: “Que batalha senhores! Fez Bayeux parecer uma guerra de barro entre crianças! Se não fosse a sua idéia da paliçada estaríamos mortos. Conter a infantaria inimiga foi essencial. Eram muitos, apesar dos arqueiros não os deixarem respirar um minuto.”

Madoc: “O povo está dizendo meu amigo que você conjurou os cavaleiros da morte para te ajudar! Quer dizer que eu venho ajudar e você leva a fama de feiticeiro! Nenhuma glória para o desgraçado do Príncipe!”

Algar: “Pois é meu Príncipe, mas a sua ajuda foi de grande valia.”

Madoc: “Só consegui convencer o rei no meio da tarde de que vocês precisariam de ajuda. Então pedi voluntários da guarda pessoal de meu pai, colocamos nossos disfarces e saímos como loucos de Camelot até aqui. Anda bem que quando chegamos tínhamos muito a fazer ainda.”

Sir Bag: “Ouvi dizer que Marion lutou como uma Valquíria hoje à tarde. Ela colocou aqueles arqueiros pra correr. E lá em cima, o que aconteceu? É verdade que ela encarou com uma adaga dois cavaleiros de Elite de Odirsen II?”
Algar: “É verdade! Ela pulou nas costas de um deles e o degolou, mas o outro a atacou com uma pesada espada e a feriu gravemente. Não sei se sobreviverá.”

Sir Bag: “Que a Deusa a ajude! Uma guerreira, uma mulher! Quem diria! Ela está entre a vida e a morte! Essa menina vale ouro. Mais que vocês, seus bandos de cueca azedos.”

Sir Jakin: “Parece que o flecha ligeira ficou tão desesperado com o ataque violento que a Marion sofreu que ao tentar salvá-la, lá em cima, sem nenhuma erva, pano, ele não conseguiu ajudá-la. Só vi o guri correr descer como um louco com ela no lombo de Hefesto e passar voando em direção à retaguarda. Logo depois, Sir Amig ficou sabendo e Dylan também e correram para lá. Vamos torcer para que dê tudo certo.”

Sir Dalan: “Temos que nos preparar para o pior. Se ela não recebeu os cuidados adequados, deve estar deixando o nosso mundo em breve.”

MEIA HORA ANTES

Retaguarda norte, área de socorro

Dez tendas enormes na retaguarda ao norte, tem os brasões da deusa da cura, Brigit, uma chama saindo de duas mãos com as palmas viradas para cima, hasteados na frente. Fogueiras estão acesas na frente de cada uma delas. E pilhas de corpos vão aumentando no lado de fora a medida que os feridos vão morrendo e trazidos para fora. Ali, ao redor, pelo menos seiscentas pessoas se acotovelam esperando notícias de seus familiares. Cavaleiros formam um círculo ao redor da área para evitar a entrada de pessoas que atrapalhem o trabalho ali dentro.

Enrick passa com dificuldade entre aquele número enorme de pessoas e para Hefesto na entrada de uma das tendas, antes dos Cavaleiros.

Cavaleiro: “Alto que vem lá?”

Sir Enrick: “Sou eu cavaleiro preciso passar! Rápido é uma emergência.!”

Cavaleiro: “Senhor Flecha Ligeira, por favor, pode entrar!”

No interior da tenda está uma bagunça. Cinquenta mulheres com túnicas azuis, com uma meia lua de prata afiada na cintura e tatuada na testa uma cruz com um quadrado no centro, formado por outros quadrados concêntricos correm com as mãos e roupas sujas de sangue de uma lado para o outro. Uma centena de mesas tem homens deitados em cima. Uns parecem bastante feridos, espumam e viram os olhos. Outros estão sentados e parecem ter quebrado uma perna ou um braço. Outro homem sem o antebraço grita de dor enquanto três servos o seguram e uma das mulheres o socorre. No canto Enrick vê a sombra de um homem, refletida no couro da tenda e gritando “Não!” e o seu braço sendo amputado. Uma das curandeiras de Avalon se aproxima.

Curandeira: “Pois não senhor?”

Sir Enrick: “Minha mulher está morrendo!”

Curandeira: “Meu deus é Lady Marion, venha me siga!”

Em uma mesa vazia Enrick coloca Marion deitada. Ele está com a armadura e mãos cheias de sangue. Ela está com o maxilar no lado direito quebrado. E um corte na clavícula fundo. Enquanto o seu coração pulsa, com a pressão das batidas, o sangue jorra para fora do ferimento no mesmo ritmo. Por vezes s guerreira delira e geme de dor.

Curandeira: “Já tentou curá-la senhor?”

Sir Enrick: “Sim, mas falhei.”

Curandeira: “Temo lhe dizer que não temos muito a fazer. É muito grave. Se tentarmos uma cirurgia, ela morrerá instantaneamente.”

Neste momento, Enrick escuta a voz de Sir Amig acompanhado de Dylan. Eles vêem o Cavaleiro e vão até ali.

Amig: “Minha filhinha! Minha princesinha! O que fizeram com você?”

Dylan: “Enrick, como ela está?”

Enrick: “Temo lhe dizer amigo. Ela está muito mal.”

Curandeira: “Somente um milagre poderia salvá-la senhores, desculpem, fizemos tudo que podíamos!”

Dylan: “Esperem aqui! Onde está Hefesto, Enrick?”

Algar e os cavaleiros conversam quando chega Dylan montado no cavalo de Sir Enrick.

Dylan: “Marion está morrendo! Ela não resistirá! Me ajudem amigos! Estou desesperado! O que podemos fazer? Alguém tem algo que possa ajudá-la?”

Os cavaleiros se olham e abaixam a cabeça e a balançam negativamente. Algar chama o seu Cavalariço e mexe em sua algibeira. Até que acha um alforje e sorri.

Algar: “Eu acho que tenho.”

Todos os cavaleiros se levantam e se olham.

Sir Bag: “Vamos na frente, Algar, abrindo caminho. Montarias escudeiros, rápido seus inúteis!”

Cavalgando em velocidade, Algar, Dylan e Bag abrem caminho, atrás vêem os outros cavaleiros. Quando chegam na porta da tenda, os cavaleiros que fazem a segurança abrem passagem. Enrick vê todos os seus amigos se aproximando por entre as mesas. Sir Amig segura a mão da filha, e não tira os olhos do rosto dela. Ele não olha para ninguém. O Barão Algar dá o Elixir para o Flecha Ligeira.

Algar: “Tente isso amigo. Um dia você me ajudou a salvar minha esposa. Hoje é meu dia de retribuir.”

Sir Enrick se aproxima e Marion tem a cabeça levantada e o líquido é despejado em sua garganta lentamente pelo Cavaleiro preocupado. Aparentemente tudo está como antes. A respiração da guerreira continua acelerada e o sangue a jorrar. Sir Bag anda de um lado para o outro. Então ele para de costas.

Sir Bag: “Deusa, sei que já matei, arranquei cabeças, falo palavrões e como mais que um touro. Deixe a menina de ouro viver, por favor! Eu prometo não por mais uma gota de bebida em minha boca. Eu nunca te pedi nada, me atenda sua desgraçada filha da p...!”

Então Marion tosse e sussurra algo. Todos olham para ela. Com dificuldade e um leve sorriso no rosto ela diz.

Marion: “Não xingue a Deusa Bag”

Neste momento a hemorragia parece ter parado. Ela está com os olhos abertos. Sir Bag ri. Sir Amig, respira aliviado. E todos os cavaleiros se cumprimentam. Derrepente ela fecha os olhos e a respiração diminui. A curandeira se aproxima.

Curandeira: “Deixe me ver!”

Ela pega no pulso da guerreira. Coloca as mãos no ferimento, depois na testa e conclui.

Curandeira: “Está tudo bem. Elá está dormindo! Agora saiam e deixe-nos trabalhar. Ela vai levar luas até estar bem. E precisará de uma cirurgia em breve para sobreviver. Amanhã vocês poderão visitá-la.”

Então eles saem da tenda e se reúnem fora dali.

Sir Enrick: “Obrigado amigo! Mas o que era aquilo?”

Barão Algar: “Presente de casamento de uma sacerdotisa de Avalon. Nunca tinha usado. Estava esquecido em minha algibeira. Parece que a Deusa deixou a água do poço das fadas para salvar Marion.

Sir Amig: “Venham garotos, sigam-me!”

Sir Amig caminha à frente em passos decididos até a área de prisioneiros. Passa pelos homens que fazem a guarda que o cumprimentam. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo olham e quase uma centena de inimigos estão sentados, outros deitados, outros conversando, até que chegam em um grupo só de cavaleiros, mantidos vivos somente para se pedir resgate para as suas famílias.

Sir Amig: “Quem foi o bravo cavaleiro que tentou matar Lady Marion?”

Primeiro nenhum prisioneiro diz nada.

Sir Amig: “Vamos, se não falarem pagarei pelas suas vidas e os torturarei até que me respondam!”

Os outros Cavaleiros apontam para um dos homens sentado mais atrás. Sir Amig vai até ele o levanta do chão pela gola da armadura. Sir Enrick o acompanha.

Sir Amig: “Venho exigir o meu direito de pai!”

Ele empurra o homem em uma das estacas, onde tem o brasão de Algar tremulando, e o segura com a mão esquerda. O homem, com os olhos assustados, não fala nada. Então Sir Amig retira seu punhal da cintura e o degola, soltando o homem que leva sua mão até o pescoço que vai se enchendo de sangue. Lentamente ele cai de joelhos e se afogando cai em espasmos de bruço sem vida.

Sir Amig: “Está feito!”

Ele limpa sua adaga na grama e a guarda na cintura novamente.

Sir Enrick: “Saiba que isso não vai acontecer novamente! Protegerei Marion e a amarei!”

Sir Amig: “Fique em paz guri. Afinal ela está viva. E ela é uma mulher forte. Não precisa de proteção. Só alguém que a ame de verdade já basta. Vamos para Sarum, dormiremos no Castelo de Roderick. Temos o funeral de Sir Alein pela manhã!”

No dia seguinte, depois de se banharem e dormirem, no salão de audiência do Conde Roderick os clarins acordam a cidade às seis da manhã. Sir Dylan, Sir Jakin, Sir Dalan, Sir Amig, Sir Bag e seus escudeiros acordam.

Sir Amig: “Mexam-se homens! Hora de acordar vagabundos!”

Depois de se banharem e os escudeiros prepararem as armaduras de metal polida e os vestirem, um grupo de servos entra carregando uma maca de madeira. Em cima está Sir Alein e o colocam em uma das mesas do salão. O Cavaleiro está vestido com uma armadura com detalhes de seu brasão gravado no peitoral em ouro. Ele tem o rosto pálido e usa seu elmo com uma cruz na face. Nas mãos junto ao seu peito leva a espada com a empunhadura com a cruz irlandesa que Algar o tinha presenteado. Ele foi lavado e não se nota nenhum ferimento sofrido. Parece estar em paz. Só Madoc, Algar, Enrick e seus Cavaleiros estão no salão. Sir Bag fala olhando para o morto.

Sir Bag: “É amigo! Foi uma honra lutar ao seu lado! Um homem bom é muito raro existir hoje em dia.”

Sir Jakin: “Nunca atacou ninguém! Só revidava os inimigos! Grande Cavaleiro.”

Sir Amig: “Pois bem homens, nossos cavalos estão prontos lá fora. Escoltaremos a carruagem desse grande homem até a Catedral. Vamos!”

Sir Bellias e Briant estão ali fora aguardando e ambos abraçam Algar.

Sir Bellias: “Uniremos nossa família novamente sobrinho!”

Sir Briant: “Contem comigo para isso!”

O corpo de Sir Alein é colocado na carruagem, puxada por seis cavalos com as cores do cavaleiro morto e a escolta, no pátio do Castelo, sobe em seus cavalos. Todos as montarias estão vestidas de negro. A ponte levadiça desce e o Príncipe, Barão Algar e Sir Enrick e os Cavaleiros da Cruz do Martelo vão ao lado da carruagem. Sir Amig segue atrás. Depois de descer a rampa que leva ao castelo eles vêem a multidão que está nas ruas de paralelepípedo. Choram e atiram flores antes da carruagem passar. Somente o som de um bumbo compassado marca o ritmo da comitiva fúnebre.

Quando chegam o sino da Catedral de Santa Maria toca. Eles descem dos cavalos e cada um pega do lado a maca que é erguida acima das suas cabeças e levam o corpo de Sir Alein para dentro da Catedral. Dentro da igreja as pessoas estão com velas acessas nas mãos e se ajoelham enquanto o corpo passa. A viúva, Lady Keity, e os dois meninos choram na primeira fila. O rei está sentado em um trono elevado, sozinho, atrás do altar. Bispo Roger, Padre William e Hanz de Duplain, esperam para celebrar a missa. Eles olham com pesar para o corpo do cavaleiro. A maca, com o corpo, é colocada em um pedestal de mármore na frente do altar. O Príncipe Madoc, Barão Algar, Sir Enrick e os outros sentam-se na primeira fila. Lady Adwen está do outro lado confortando a viúva.

A cerimônia em Latim dura quase quatro horas. O bispo conclui enquanto Sir Amig dá uma cotovelada para Sir Bag, que roncava alto, acordar.

Sir Bag: “Mas, hein?”

Sir Amig: “Silêncio, idiota!”

Bispo Roger olha feio para Sir Bag e depois conclui: “Que o nome desse homem! Um exemplo de virtude, bom pai e esposo. Amigo fiel e guerreiro Britânico corajoso não se perca no tempo. São Alein será o padroeiro dos cavaleiros cristãos de Sarum. Nunca o esqueceremos! Nossa Majestade irá falar”

Todos dizem Amém.

Rei Uther: “Muitas perdas tivemos meus bons amigos. Famílias destruídas. Homens corajosos que enfrentaram a morte. Heróis que nos deixaram. Sir Alien era um desses guerreiros que serviam de exemplo para toda a ordem da Cavalaria. Para nunca esquecermos de seu legado, o nome da planície que se estende entre Figsbury e Laverstock se chamará a partir de hoje, Campos de Alein.”

Então, todos os Cavaleiros da Ordem da Cruz do Martelo, Sir Amig, o Conde Roderick e Madoc levantam a maca onde Sir Alein está deitado. Em um dos nichos, no lado direito da igreja, em uma tumba retangular de mármore ele é colocado. Depois é uma lápide de mármore lacra a sepultura. Posteriormente será colocado a figura esculpida do cavaleiro deitado, com a sua armadura e espada. Está inscrito em galês na parede logo acima do túmulo. “Sir Alien, Cavaleiro da Cruz do Martelo, viveu, lutou e venceu. A morte é só uma passagem para uma vida nova, maior do que Sir Alein deixou, coroada de glória.”

Um coral de crianças, filhas dos nobres cantam, enquanto todo vão abraçar e confortar a viúva. Então o Bispo Roger encerra a missa de réquiem.

Bispo Roger: “Vão em paz e que uma nova era floresça da união entre nossos povos e nossas crenças.”

Na saída da igreja na frente da Catedral todos se reúnem. O Rei já partiu pelos fundos da igreja, junto com Madoc,o Conde Roderick, Sir Briant e Bellias. Sir Elad está ali também.

Sir Elad: “É, a vida continua Cavaleiros. Sir Enrick, tem se falado muito bem na corte sobre o senhor! Este aqui eu pude treinar e me orgulho muito. Depois que Algar me salvou dos saxões me mostrou que estava pronto. Acho que essa batalha foi sua formatura garoto. Meus parabéns!”

Sir Enrick: “Obrigado comandante! É uma honra!”

Sir Amig: “Aos que interessarem (olha para Enrick) Marion passou por uma cirurgia na madrugada. Ela está bem e foi levada pelos Druidas para um local desconhecido para ela se recuperar. Sabem como são esses Druidas. Um pessoal quieto, cheios de mi, mi, mi, mi, mi e versinhos. Mas na hora do pau, eles matam todo mundo e não deixam nada pra nós nos divertirmos.”

Barão Algar: “É verdade! Botaram os arqueiros de meu irmão pra correr!”

Sir Amig: “Pois bem, Sir Enrick! Marion está viva. Você também! Eu também! Vejam que coisa né? (todos os cavaleiros baixam a cabeça e disfarçam). Parece que você gosta dela. Ela também. Eu não! Quer dizer, gosto de você, mas só de pensar alguém colocando a mão em minha princesa e fico com vontade de...! Flecha Ligeira, eu sei bem que raio de flecha é essa...”

Sir Dylan: “Calma pai. Respire fundo. Faça como ensaiamos. Vai!”

Sir Amig: “No início da primavera, um dia antes do Beltane. Eu gostaria de ter a honr... (Dylan: Honra) A honra de visitar o seu feudo para combinarmos os detalhes de seu... (Dylan: Ca..., Ca...). Não consigo, (Consegue pai, vai ter que conseguir) Casamento! Pronto falei!”

Sir Enrick: “Lhe receberei com muita hospitalidade! Hidromel, comida! Será uma alegria sua visita!”

Sir Amig: “Quero sua família como testemunha Barão. Um amigo seu já abandonou a coitada da filha do Sir John Smith. Enrick te transformo em flecha capada, hein? Se acontecer o mesmo. Então até mais ver. Meninas! ”

E Sir Dylan e Sir Amig montam em seus cavalos e vão embora.

Sir Bag: “É guri! Que sogro, hein? Boa sorte!”

Sir Enrick: “Nem me fale!”

Sir Dalan: “Casa ele com a sua mãe Bag!”

Sir Bag: “Ela me daria bronca e ele me encheria de porrada!”

Sir Jakin: “Mudando de assunto! Eu estava conversando com um dos cavaleiros do Rei e soube que no próximo verão iremos caçar dois reis saxões que se aproveitaram de nossos problemas para nos atacar e pilhar. Octa e Eosa. Dizem que são cruéis e assassinos.”

Barão Algar: “Que venham sem problemas! Adoro arrancar umas cabeças saxônicas!”

Então vem o natal, cada homem vai para os seu feudo, o frio fica intenso. Todos os nobres juntam-se as suas família e aproveitam o tempo de calmaria para curar os ferimentos e tentar esquecer os momentos tristes e relembrar os gloriosos.

Passa o tempo, o gelo derrete e o frio vai embora e começa a primavera de 490. A temperatura na Britânia é agradável essa época do ano, por volta dos vinte graus. As lebres começam a correr pelos campos. Os ursos acordam. As raposas e lobos brincam nas florestas. Filhotes de todas as espécies ressurgem e os pássaros cantam.

FEUDO DO BARÃO ALGAR: Winter Burne Gunnet

Nas terras de Algar os servos acordam logo que o sol surge, comem seu mingau de aveia e um pouco de queijo e dirigem-se as terras e começam a plantar. Com arados de madeira, ajudados por cavalos eles riscam a terra e plantam aveia, cevada e trigo. Três dias por semana trabalham nas terras do Barão. Do dia da Lua até o dia de Odim. Do dia de Thor em diante a produção é destinada a eles próprios, mas metade dessa produção também vai para o Barão. A produção de Hidromel vai bem também. A próxima safra vai sendo preparada para ser curtida em barris de carvalho.

Mais da metade dos servos de Algar morreram na batalha de Figsbury. A grande maioria dos aldeões, agora em Winterburne Gunnet, são crianças e mulheres. O feudo produzirá três libras este ano devido a falta de trabalhadores. Lady Adwen está em casa sentada, porque já está com uma barriga bem grande e com as pernas inchadas. Algar está lá embaixo sem camisa, no sol, na terra vendo seus servos trabalharem.

Servo Björk: “Meu senhor! Precisamos resolver este problema de falta de trabalhadores. Se continuarmos só com mulheres, velhos e crianças nossa colheita tende a cair a cada ano que virá!”

Barão Algar: “Então faça o seguinte. Procure feudos com excedentes de servos e espalhem a notícia por Salisbury que estamos precisando de mais trabalhadores. Não podemos ficar assim nas próximas safras. Do contrário a fome pode vir.”

Arauto Brichan: “Senhor! E não esqueça da dívida que temos com Gondrik Stanpid. Sobraram cento e vinte cavalos. Mais oitenta foram perdidos na batalha. São mil e seiscentas libras de dívida meus senhor.”

Barão Algar: “Sim, teremos que alguma forma juntar esse dinheiro. Falarei com os Cavaleiros que participaram na campanha. Se for preciso até com o rei.”

FEUDO DE ENRICK

No feudo de Sir Enrick o trabalho na terra também não para. Os seus servos, vindos da vila do pântano, trabalham por dois. Eles tem forte resistência e disposição. As crianças também ajudam. Elas tem em média onze anos de idade. Alguns deles se converteram ao cristianismo mas a maioria ainda cultua os antigos deuses. O Padre Carmelo trata todos com atenção e igualdade e ele já os ensinou a falar galês. A produção deste ano renderá cinco libras, já que morreram também, parte dos homens na batalha de Figsbury. Nos pomares cheios de fruta, nas plantações o trabalho vai do amanhecer até o pôr do sol. Os cavalos Stanpid, sobreviventes da Batalha, estão todos confinados em um área de pasto separados do gado, por uma cerca de madeira.

Sir Enrick nota que os homens do Pântano e o Padre Carmelo, fazem muito barulho à noite depois do trabalho. O som de marteladas e cerrote atrapalham o sono do Cavaleiro. Lá de cima da casa pode se ver eles levando troncos grandes de um lado para o outro, atrás das estrebarias.

Sir Enrick: “Padre! Que barulheira é essa? Vocês estão me deixando maluco. Não durmo direito há dias.”

Padre Carmelo: “Sir Enrick, meu senhor, quando era soldado, eu lutava na infantaria romana. Mas, era de uma legião especializada em aterrorizar o inimigo. Por favor me siga!”

Chegando atrás da estrebaria Sir Enrick vê uma coisa alta, com uns cinco metros de altura, coberta por uma lona de couro enorme.

Padre Carmelo: “Permita-me lhe apresentar senhor! O orgulho da força romana. Montamos em dez dias. Este eu batizei de Fazedor de Viúvas.”

Ele retira a capa de couro e um trebuchet enorme aparece. É grande e com duas rodas de cada lado para os homens correrem dentro e armá-lo rapidamente.

Padre Carmelo: “Os homens do pântano queriam lhe presentear por ter lhes ajudado. Eu sugeri esse brinquedinho. Homens empurrem!”

Então o trebuchet vai sendo empurrado até a margem do lago virado para a área de caça.

Padre Carmelo: “Entrem nas rodas! Corram bons homens!”

Eles correm dentro das rodas e o enorme braço desce se retesando envergando para trás. Quatro deles colocam uma grande pedra, que estava na beira do lago.

Padre Carmelo: “Tenha a honra de puxar a alavanca senhor!”

Sir Enrick puxa para trás a alavanca de madeira e o grande braço da arma de cerco sobe com uma velocidade incrível fazendo o ar assobiar. Os homens acompanham o movimento boquiabertos. Quando trava lá em cima. A pesada pedra voa. Os homens aplaudem. Mas é tão forte o impulso que passa da área de caça e lá na frente se choca com o muro de pedra do feudo. Derrubando-o como se fosse feito de gravetos.

Padre Carmelo: “Ops! Pode deixar que iremos concertar meu senhor! Espero que tenha gostado do presente.”

Sir Enrick: “Muito obrigado homens! Farei bom uso desse brinquedinho.”

Muitas obras são feitas no feudo de Sir Enrick. Um Motte and Bailey começa a ser construído elevando-se a colina onde fica a casa grande. Troncos, sons de martelo e serrote. Cordas levando materiais e terra estão por toda a parte.

FEUDO DE ALGAR: Winter Burne Gunnet

É próximo a data de Beltane. Num dia de Frea, Sir Amig e Sir Dylan, na hora do almoço, surgem batendo a terra das botas na entrada do salão de Algar. Trovão e Martelo vem os receber na porta. Lady Adwen e Algar almoçam pato assado com laranja e repolho. Dois serviçais estão de pé ao lado da mesa colocada à frente do trono.

Sir Amig: “Soube que nesse feudo tem um barão meio afeminado! O rei me mandou vir comer a bun... Oh como vai Lady Adwen? E essa barriguinha! Logo teremos um bebê correndo por aqui. ”

Sir Dylan: “E aí irmão! Recuperado?”

Barão Algar: “Fisicamente sim. Mas perdi três irmãos! Não é fácil. Mas a vida segue em frente.”

Sir Amig: “Servos! Me sirvam comida e hidromel. Vamos amanhã até as terras de Enrick? Lady Marion me mandou um recado que me arrancaria a barba se fosse fazer um pedido formal destes, mas eu sou um homem das antigas. Do tempo que mulher que mostrava o joelho recebia ouro para nos dar uns momentos de intimidade.”

Ao amanhecer a pequena comitiva parte para o oeste com o Barão Algar, Sir Amig, Sir Dylan, Lady em seus cavalos e Lady Adwen viaja na carroça de lona coberta. Dois cocheiros, três escudeiros e dois servos de Algar os acompanham.

Um mensageiro de Sir Amig chega na noite anterior na grande casa do feudo de Sir Enrick.

Mensageiro: “Bom dia senhor! Sir Amig manda lhe avisar que está à caminho para lhe visitar.”

Dinton: FEUDO DE ENRICK

Ao anoitecer da véspera de Beltane a comitiva de Sir Amig chega ao feudo de Sir Enrick, segue pela estrada de terra e para à frente da casa.

Sir Amig: “Sir Enrick! Tem um belo trebuchet no seu quintal. Dá pra jogar um bando de saxões pro outro lado do canal com ele.”
Sir Enrick: “Pois é Sir Amig, você viu? Grande não é? Não vejo a hora de usá-lo.”

Sir Dylan: “Sir Enrick como vai irmão? O velho está ansioso! (fala baixo) Na verdade acho que ele está adorando.”

Depois do Flecha Ligeira levá-los caminhar pelos campos. Mostrar o trebuchet, a vila e as obras que estão ocorrendo e banquetearem. Sir Amig olha sério.

Sir Amig: “Bom, então Algar, Enrick e Dylan, hora de conversarmos!”

Lady Adwen se recolhe para o quarto e os Cavaleiros se reúnem na mesa de banquete.

Sir Amig: “Pois bem garoto! Você sabe muito bem porque estou aqui. Em parte é minha culpa que vocês se conheceram no torneio. Por outro lado sempre quis um homem que fosse cavaleiro e lutasse com coragem, como sempre foi em nossa família. Você já provou ser um homem de valor. Mas gostaria de saber. Quais sãos as suas intensões com minha filha?”

Sir Enrick: “As melhores Senhor! Gostaria de casar com ela. Temos muito em comum e acho que seríamos felizes. Eu a amo!"

Sir Amig: “Bom, guri, eu soube que você e o Barão estão com uma dívida alta com o seu pai. Como pretende pagar?”

Sir Enrick: “Se for preciso faremos uma campanha militar. Arrecadaremos dinheiro dos Vassalos do Barão Algar. Conversarei com o Príncipe. Acho que em breve saldarei essa dívida já que não quero prejudicar o meu pai."

Sir Amig: “Então faremos assim, abro mão do dote do casamento para ajudar vocês, certo? Mas tem uma condição. Vai ter que me chamar de pai! Ou melhor, paizão. Ou nada de casamento. No próximo ano nos encontraremos no castelo do Conde Roderick. A Catedral de Santa Maria estará pronta e teremos a cerimônia. Temos um acordo então filho?”

Sir Enrick: “Sim Senhor!”

Sir Amig: “Como é que se diz?”

Sir Enrick: “Sim pai...paizão!”

Sir Amig: “Então, vi que você Enrick tem uma excelente área de caça. Não temos praticado desde o último ano. Para comemorarmos a união do Flecha Ligeira com a minha filha vamos caçar. Podemos levar as lanças de caça e os falcões para abater aves também.”

Eles conversam mais um pouco sobre os problemas nas colheitas, qual a melhor forma de produzir Hidromel e Cerveja. Relembram estórias de aventuras. E depois Algar vai para o seu quarto com a sua esposa grávida, cedido por Enrick, enquanto ele, Sir Dylan, Sir Amig e seus escudeiros dormem nas longas arquibancadas do salão. Preparados pelos servos para dormir com pelegos e cobertas feitas com penas de ganso. Apesar de Sir Amig roncar a noite inteira Sir Enrick, consegue descansar um pouco.

Ao amanhecer eles vestem as roupas de caça. Camisa de algodão, por cima loriga de couro. Uma grande luva do mesmo material para levar um falcão ou coruja de caça. Vestem calça de montaria beje e bota de montaria preta. Uma algibeira, com uma alça transversal, é carregada cheia de carne. Cada um leva um chifre de caça na cintura. Os falcões vão pousados em seus braços com os olhos vendados. Lá fora os cavalos estão prontos. Seis cachorros de caça setters brincam em volta dele. Três escudeiros os aguardam.

Sir Amig: “Bom dia Algar! Bom dia Enrick. Bom dia, o que?”

Sir Enrick: “Mais que droga! Bom dia paizão!”

Sir Amig: “Estão prontos para aprenderem como homens de verdade caçam?”

Então o grupo desce a colina onde está a casa, os cachorros na frente, Dylan, Sir Amig e os heróis atrás e por último os três escudeiros. Contornam a colina e a estrada entra no bosque, na área de caça. A umidade da floresta e a temperatura amena torna fácil a cavalgada.

Sir Amig: “Vamos aquecer três horas com os falcões e depois vamos para os bichos maiores. ”

Primeira Hora

O grupo entra em uma parte da mata, com relva verde e árvores espaçadas. Chegam em um córrego cristalino de fundo de pedras.

Dylan: “Deixamos nossas montarias aqui e vamos em frente. Escudeiros nos sigam. Fiquem longe atrás.”

Sir Amig: “Vamos ver se achamos algo por aqui. Os animais sempre vem beber nos córregos. Silêncio. Quem lidera?”

Barão Algar: “Enrick, tenham a honra por favor!”

Enrick faz um sinal discreto para os cachorros estalando a língua. Os cachorros ficam em silêncio e farejam as árvores e arbustos. O líder da matilha enfia o focinho em uma toca e tira um coelho de lá. Outros cachorros latem e cercam um arbusto e três codornas correm assustadas. Sir Enrick se aproxima do coelho tentando cercá-lo mas o animal é tão rápido não consegue ver para onde ele foi. Derrepente ele passa debaixo das pernas do Cavaleiro e se enfia em um buraco na base de uma árvore. Sir Amig segura o riso para não espantar as codornas.

Algar observa . A codorna corre por entre as patas dos cachorros. Some por um instante, então ela voa o suficiente para em um rasante chegar do outro lado do córrego. O Barão retira a venda do falcão. O pássaro avista a codorna e fica ansiosa e começa a piar. Quando Algar dá o sinal o animal sai com toda a energia em velocidade. Curva para a esquerda acima da presa e com as patas a atinge. Rodando, os dois pássaros caem e o falcão bica o pescoço de sua presa matando-a instantaneamente. Um cachorro atravessa o córrego e traz o animal abatido para o Barão. O falcão retorna para o seu braço e é alimentado com pedaços de carne.

Sir Amig: “Belo movimento rapaz! Timing perfeito! Parabéns!”

Os falcões de Sir Amig e Sir Dylan cada um, conseguem abater una das codornas.

Segunda Hora

Sir Amig: “Seguimos em frente então!”

O grupo caminham em silêncio. Passo a passo espreitam por entre as árvores. Nessa parte da mata, as árvores estão mais perto das outras e o bosque fica mais denso.
Os cachorros correm até um carvalho e ficam embaixo latindo. Se apoiando no tronco eles olham para os heróis.

Sir Enrick observa e enxerga na copa da árvore dois kite pousados. O Flecha ligeira se aproxima lentamente da árvore, pisa em um graveto fazendo barulho e solta o falcão. A ave de rapina voa circulando tentando chegar na presa mas o barulho espanta os kites que voam rápido e somem por entre as copas das árvores. Sir Amig balança a cabeça. Sir Enrick fica irritado.

Ao mesmo tempo, Algar escuta o canto do kite. Olha para o alto. E vê passando o pássaro por cima de sua cabeça vindo de suas costas. Então o herói libera o seu falcão que começa a bater as suas asas rapidamente. Ele sobe enquanto a sua presa permanece nivelada na mesma altura. Quando o falcão está bem acima das copas ele encolhe as asas e desce muito rápido. No último momento ele expões as garras ponte agudas e fura o dorso do kite matando-o na hora. Ele faz uma curva e volta na direção do Barão, solta a presa à sua frente e pousa na luva de couro.

Algar: “Mais um prato pro jantar!”

Sir Amig não consegue caçar nada e Dylan conseguiu pegar um kite de tamanho médio.

Sir Amig: “Mas vamos bicho preguiçoso. Que droga! Você tá tirando sarro da minha cara. Me deu uma pomba pra eu caçar genro!”

Sir Enrick: “Que é isso Paizão?”

Sir Dylan: “Mas pai ,você faz mas barulho que um gigante dançando, andando pesado desse jeito. Está assustando todas as suas caças.”

Terceira Hora

Nesta parte da floresta existe um clareira. Os heróis ficam dentro da mata observando o campo aberto.

Sir Amig: “Devagar, um passo de cada vez. Jantar! Vem pro Amig aqui!”

Sir Dylan: “Quieto pai!”

Os cachorros sentam ao lado do grupo. Com a ordem de Sir Enrick eles correm pelo descampado e em zig zag uma lebre cinza corre enquanto os cachorros a cercam tentando mantê-la naquela área. Outros três cachorros espantam um esquilo que subia uma árvore o levando para a clareira também. Sir Enrick observa a lebre correndo e espera o momento exato de soltar o seu falcão. Quando retira a venda o falcão treinado localiza a presa e começa a piar. Ele bate as asas e fixa a visão na lebre que corre para um lado e para o outro tentando escapar. Enrick solta o seu falcão. A lebre corre para o lado oposto. Ela vai fazendo curvas. Então volta, o cachorro tenta espantar a lebre novamente mas ela é mais esperta e morde o seu rabo correndo para a mata desaparecendo em um buraco no chão.

Já o esquilo é muito ágil e é muito difícil enxergá-lo. Algar o mantém em seu raio de visão. O falcão se prepara para voar. O esquilo escapa dos cachorro e corre para um árvore na esquerda e começa a subi-la. O falcão é liberado pelo Barão. Ele voa em linha reta e faz uma curva com sua grande asa para esquerda. O falcão pega o esquilo no bico enquanto ele tentava subir em uma árvore. O esquilo se debate enquanto voam. Então o falcão pousa, o sacode matando-o e deixa o animal ali enquanto volta até o braço de Algar, bicando a luva pedindo recompensa. O cachorro líder da matilha pega o esquilo na boca e trás até o herói.

Sir Amig: “Quase escapou. Bicho valente!”

Sir Amig captura uma outra lebre e Dylan não tem sucesso nessa hora.
Sir Amig: “Muito bem rapazes! Muito bom praticar com esses pássaros. Vamos assar uns bichos desses e descansar um pouco.”

Quarta Hora

Os escudeiros começam a fazer uma fogueira e a limpar algumas das caças para os heróis comerem. Os falcões são colocados em um poleiro improvisado com um galho e encaixados entre duas árvores. Então eles limpam os animais abatidos, retiram as entranhas, deixam o fígado, coração, rins. E assam as caças e os miúdos temperados com ervas colhidas na mata.

Sir Dylan: “Pois é meus amigos! E a profecia que Merlim tem falado? Vocês ouviram? No campo de batalha ele falou: A chegada do rei que unirá a Britânia.”

Sir Amig: “Não sei se é uma grande galhofa do velhote Druida. Nunca sabemos se estão nos manipulando para fazermos a sua vontade ou se estamos fazendo a vontade da Deusa. Temo por Madoc.”

Sir Dylan: “Um amigo meu, Cavaleiro na corte do rei Uther, me contou que a Vossa Majestade tentou de todas as formas negociar com o Duque Gorlois e o homem não quis conversa. Esta se transformando em um rebelde.”

Sir Amig: “Dizem que a mulher dele enfeitiça os homens. Que seus encantos vão além do corpo perfeito e do rosto bonito.”

Sir Dylan: “Outra coisa que soube é que os saxões estão se armando e ficando cada vez mais fortalecidos no norte. Depois de alguns anos eles parecem querer por as garras de fora novamente. Será que teremos guerra novamente?”

Sir Enrick: “Eu espero que não! Chega de mortes!”

Barão Algar: “Enrick, o que aconteceu. Você não conseguiu caçar nada rapaz.”

Sir Enrick: “Se estivesse usando meu arco tinha pego todos.”

Barão Algar: “Sua arma serve para lutar a distância. Tem que usar uma pra lutar de perto. Uma que não destrua a caça. Uma arma de homem.”

Sir Enrick: “Arma de homem? Você não consegue puxar a corda e manter um alvo na mira em nem um milhão de anos. E Barão! Você não reclamou quando vencemos a Batalha de Figsbury.”

Sir Amig: “Chega de falar garotos. Sigamos em frente então. Deixem os falcões aí. Escudeiros cuidem do acampamento. Vamos caçar algo com as próprias mãos. Lanças de caça escudeiros.”

Quinta Hora

Sir Amig: “Vamos em linha, passo a passo, devagar! Vamos tentar achar a trilha. Temos mais quatro horas até o por do sol.”

Sir Dylan assobia e os cachorros vão um pouco à frente, bem quietos. Farejando e os guiando.

O grupo caminha em silêncio se esgueirando pelas árvores e folhagens tentando não fazer muito barulho. Tentando sentir o cheiro do ambiente. Procuram por pegadas na terra, ou galhos quebrados, tufos de pelo. Buscando a trilha de algum animal. Eles entram em uma área com árvores não muito fechada. A luz entra pelos galhos das copas. O chão é de terra preta com folhas caídas e grandes raízes de árvores se cruzando. Sir Enrick acha uma trilha que leva até umas folhagens e samambaias por entre os grandes carvalhos. Eles ficam com mato até a cintura. Não se enxerga o chão muito bem. Mas cheiro de urina animal pode ser sentido. Sir Enrick fazendo gestos para manterem o silêncio os guia saindo da área de samambaias seguindo a trilha e chegam próximos a um lago com plantas com flores vermelhas flutuando. O grupo escuta sons de pássaros e cigarras. Derrepente vêem um vulto preto, bem maior que um cachorro, passar correndo por entre as folhagens. Os cachorros começam a segui-lo. Com as lanças de caça à frente eles aceleram o passo seguindo o cachorro e se escondendo pela mata. Já podem ver o animal correndo, mas não distinguem qual é. Dois cachorros passam por ele e o assustam. Mas um dos cachorros é ferido. Eles escutam o som. Então o animal dá a volta. E volta em sua direção. Mais dois cachorros são feridos pelo animal feroz. Saindo do meio de uma folhagem de flores surge um javali. Ele tem nas presas o sangue dos cachorros e urra. É a sétima hora da caçada. Final da tarde.

Sétima Hora

Sir Amig: “Cuidado garotos! Esse é assassino!”

Algar tenta acertar com a lança o Javali. Ele é bem maior que um cachorro. O animal corre em direção à Sir Enrick que também erra. O animal foge. Os heróis correm atrás dele em meio a mata. Sir Dylan e Sir Amig estão ainda tentando chegar no local de encontro com a fera. Então Enrick e Algar conseguem alcançar o animal novamente. Sir Enrick o acerta, o animal grita e abre um corte com o dente afiado no seu braço. Algar erra a estocada com sua lança e leva uma mordida no braço abrindo muitos cortes. Sir Enrick acerta o lombo do animal tentando furar o coro duro que não o neutraliza. Mas Algar consegue um golpe certeiro entrando pela mandíbula do bicho saindo pelo topo do crânio. Antes de morrer o Javali vira a sua cabeça, em mais um ataque, abrindo um corte no pescoço do Barão.

Barão Algar ofegante: “Ufa! Já enfrentamos exércitos! Inimigos poderosos e quase morremos tentando caçar esse bicho! Credo!”

Sir Amig: “É isso aí garotos. Muito bem! Esse deve ter quase cem quilos. Acho que por hoje é só. Está anoitecendo. Foi muito divertido! Parabéns.”

Ele pega o Javali põe nas costas e sai animado com um sorriso no rosto carregando o pesado animal. Eles caminham um pouco, vão até a área que os escudeiros ficaram esperando com os falcões. Os cachorros correm na frente. Eles amarram o javali em uma estaca com as patas do animal pra cima e o carregam junto com os outros animais que tinham sido caçados. Eles voltam, pegam os cavalos e pela estrada de terra seguem em direção à casa de Sir Enrick. Quando chegam Padre Carmelo os espera na frente

Padre Carmelo: “Rápido Barão, é Lady Adwen. Ela está no quarto”

Quando os quatro heróis entram, o chão está cheio de água misturado à um pouco de sangue. Duas servas seguram as mãos da Lady que se contorce, branca, embaixo de um dos lençóis.

Lady Adwen: “Oi meu amor! Chegou a hora! Seu filho está nascendo!”

O Barão Algar fica branco de nervoso.

A Serva, uma senhora bem velhinha lhes fala: “Esperem lá fora senhores! Ou vão atrapalhar!”

Eles esperam no lado de fora do quarto no corredor de pedra. Duas tochas iluminam as paredes de pedra. De lá de dentro eles escutam alguns gemidos e gritos.

Sir Amig: “Isso é pior que lutar contra os saxões!”

Ele trás um chifre com hidromel para cada um dos presentes.

Passa uma hora. Silêncio, seguido de respirações ofegantes de Lady Adwen e sons dela fazendo força.

Sir Dylan: “Calma amigo, paciência! Vai valer a pena.”

Passam-se duas horas. Mais gemidos de dor. E derrepente se ouve um silêncio. Seguido de um suspiro de alívio e um choro. A serva abre a porta.

Serva: “Podem entrar, em silêncio!”

Ela diz apontando para Sir Amig que faz uma careta para a velha.

Quando entram, Lady Adwen está dormindo debaixo dos lençóis e um bebê embrulhado em uma coberta é entregue para Algar.

Sir Amig: “Desembrulha o bichinho!”

Quando o nenê é desembrulhado um menino aos berros está em suas mãos. Quando Algar o trás para perto ele para de chorar e olha para os olhos do Barão.

Sir Amig: “Qual o nome do rapazinho?”

Algar: “Brian! Será um dia um grande herói em logres!”

Sir Dylan: “Apesar das coisas que aconteceram com a sua família. A vida continua amigo. Seja bem vindo Brian!”

Então a serva pega o nenê e o coloca embrulhado novamente nos braços de Lady Adwen que dorme exausta.

Serva: “Agora saiam. Deixem os dois descansarem. Eles lutaram bastante.”

Sir Amig: “Vamos assar o javali e bebermos até desmaiar!”

Então Sir Amig, Dylan, Enrick e Algar vão para o salão de banquetes em reforma de Sir Enrick. Acendem o fogo, Sir Amig dispensa os serviçais e ele mesmo assa o javali em uma estaca girando o animal em cima do fogo.

Sir Amig: “Agora vou fazer minha bebida especial que só preparo quando nascem os filhos dos amigos.”

Então ele pega Hidromel, mistura com rum, corta algumas ervas aromáticas e coloca dentro de um balde grande de madeira. Abre uma pequena garrafa, que levava na cintura, com líquido amarelo e despeja.

Sir Amig: “Uisgebaugh, água da vida, presente do Bruce. Mandrágora colhida pelos druidas na lua cheia.”

A bebida começa a fumegar.

Sir Amig: “Senhores, lhes apresento a bebida mais conhecida da Britânia. A qual somente eu, o cavaleiro mais casca grossa do rei, detém o enigma me passado pelas mãos do próprio Bile. A bebida somente provada pelos homens mais corajosos da ilha. Mais saibam que poucos sobreviveram a ela. Bebam por sua conta e risco. Senhores esta é a traiçoeira, a perigosa, a quase mortal bebida. A famosa: Highway to Hell!”

Dá um gole na mistura verde dentro do balde de madeira e faz uma careta. A fumaça sai pelo nariz.

Sir Amig: “Bem vindo ao inferno rapazes!”

E eles começam a dar um gole na mistura fumegante e passam para o outro. A cada gole, os olhos dos heróis parecem desfocar. Os sons vão e vem. Às vezes tudo fica escuro.

Sir Amig: “Parabéns Barão! Que seu filho seja um grande cavaleiro e que seus inimigos tremam diante dele.”

Barão Algar: “Que Brian, lute melhor que nós e conquiste mais que todos.”

Sir Dylan: “Que tenha as mulheres mais belas e mais ouro que todos nós juntos!”

Sir Enrick: “Que meu filho, que virá no futuro, lute ombro a ombro com Brian e que os dois sejam grandes heróis!”

Sir Amig: “Vou contar uma estória pra vocês. Sabiam que no início quando Marion falava de você Enrick eu queria te cortar a flecha fora. Mas sabe que quando soube que salvou o príncipe na viagem de barco, quando invadimos Bayeux e na batalha de Figsbury onde você lutou como um guerreiro Britânico me convenceu guri. Mas cuidado! Se magoar Marion te esquento a bunda.”

Sir Amig: “Pode deixar Paizão! Mas você está bêbado ou gagá porque você viu eu salvar o Príncipe seu velho bêbado!”

Sir Amig: “Eu vou falar uma coisa. Uma vez. E amanhã quando estiver bem. Sóbrio, negarei até a morte. Eu amo vocês seus porqueira.”

Todos estão muito mal e tontos. Aos poucos parecem que vão desmaiar.
Sir Amig antes de apagar os sacode e fala: “Esqueci de avisar. Amanhã pela manhã temos que ir na missa. Conde Roderick mandou rezar uma missa para a colocação da lápide de Sir Alein e exige nossa presença.”

E todos desmaiam. Pela manhã acordam com muita ressaca e dor de cabeça. Sir Amig está roncando ainda. Dylan acorda e coloca a mão na cabeça.

Sir Dylan: “Ai minha cabeça! Parece que uma cavalaria passou por cima de mim.”

Sir Amig: “Ai meu deus! Alguém me ajude!”

Ele vomita só água.

Sir Enrick e Algar estão destruídos. Com dor de cabeça e ressaca.

Sir Amig: “Escudeiros! Preparem nossas montarias! Vamos vomitar na Catedral de Santa Maria. Estamos atrasados.”

Eles cavalgam deixando o feudo de Sir Enrick. Estão muito enjoados e passando mal. A dor de cabeça e a tontura, enquanto o cavalo trota, parece aumentar. Depois de duas horas de cavalgada finalmente eles chegam a Sarum. Passam pela ponte levadiça no portão oeste da cidade. Os guardam abrem caminho por entre as dezenas de pessoas que entram em Sarum. Pelas ruas eles cavalgam, estão atrasados. Eles descem dos cavalos e entram na igreja.

Sir Dylan: “Melhor sentarmos aqui atrás e fingirmos que estávamos aqui o tempo todo.”

Eles dormem todos encostados um na cabeça do outro. Sir Amig e Sir Enrick roncam. O Bispo lá da frente do altar olha meio desconfiado tentando descobrir o que está acontecendo. O pouco que os heróis conseguem ver da cerimônia é entrar a lápide com Alein esculpido em cima, igual a quando estava no dia de seu enterro. E a pedra é colocada por cima da primeira lápide. Seguido de uma missa de quatro horas em latim. Até que logo no final da missa, Duque Ulfius de Silchester, entra correndo pelo corredor principal subindo rapidamente a escada até o altar.

Duque Ulfius: “Desculpem a interrupção padre. Senhores, fiz a viagem em dois dias de Silchester até aqui. Em nome do Rei venho lhes solicitar para que marchem para o oeste em Glastonbury. O Rei Uther liderando seu exército está marchando para lá e chegará em cinco dias. Depois dos homens reunidos, iremos a Cornualha para exigir do duque de Gorlois o que é de direito de nossa majestade. Exigir que o Duque cumpra suas obrigações. Ele, há alguns dias, desafiou Vossa Majestade através de uma carta onde ofendia a autoridade real. Há tempos esse rebelde está provocando o nosso rei. Vocês lembram, em Mearcred Creek e no cerco em Bayeux ele não enviou suas tropas para ajudar Logres. Nos encontraremos lá senhores! Boa jornada!”

Conde Roderick se levanta lá nos bancos da frente do altar: “Vocês ouviram homens! Preparem-se o mais rápido possível. Partiremos depois do almoço.”

Conde Roderick e Sir Elad atravessam o corredor principal da Catedral para do lado dos Cavaleiros dormindo e cheirando álcool.

Conde Roderick: “Bêbados na igreja! Se recomponham. Amig, você depois que passou a andar com esses garotos acha que tem a idade deles. E vocês, deveriam ter vergonha de se apresentar na Catedral desse jeito. Tomaram a estrada para o inferno, não é? Se apresentem depois do almoço, sóbrios de preferência, seus parlapatões! Como estão sem homens em suas fileiras por causa da Batalha de Figsbury só exigimos as suas presenças no exército real. Amig convoque seus homens imediatamente. Algar, Dylan e Enrick lutarão com você. Cavaleiros!”

Sir Amig chama um de seus escudeiros e manda o garoto ir ao seu feudo convocar seus homens. Os heróis vão até o mercado da Águia. Comem um espetinho de carne e bebem muita água do poço perto da estátua que dá nome a feira. Logo começam a se sentir melhor. Então fora das muralhas, se reúnem com o exército do Conde Roderick. Cada vez mais Cavaleiros vem de suas terras. Logo Sir Bag, Sir Jakin, Sir Dalan também chegam.

Sir Bag: “Meus amigos! E aí, alguma novidade?”

Barão Algar: “Sou pai Bag! Brian nasceu e Sir Amig nos levou passear na Estrada para o Inferno.”

Sir Bag:“Parabéns! E quanto a bebida, isso explica a cara de que foram pisoteados por gigantes. Então, vamos ter que ir para Cornualha é?”

Sir Jakin: “Lá vamos nós de novo. Será que teremos combate?”

Sir Dalan: “Combate eu não sei, mas a minha preocupação é se vai ter mulher.”

Então Sir Dalan vê uma vendedora de flores na feira, ela é muito bonita, de seios fartos e cabelos lisos pretos. Ele vai até lá e começa a ajudá-la e a conversar com ela.

Então, depois de algum tempo um chifre soa e todos ouvem a voz do Conde Roderick.

Conde Roderick: “Atenção Cavaleiros do Rei, preparar para partir!”

Primeiro dia:

O exército se reúne fora das muralhas de Sarum e parte logo após o almoço, pegando a antiga estrada romana para o oeste até Wells. Os heróis viajam no meio da grande fila, junto com os soldados de Sir Amig e cruzam todo o trajeto com mercadores levando suas carroças carregados de aveia, trigo, cebolas, abóboras, galinhas, coelhos. Um sacerdote druida vestido de branco apoiado em seu cajado que os cumprimenta. Mendigos, ex-soldados, que perderam partes do corpo em batalhas, caminham ao longo da fila pedindo esmolas. Diversos feudos são vistos, plantações, alguns castelos. As condições da estrada são boas. O exército caminha em uma fila composta de dois homens marchando lado a lado. E os cavaleiros também viajam dois a dois. Ao anoitecer acampam no lado exterior do forte Vagon. Dezenas de fogueiras são acessas. Alguns homens jogam, outros cantam, outros bebem e se divertem com mulheres.

Sir Amig: “Rapaizinhos! Estava conversando com o Conde Roderick. Parece que os nossos espiões viram que o Conde Gorlois tem homens de prontidão em suas terras. Temem um
ataque da força do rei.”

Segundo dia:

Um pouco de chuva cai ao amanhecer do segundo dia, os escudeiros recolhem as tendas, e o exército do Conde adentra a floresta de Selwood. O caminho é bom mas as copas das árvores diminuem a luminosidade. Dos dois lados a mata é bem fechada. Alguns cervos passam correndo. A quantidade de pessoas viajando ali diminui consideravelmente. Ao anoitecer eles estão exatamente acampados no centro da floresta. Na escuridão da mata todos podem ver as fogueiras acesas e as conversas dos outros soldados. Dois escudeiros ficam atirando pedras na mata, na escuridão.

Sir Bag: “Parem seus idiotas! Dizem que essa floresta tem espíritos milenares adormecidos. Não convém perturbá-los. Cuidado senão o rei Pellinore pode pegar vocês.”

Escudeiro: “Que estória é essa meu senhor?”

Barão Algar: “Esta é a lenda do rei pagão, que reinou no ano trinta de nosso senhor e que abandonou tudo para caçar uma criatura fantástica. Então, com a sua partida, o seu reino foi invadido e os seus inimigos destruíram sua família. Os dois, caçador e criatura estão condenados a este destino para sempre. A besta emite sons de cachorros de caça e isso sempre a trai, apesar de ser mestre em se esconder e disfarçar. Assim o Rei localiza a sua trilha, mas nunca consegue pegá-la e será sempre assim até o fim dos tempos. Estávamos uma vez, irresponsavelmente, diga-se de passagem, tomando banho de rio na floresta na fronteira da Cornualha quando ele apareceu. ”

Sir Dalan: “Que papinho, hein? Só falta você me dizer que conhece o Odim em pessoa.”

Algar sorri e fica em silêncio,

Sir Enrick: “Quietos e vamos dormir! A caminhada vai ser longa!”

Mas estranhamente Enrick e Algar acordam no meio da madrugada. Tudo está em silêncio. Todo o exército parece estar adormecido. Somente os dois Cavaleiros estão de pé usando armadura completa e empunhando suas armas. Estão dentro da tenda de campanha. Derrepente parece que as paredes se encolhem e só resta escuridão... Eles são transportados imediatamente para o meio da floresta. Não vem mais o exército, nem as fogueiras, nem a estrada. Estão na escuridão total. Um ponto de luz se aproxima logo à frente. Algar parece por uns momentos ver a floresta emitir Bioluminescência. Uma mulher loira toda vestida de branco carregando uma tocha se aproxima. Ela parece ter uma aura branca e usa uma guirlanda de flores na cabeça.

Fada: “Bem vindos cavaleiros! Sigam-me!”

A cerca de cem metros ela afasta uma folhagem e logo a entrada de uma caverna surge.

Fada: “Venham filhos da britânia.”

Após percorrerem um corredor de pedras escavado com paredes cinzas irregulares os dois saem em um salão redondo muito antigo. As paredes estão esculpidas com dois sarcófagos abertos na posição vertical com armaduras negras completas no interior um de cada lado.

O chão é uma rosa dos ventos preta e beje feita em mármore brilhante que aponta para cada um dessas aberturas esculpidas na parede. Derrepente várias tochas dispostas pelo salão se acendem todas ao mesmo tempo. Nas paredes os heróis podem ver pinturas rupestres da deusa e do deus da religião antiga. Uma música de flautas e tambores começa a tocar cada vez mais rápida. Um brilho e uma sensação de embriaguez permeia tudo. Sir Enrick fica tomado por aquela sensação estranha. Muita energia emana daquele lugar. Eles tem clarões de mulheres nuas dançando. Parecem ter intimidades com elas. Derrepente as armaduras negras começam a se movimentar e os cercam. Um frio profundo emana delas. Somente o som das partes metálicas são ouvidos a cada passo que dão. Os dois Cavaleiros escutam no interior de sua mentes:

“Caminhamos junto com o homem desde a criação. Geramos o caos, a morte, o sofrimento, o genocídio. Onde a luz existe a sombra. Tivemos vários nomes através das eras. Reis, camponeses, nobres, sacerdotes, todos eles já nos serviram. Aqueles que a religião nova chama de demônios nada mais são do que a a contra parte escura da alma do homem. Os antigos me chamam de Tchort e vocês de medo. Respondam cavaleiros! Qual o seu maior temor? Enfrente-os se forem capaz!”

As armaduras sacam suas armas e partem para cima dos heróis. Eles lutam como se enfrentassem os seus maiores medos. Golpeiam, mas as armaduras lutam muito melhor impregnadas de sentimentos negativos. O mármore do chão é quebrado com os golpes das assombrações. Outros acertam os dois heróis. Eles tem flashes novamente de fadas os rodeando. Tudo começa a girar rápido e vertiginosamente. E eles são transportados para o mesmo lugar na floresta que encontraram a mulher que apareceu na floresta. Agora ela surge duplicada, atrás, e os entrega um pano para cada um, com uma planta no formato de um triângulo central e desenhos circulares saindo de seus vértices. As fadas falam ao mesmo tempo.

Fada: “Vocês atenderam o chamado. Não deixem, como ocorreu aqui, que o medo os derrote. Esse é o presente do nosso mundo para o de vocês. Em breve a tênue Bruma aproximará os dois lados e a profecia se cumprirá. Ela começa a ser vivida nos próximos dias quando as três cabeças de leão surgirem. Vocês estarão lá e nos ajudarão a cumpri-la. A Bretanha será uma. As custas de muitas vidas e sacrifício. Pois a era do caos em breve chegará. Vocês estarão no meio da tempestade. E como tudo tem um preço. A dor virá. O Dragão maior perderá a força pois estará perdido em seus desejos. E tudo ruirá!”

Terceiro Dia:

É o terceiro dia e eles acordam assustados, deitados nas camas de campanha, dentro da tenda. Quando Sir Enrick e o Barão Algar abrem suas mãos o pano com a planta está ali. Eles parecem preocupados. O exército segue viagem pelo dia inteiro e chega nas muralhas de Wells. A cidade tem uma paliçada de madeira e é um motte and bayle. Na parte baixa fica a pequena vila e depois de passar por uma segunda paliçada e um foço existe uma colina de terra negra artificial com um castelo forte em cima. A cidade é bem barrenta, esfumaçada e suja para os padrões de Sarum. O acampamento enorme é montado. Os soldados estão proibidos de entrarem na cidade para evitar confusões. Somente cavaleiros e nobres poderão fazê-lo. Sir Elad, Conde Roderick, Sir Amig, Sir Bag, Sir Dylan, Sir Jakin, Sir Dalan incluindo Sir Enrick e Algar estão no castelo da cidade onde o regente Sir Onofre, um cavaleiro veterano com cabelos brancos curtos, usando uma amadura completa, os recebe. Ao anoitecer existem poucas pessoas nas ruas. Somente o som de cachorros latindo e a conversa vindo da taverna local. O castelo de Wells é simples e a corte tem poucos integrantes. Mas Sir Onofre se esforçou para servir um bom banquete. Algumas ladies e cavaleiros do regente estão presentes ouvindo os músicos e sentados na grande mesa. Umas trinta pessoas estão ali. Antes de entrar todos deixam as armas lá fora com seus escudeiros. Seis anões fazem malabares e cospem fogo para entreter os convidados.

Sir Onofre: “Então Cavaleiros! Quer dizer que tiveram muita ação no inverno do ano passado. Dizem que a batalha que travou com o seu irmão Barão, quase levou Logres a derrocada.”

Barão Algar: “É, mas tinha que ser feita! Lá em Logres não temos medo de lutar.”

Sir Mathew: “Sir Luc! Se lembra dele Algar? É meu primo. Comandante da fronteira da Cornualha. Uma vez ele te desarmou. Mas dizem por essas bandas que o seu amigo lhe salvou com uma espada romana e te livrou de ser morto.”

Barão Algar: “Foi falta de sorte eu diria. Dá próxima vez quem sabe, ele não ficará com o pescoço próximo a lâmina do meu machado.”

Sir Lockdunam: “Chega homens, são nossos convidados. Deixem me apresentar. Estão vendo aquelas beldades? Foram convidadas para lhes fazer compania. Se é que vocês me entendem. Aquela ali é Lady Silmur. É muito bonita, cabelos pretos lisos, olhos verdes, filha de um nobre, Sir Cleremond, proprietário de seis feudos em Somerset e possuidor de um excelente grupo de arqueiros. Ela parece ser bastante comunicativa e aceita as duas religiões. A outra ao lado dela é Lady Morgus. Tem uma beleza regular, cabelos loiros e lisos, usa um véu na cabeça. Anda com as roupas todas fechadas. Tímida, muito católica. Ela é filha de um duque chamado Arnold proprietário de dois barcos e vinte feudos. Possui um grande exército. E aquela que está rindo ao lado é Lady Simone. Beleza peculiar, cabelos ruivos crespos, olhos negros, sardas, mulher com personalidade forte, possui uma pequena meia lua tatuada na testa mostrando ser adepta da antiga religião. Fala o que pensa. Seu pai é um cavaleiro defensor de Avalon. Não possue muitas terras mas é capaz de dar a vida pela antiga crença, Sir Florence, seu pai é muito respeitado pelos druidas. Sigam-me por favor.”

Lady Silmur: “Fala-se muito do Cavaleiro que era plebeu e impressionou o rei no torneio em Camelot. Mas ninguém tinha me falado que ele era tão grande e forte. Peça o que quiser Flecha Ligeira. O que quiser mesmo. ”

Sir Enrick: “É uma honra Milady. Mas terei que lhe agradecer educadamente. Está vendo aquele cavaleiro barbudo, arrotando e contando piadas? Pois é! É meu sogro. Casarei em breve.”

Lady Silmur fica emburrada e irritada com as palavras de Sir Enrick.

Lady Simone: “Estou cansada das mesmas intrigas e conversas da corte. Sempre a eterna briga entre Cornualha e Logres. É muito bom ter gente nova para conversar. E às vezes passar a noite.” Ela diz mordendo os lábios olhando para Algar.

Barão Algar: “Pois é. Veja bem Senhorita. Estou muito feliz de visitar Wells e conhecer tão bela dama. Mas sou casado e tenho um bebê em casa me esperando.”

Lady Simone: “É uma pena Senhor! Pensei que os homens de Logres eram mais atirados.”

Sentados os heróis vêem Sir Bag disputando uma queda de braço com alguns cavaleiros e vencendo todos. Eles quando são derrotados dão moedas de ouro para o Cavaleiro que ri e se diverte. Algar observa e para o seu espanto vê Sir Dalan se beijar ardentemente com uma nobre atrás de uma tapeçaria. Só que um detalhe. Ninguém contou a ele que ela é mulher de Sir Mathew.

Sir Mathew, vê de onde está sentado, Dalan beijando sua mulher.

Sir Mathew: “Mas o que está acontecendo aqui?” (Ele bate na mesa)

“Seu desgraçado! Pagará com a vida por essa ousadia!”

Ele e mais nove cavaleiros de sua guarda caminham em direção a Dalan irados. Os outros Cavaleiros de Wells falam: “Deixem disso!”, “Estamos do mesmo lado”, “Calma!”

Eles se aproximam com o pulso fechado.

Sir Mathew: “Vamos ver se os homens de Sarum sabem brigar ou se são só matadores de padres.”

Algar levanta da mesa e corre até Sir Dalan. Os outros Cavaleiros da Cruz do Martelo fazem o mesmo. Sir Amig pede licença e cai na porrada também. Sir Enrick fica sentado comendo uma grande coxa de peru e tomando hidromel enquanto móveis voam. Pratos servem de armas e garrafas são quebradas. O Barão Algar começa jogando um barriu vazio em um homem que tonteia com o impacto. Sir Enrick se levanta passa desviando dos golpes, serve-se novamente de hidromel e volta para a mesa. Outro homem acerta Algar no rosto com uma garrafa. Algar lhe dá uma chave de pescoço e depois um soco no meio do rosto e o homem cai desmaiado. Então Sir Enrick, depois de acabar a sua refeição calmamente vai até o homem que sobrou, pega uma tocha na parede e acerta o rosto dele que gira. Algar quebra uma garrafa em sua cabeça levando-o a desmaiar. Eles olham ao redor e vêem Sir Bag bater com a parte de fora de sua mão. O Cavaleiro inimigo bate com a cabeça na parede de madeira e cai desmaiado. Depois ele se vira, pega outro homem pelo pescoço e bate sua cabeça na mesa. Sir Amig vem correndo e enfia uma coxa de peru dentro da boca do homem que sufoca e desmaia. Sir Dalan leva um chute no nariz que quebra e sangra.

Dalan: “De novo não!”

Ele puxa uma tapeçaria e joga no seu adversário, que fica confuso e quebra uma cadeira nele, tirando-o de ação. Sir Jakin, depois de apanhar muito, soca um dos homens bem maior que ele. O homem tonteia cai de joelhos mas não apaga. Sir Bag vem e dá um chute no queixo e finalmente ele desmaia.

Sir Jakin: “Obrigado”

E Jakin leva uma garrafada que o faz desmaiar. Sir Dylan pega uma tocha, joga um jarra de vinho no homem e acende. O seu adversário corre pegando fogo e se joga no chão. Lady Silmur e Simone ajudam a apagar as chamas com seus vestidos. O homem fica gemendo de dor. E finalmente Sir Amig se abaixa duas vezes, desviando de socos, segura as costas com dor e leva um direto no queixo.

Sir Amig: “Baaaaag!!!!”

Sir Bag pega um dos anões que fazia malabares e atira no homem. Anão e alvo se chocam e caem desmaiado embaixo da mesa enquanto um cálice de hidromel vira e despeja todo o seu conteúdo neles. Sir Amig muito macho com um dos olhos fechados ferido diz.

Sir Amig: “Mais alguém? Fique aqui Bag.”

Conde Roderick: “Homens chega! Sir Onofre! Obrigado pela hospitalidade mas temo que se ficarmos, a festa pode ficar ainda mais agitada! Vamos Cavaleiros, carreguem Jakin.”

E todos os Cavaleiros da corte de Wells ficam em silêncio boquiabertos com a confusão. E com um certo medo de apanhar. Quando eles se retiram Lady Silmur, Simone e até mesmo Lady Morgus dão um tchauzinho com o rosto apaixonado para os heróis.

Conde Roderick enquanto sobem em seus cavalos: “Seus irresponsáveis idiotas poderíamos ter sido mortos lá dentro! Mas, gostei de ver! Esses pé rapados de nariz empinado pensarão duas vezes antes de mexerem com os Cavaleiros de Sarum!”

Então eles retornam ao acampamento e dormem.

Quarto dia:

Ao amanhecer o exército parte para o Sul. Não existe uma estrada e sim uma planície com poucas colinas verdes suaves. Finalmente eles chegam à cidade sagrada de Glastonbury. A abadia enorme pode ser vista em cima de um morro muito alto, que se ergue à cima dos muros de pedra, a beira de um lago, coberto de brumas, que se perde no horizonte.

Sir Jakin: “Amigos aqui as duas religiões se encontram”.

O acampamento é erguido fora dos muros da cidade. E os pagens de Uther já chegaram e preparam a tenda real e a área destinada a sua corte. Na hora do almoço, todos vêem o brasão dos Pendragon surgindo no final da estrada romana e centenas de soldados e cavaleiros chegando. O Rei Uther vêem na vanguarda com o Príncipe Madoc, Merlim e o Conde Ulfius. Todos abaixam as cabeças para o saldar. Escoltado por cinquenta cavaleiros com armaduras reluzentes. Com quase dois metros de altura, cabelos compridos grisalhos e cavanhaque, o rei Uther usa seu manto de pelo de urso branco por cima da sua armadura adornada em ouro. Na cabeça a coroa com pedras preciosas coloridas em formato de um dragão com olhos de rubi. Seus anéis feitos em ouro e prata e um medalhão com runas antigas junto com o crucifixo pende de seu pescoço. Ao alcance da mão todos podem ver a empunhadura da Excalibur. O Príncipe Madoc logo os vêem e sorri.

Príncipe Madoc: “Olha só quem está perdido em Glastonbury!”

Ele desce da montaria e os abraça.

O Rei Uther lhes sorri satisfeito e espora seu cavalo até o centro do acampamento onde sua tenda, seus pagens, escudeiros, mulheres e cavalos o aguarda. Merlim o segue. Os cinquenta homens da guarda pessoal do rei lhes acenam. Foram eles que lutaram ao lado de Madoc em Figsbury. Todos os presentes olham os heróis com admiração. Outros com certa inveja. À noite enquanto os Cavaleiros aguardam na tenda de campanha, Sir Amig chega.
Sir Amig: “Vamos garotos! O rei quer lhes falar!”

Na presença de Sir Elad, O conde Roderick, Duque Ulfius, Sir Brastias (guarda costas do rei), do príncipe Madoc, Merlim e dos quatro reis Vassalos de outras regiões, que trouxeram seus exércitos, o Rei Uther os recebem na tenda ricamente adornada. O interior parece um palácio com decoração, obras de arte, bardos, arautos, mulheres bonitas, comida e bebida à vontade. Merlim está sentado em silêncio com a cabeça coberta pelo capuz branco do manto de Druida.

Rei Uther: “Cavaleiros o Duque Ulfius de Silchester gostaria de conhecê-los!”

Conde Ulfius: “Barão! Escutei muito sobre os seus feitos. Então você é o plebeu que impressionou com a habilidade no arco Vossa Majestade e virou um nobre? Interessante! Eu não lhe conheço de algum lugar Barão?”

Barão Algar: “Sim! Eu lhe conheci quando estávamos buscando o Cavaleiro romano de Camelot desaparecido, Sir Julius.”

Conde Ulfius: “O que? O Senhor é o comedor de maçãs? Melhorou muito seus modos rapaz! Amadureceu muito. Acho que a vida de guerreiro lhe fez bem. Vocês estiveram em Bayeux, não é? Souberam que o pretor Syagrius foi derrotado pelo rei franco Claudas no último verão?”

Barão Algar: “O Príncipe colocou no devido lugar aquele homem insolente e arrogante.”

Sir Enrick: “Fico feliz que ele tenha sido derrotado. Se pudesse tinha enchido aquele homem de porrada.”

Rei Uther olha para Madoc: “Tenho certeza de que a decisão de meu filho foi a melhor para o reino naquele dia. Apesar de não conseguirmos o número de soldados esperados para irmos a Cornualha por causa da covardia de alguns, são nobres assim, como vocês, que preciso do meu lado e de meu filho. Agora que resolvemos a confusão que Odirsen II, que deus o tenha, causou. Podemos nos concentrar nos outros Lordes que não nos apoiam e conseguirmos que nos sigam pela força da palavra ou do aço.” ( E toca em Excalibur)

Merlim: “A antiga tradição do reino conta com a sua fidelidade! Pelo rei, pelo reino e pela grande mãe. Os espíritos me contaram que vocês enfrentaram os seus medos. Mostrem o presente que as fadas lhes deram.”

Quando mostram a planta seca, Merlim levanta se aproxima e sobre põe a palma da mão direita nelas que ficam verdes e vivas novamente até que se retorcem em forma de um pequeno dragão e caem no chão se transformando em sangue imprimindo o desenho na terra. Merlim olha preocupado.

Todos os presentes ficam em silêncio.

Rei Uther: “Não vamos deixar que isso nos deixem preocupados. Estamos no caminho certo. As nossas crenças estão vivas graças à vocês. Só nos resta agora defender Logres e unir todos em um mesmo ideal. Avalon está do nosso lado, a igreja cristã também. Não há o que temer. Por isso vamos exigir de Gorlois sua submissão a minha autoridade. Nem mais nem menos. Tenho um pedido para lhe fazer Enrick. Deixe-me cavalgar Hefesto. Preciso de um cavalo imponente como ele e veloz para intimidar meus inimigos. Obrigado senhores! Podem ir então Cavaleiros da Cruz do Martelo.”

Sir Enrick: “Será uma honra senhor!”

Na metade da manhã do quinto dia o exército formado por três mil homens levanta acampamento e segue para a Cornualha. O Rei, o príncipe, Merlim e a escolta real cavalgam à frente do exército com o estandarte dos Pendragon. Sir Enrick e o Barão Algar cavalgam lado a lado com os Cavaleiros da Cruz do Martelo e Sir Amig. Outra centena de cavaleiros cavalgam atrás do seu grupo, os escudeiros com as centenas de cavalos e carroças de provisões e armas vem depois e aí vem os arqueiros, os lanceiros, a infantaria leve, depois a pesada, os engenheiros e o séquito de sacerdotes, mulheres, médicos e vasculhadores de corpos. O caminho vai se estreitando até que chegam ao rio Parret ao anoitecer. Mais uma vez o acampamento é armado. Próximo da meia noite uma corneta soa no acampamento. E todos vêem duas sentinelas a cavalo escoltando um mensageiro com o escudo de Gorlois estampado no peito. Ele veste uma armadura prateada completa. Um escudo preto com um V invertido em vermelho e três cabeças de leão com as línguas para fora na mesma cor. Duas em cima em cada canto do escudo e uma no centro embaixo.

Sir Enrick: “Droga! Os três leões!”

Barão Algar: “Já começou! O destino é inexorável!”

Sir Arnald: “Sou Sir Arnald, Cavaleiro do Duque Gorlois. Trago uma mensagem urgente ao Rei Uther.”

Os homens vaiam. O Rei Uther com sua escolta se aproxima a pé do mensageiro.

Sir Arnald: “Majestade, o Duque propõe um combate para decidir essa disputa. Em campo aberto, sem truques. Ele propõe que deus decida através do combate justo quem tem razão. Vossa Majestade ou o Duque Gorlois. Ele aguardará com seu exército depois do almoço na nascente do rio Parret.”

O Rei Uther: “Pois bem Sir Arnald! Avise aquele desgraçado que me espere e que se for preciso o enviarei para conversar diretamente com Deus para resolver o problema. Lembre o Duque que traidores não terão misericórdia sobe minha espada.”

Todos ficam em silêncio enquanto o Rei Uther sai irritado, com os olhos cheio de raiva e recolhe-se na sua tenda. Os homens ouvem o rei xingando e quebrando tudo dentro da tenda real.

Sir Amig: “Não faz nenhum ano que lutamos. Lá vamos nós de novo.”

Sir Bag: “Droga, nem me despedi da minha mãezinha direito.”

Sir Dylan: “Eu pensei que Gorlois fosse querer negociar sobe a pressão de Uther. Parece que ele é bem valente.”

Sir Dalan: “Dizem que Igraine a mulher dele é um pedaço de mal caminho.”

Sir Enrick: “Chega de se meter em confusão por causa de mulher Dalan. Seu nariz agradece.”

Sir Elad: “Homens! Estejam preparados. Teremos que lutar.”

Ao amanhecer o exército se prepara para iniciar sua marcha rumo a nascente do rio. O ritual é o mesmo. Escudeiros preparando cavaleiros e cavalos. Todos se armando. Arqueiros preparando suas flechas tendo cuidado de examiná-las uma por uma. O exército marcha e o caminho torna-se lamacento e pantanoso. Uma chuva forte por causa do calor torna a jornada mais difícil, O exército se desloca em fila indiana quando o rio entra na floresta. Então saem da área pantanosa e seguem a margem do rio cercada de floresta. Entre cruzando a pequena floresta, seguindo o rio pedregoso, eles podem avistar o exército inimigo em uma colina logo depois da nascente. São milhares de guerreiros em toda extensão do horizonte. Todos parecem preocupados.

Uther: “Atenção comandantes de unidade se posicionem com suas tropas. Cavalaria à frente!”

Os heróis, seu Cavaleiros e Sir Amig cavalgam e se posicionam na vanguarda e formam quatro linhas apertadas na margem do rio com trinta cavaleiros cada. O Rei Uther, Madoc, Merlim, Conde Roderick e Sir Elad estão à frente e no centro.

Uther: “Cavaleiros do rei apresentar armas! Marchar”

Uma parede de lanças, espadas, machados, martelos, manguais e massas de guerra surgem enquanto os cavalos começam a aumentar a velocidade.

Uther: “Cavaleiros da Cruz do Martelo comigo!”

Eles cavalgam ombro a ombro com o rei e sua guarda pessoal.

A medida que se aproximam da saída da mata Sir Enrick nota de cada lado escondido entre as árvores homens com armaduras empunhando espadas do lado direito e do esquerdo arqueiros prontos para atacá-los.

Mas o Rei Uther, espora Hefesto e sozinho cavalga corajosamente à frente do grupo com Merlim e vocês tentando o acompanhar. Enrick e Algar gritam para o Rei Uther tentando avisá-lo em vão.

Uther: “Uma terra! Um rei!”

Gorlois grita: “Justiça!”

Merlim grita: “Mostre a espada para eles”.

O Rei Uther já está bem à frente e para diante dos soldados do Conde Gorlois escondidos dos dois lados empunhando Excalibur, empinando Hefesto. Ela brilha na mão do rei mesmo à luz da manhã. A luz é tão intensa que revela as tropas escondidas no bosque, fazendo as armaduras do inimigo brilharem. Eles ficam sem ação. Suspiram assustados e recuam devagar, sem dar as costas, passo a passo. O duque de Gorlois olha preocupado para seus nobres que estão redor. Eles parecem assustados e boquiabertos. O rei para no vale entre a colina e o bosque. Merlim e os heróis finalmente chegam até ele.

Merlim: “Contemplem a espada da vitória! Forjada quando o mundo era jovem.”

O Duque Gorlois por um instante conversa com seus homens. Então ele e vinte Cavaleiros da sua guarda pessoal descem a colina e se aproximam. Eles para à vinte metros.

Duque Gorlois: “Se eu me render, o que ganho?”

O rei fica indignado e prepara uma resposta ácida. Merlim sacode a cabeça negativamente.

Então Uther diz: “Toda a terra daqui até o mar para proteger em meu nome. O seu único Rei Uther.”

O Duque grita: “Eu aceito!”

O Duque e o Rei se aproximam e dão as mãos. Os dois lados os exércitos comemoram.

Uther: “Homens! A paz está celada! Escudeiros, armar acampamento! Bebida e comida para todos. Comemorem pois não perdemos uma vida neste campo hoje. E logo vocês poderão voltar para as suas famílias.”

Imediatamente um grande acampamento é armado juntando os dois exércitos. Ao anoitecer Uther e Gorlois celebram na tenda real bebendo e conversando.

Os Cavaleiros da Cruz do Martelo estão reunidos conversando ao redor da tenda real, fazendo a guarda do rei junto com os guarda costas do rei e do Duque. Por todo acampamento os homens bebem junto com o inimigo, cantam juntos, dançam, riem.

Sir Amig: “Isso se resolveu muito fácil.”

Sir Dalan: “Mas acho que foi melhor assim. Milhares de vidas foram poupadas e as terras estão seguras.”

A noite passa e eles escutam Gorlois e Uther rindo e conversando. Quando surge os primeiros raios de sol Gorlois sai da tenda. Ele sai tropeçando bêbado.

Gorlois: “Escudeiros! Tragam meu cavalo! Arautos, mandem a corja levantar acampamento vamos embora.”

Então ele sobe em seu cavalo, a sua guarda pessoal, com cinquenta cavaleiros faz o mesmo. Esporando o seu cavalo o Duque Gorlois parte na frente e seus Cavaleiros o seguem. Duas horas depois seu exército também vai embora.

Então um mensageiro chega perto do meio dia quando todos os cavalariços e escudeiros preparam as carroças e cavalos de carga, recolhem as barracas de campanha e preparam-se para partir. Ele é levado na tenda do rei. Após alguns minutos o Rei Uther sai de lá e seu arauto toca um clarim. Todos fazem um círculo ao redor para ouvi-lo.

Rei Uther: “Atenção homens! Mensageiros de Lindsey nos enviaram um pedido de socorro. Os Saxões do norte estão pilhando e destruindo as aldeias do norte. Partiremos daqui algumas horas. Levaremos quinze dias até lá. O Duque Gorlois nos fornecerá mais tropas e comida. Preparem-se!”
Atravessando Logres pela estrada que leva ao norte o exército se coloca em marcha forçada. Os dias são puxados e os homens reclamam pela pouca alimentação, pelos dias chuvosos e pelo cansaço. Os camponeses ao longo do caminho são obrigados a ceder parte da alimentação o que também deixa todos descontentes. Se não fosse a presença do Rei as tropas já teriam dispersado ou se rebelado. Algumas brigas e assassinatos são registrados ao londo dos dez dias de marcha. No décimo dia a força chega em um dos Feudos do Duque de Lindsey. As plantações estão destruídas, os animais mortos, o castelo foi queimado. Os corpos dos camponeses e da família do nobre estão pendurados em uma árvore no alto da colina. Todos enforcados. Depois uma segunda propriedade teve o mesmo fim, uma terceira, quarta e todas as que eles atravessam, no caminho para o norte. Existem somente carroças abandonadas e corpos. Queimados, enforcados e torturados. A morte está por todo o lugar. Todos estão revoltados, o Rei parece ultrajado com o que vê.

Rei Uther: “Escutem todos! A primavera está acabando e o que restou nessas terras foi morte e destruição. Todos estão cansados e famintos. Se tivéssemos uma batalha agora perderíamos e a maior parte de nós morreria. Então eu peço para que cada comandante de unidade se separe com seus homens e caminhem para o norte cada um para uma região. Procurem escaramuças, o inimigo está em grupos separados pilhando o que encontra à frente. Só há morte por aqui e é morte que vocês deverão levar em meu nome a esses malditos, não façam prisioneiros! Vão e ao primeiro dia do verão voltem para as suas casas. Façam esse último sacrifício e tens minha palavra de que voltaremos em breve trazendo luto e morte para os Saxões! Sir Enrick e Barão Algar, preciso que me apoiem nesse ride em Lindsey. São o braço direito de meu filho, ou seja, são o meu braço direito também. Meus espiões informaram que Octa e Eosa, para ficarem com as terras de Wistan e Edwin, os saxões que o ajudaram a resgatar a sua mulher Algar. Os entregaram a Odirsen II em mais um trato sórdido que seu irmão fez em vida. Sim, eu sei de tudo que ocorre em meu reino garotos. Então, já sabem o que fazer, que isso seja mais um incentivo à vocês. Boa Sorte!”

Sir Enrick, o Barão Algar, Sir Dylan, Madoc, Bag, Amig, Jakin e Dalan partem pelos campos. Sempre cavalgando com os olhos no horizonte. Atentos a qualquer movimento. Por horas só vislumbram paisagem vazias. Mas a morte está presente. Corpos de mulheres, crianças, velhos e homens jazem pelo caminho. Os corpos femininos parecem terem sido todos violados. Muitos estão pendurados enforcados outros simplesmente com os abdomens abertos. Muitos decapitados e suas cabeças colocadas em lanças espetadas pelo caminho e o martelo no estilo saxão de Thunor desenhados em suas testas.

Barão Algar: “Que heresia!”

Sir Enrick: “Estão perto, os cadáveres ainda estão quentes. A fogueira próxima está em brasa e a seiva que sai das plantas amaçadas pelas botas ainda está viva.”

Sir Bag: “Vamos caçá-los!”

Subindo uma colina eles avistam lá embaixo uma pequena vila com umas dez casas. Fumaça levanta dos telhados, transformados em cinza, que foram queimados. Eles observam cinco saxões andando lá embaixo. Uma pilha com umas trinta pessoas ardendo em chamas existe no centro do local. Eles parecem mexer em um baú. Duas mulheres estão amarradas deixadas sentadas no chão enquanto outra é violada por um dos homens. Eles tem cabelos longos, barba, alguns são ruivos e outros tem cabelo pretos. Vestem armaduras de couro, tem escudos redondos, usam machados e elmos abertos. Vestem peles de urso pardo por cima da proteção de couro, até os joelhos, ficando com as pernas à amostra. Usam botas de pele.

Sir Amig: “Desgraçados! Atenção Cavaleiros! Cargaaaaa!”

Todos os Cavaleiros da Cruz do Martelo descem em velocidade pela montanha. São dois deles para cada bárbaro. Sir Enrick descendo a colina dispara duas vezes o arco matando dois inimigos. Jakin golpeia com seu mangual, primeiro derrubando o elmo de seu oponente enquanto Sir Bag arranca a sua cabeça com uma espada longa. Dylan usa uma massa e quebra a clavícula de seu inimigo. Sir Amig do outro lado lhe golpeia o queixo de baixo para cima com um martelo de guerra levantando o saxão do chão que gira e cai morto. Madoc nem precisa golpear, os homens sentados na fogueira são atropelados por ele e Jakin, os cavalos passam por cima deles como se não existisse ninguém ali. Eles morrem pisoteados instantaneamente.

Barão Algar: “Pô Enrick, deixe alguma coisa para eu me divertir!”

Madoc: “Vamos soltar essas mulheres. Escutem aldeãs, não viagem pela estrada, está seguro pelo lado oposto que viemos. Fujam e salvem suas vidas!”

Mulheres chorando: “Obrigado alteza!”

As mulheres partem se escondendo pelo campo e vão embora.

Sir Bag: “Sigamos em frente amigos?”

Anoitece e eles levantam acampamento. A noite passa. No horizonte podem ver o brilho de fogo refletido nas nuvens.

Sir Jakin: “Os bastardos devem estar saqueando mais uma vila! Usam as terras dos outros para sobreviverem. São como vermes os desgraçados!”

Ao amanhecer o grupo segue cavalgando pela planície, depois passam por uma série de colinas altas. Então eles avistam, em direção perpendicular, um grupo. Levam uma carroça cheia de coisas de valor como cálices de prata, pratos de estanho, braceletes de ouro, peles. Trinta crianças e mulheres caminham atrás enquanto uns vinte saxões caminham ao redor deles. Por vezes alguns deles os chicoteiam e cospem neles. Os Cavaleiros sinalizam um ao outro. Algar mostra com os dedos que são dois saxões para cada um deles. Eles esperam a caravana passar e em silêncio fazem uma curva à direita e vêem pelas costas do inimigo em uma carga veloz. Os saxões só os vêem no último segundo. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo vem em velocidade e numa passagem rápida matam mais da metade dos saxões. Na segunda passagem quase todos os outros também tombaram. Com as mãos para cima tentando golpear os Cavaleiros da Cruz do Martelo os inimigos tem os braços e mãos arrancadas e ficam caídos no capim gemendo de dor. Outros saxões morreram atropelados. Os aldeões falam. “Obrigado senhores” , “Deus os abençoe Cavaleiros”, “Os homens do Rei nos salvaram.”

Mulher: “Vocês foram verdadeiros heróis senhores, os saxões já escravizaram centenas de aldeões. Os que acham que não aguentarão trabalhar eles matam sem piedade.”

Sir Dalan: “Senhores! Temos três dias até o Sabbath de Litha e aí poderemos ir embora.”
Sir Amig: “Mas antes precisamos fazer o nosso trabalho. Nunca se recusa um pedido do rei. Vamos em frente.”

Os homens cavalgam de dia e de noite acampam. Abatem alguns animais que acham no caminho para se alimentarem. Está garoando e fazem dois dias que não acham nem corpos de aldeões nem bandos de saxões. Até que escutam além do horizonte sons de gritos e de aço. Vêem colunas pretas de fumaça surgirem de trás de uma colina. Quando chegam no alto do pequeno monte eles vêem uma vila com umas cinquenta casas. Os moradores correndo de um lado para o outro gritando. Fumaça, os telhados em chamas. Gente caindo morta. Uns trinta saxões caminham por entre as casas, matando desde cachorros até mulheres, crianças, velhos e homens. A vila parecia estar enfeitada com flores, uma grande mesa no centro com muitas comidas e bebidas, agora, está virada no barro e na chuva. Uma grade fogueira, provavelmente ritualística, agora é usada para queimar os aldeões que são esmurrados e jogados no fogo.

Sir Jakin: “Coitados! Estavam comemorando algo!”

Sir Enrick: “Vamos em frente porque a cada minuto mais pessoas são mortas! Vamos! Atacar!”

Os saxões em maioria, quase três bárbaros para da Cavaleiro, se olham quando vêem os heróis se aproximarem. Um deles, com o rosto e cabelos cheios de sangue, enquanto mata uma mulher indefesa com seu machado cospe no chão olhando para eles.

Invadindo as trilhas por entre as casas Os Cavaleiros da Cruz do Martelo golpeiam com fúria. Arrancando cabeças, quebrando ossos e mutilando. Nenhum inimigo ali é páreo para enfrentá-los. Logo saxões jazem mortos por entre os corredores das casas e no centro da vila. Muitos aldeões estão mortos com as entranhas para fora. A terra está manchada de sangue. Mas os sobreviventes estão agradecidos. Algumas famílias se abraçam e outras choram. Algumas nem isso, todos foram mortos.

Padre: “Meus senhores! Graças a deus vocês chegaram e mandaram esses assassinos para o inferno. A maioria ia ser morto, as mulheres violadas e o restante levados como escravos. Os padres são os primeiros a serem mortos.”

Barão Algar: “Que pena, né?”

Aldeão: “É um milagre no dia do solstício de Litha! A deusa nos ajudou!”

O Padre fica calado.

Sir Amig: “Vocês estão dizendo que o solstício é hoje e não amanhã?”

Aldeão: “Sim meu senhor! Estávamos comemorando”

Sir Bag: “Então acho que foi um milagre mesmo porque já era para estarmos retornando para casa.”

Sir Amig: “Então Cavaleiros da Cruz do Martelo, cumprimos a nossa obrigação com o rei. Em breve estaremos em Sarum e teremos um belo casamento. Depois iremos caçar Octa e Eosa. Está pronto para partir Sir Bag? (Sim senhor), Sir Dylan? (Sim pai), Vossa Alteza? (Sim!), Sir Jakin? (Claro, senhor), Sir Dalan? (Sim meu Lorde), Barão Algar? (Estou pronto!) e Sir Enrick? (Sim!)”

Sir Amig: “Sim? Sim “o que” Enrick? Fala por favor? Do jeito que te ensinei!”

Sir Enrick: “Sim...Pa...Paizão!”

Sir Amig: “Isso guri! Então Cavaleiros da Cruz do Martelo sigam o paizão! Vida longa ao rei!”

E todos partem para Sarum cavalgando em velocidade, sumindo atrás das colinas de Lindsey.